O diabo dos detalhes

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Amy

Amy sentia a ponta dos seus dedos formigarem a medida que seu corpo ia despertando, o suave toque dos lençóis sobre seu corpo a aqueciam na medida certa. Ela estava sobre a tênue linha que separava o sono do acordar. A linha fora rompida quando um forte estrondo ecoou do lado de fora do quarto, a despertando por completo.

Vagarosamente ela abriu os olhos incomodados com a forte luz que adentrava por uma janela aberta, empurrou os lençóis para longe deixando que as lufadas de ar quente arrepiassem sua pele desnuda pela camisola.

O quarto estava iluminado e tinha um adocicado cheiro de velas aromatizadas que Amy fizera questão de comprar para espantar o odor enjoativo de lavanda e mofo.

Quando sentou-se na cama, caçou o relógio com os olhos, mas o que encontrou ali fora assustador. Sentado no pequeno sofá em frente a sua cama estava Lucifer, com um sorriso sereno nos lábios e um ar brincalhão.

Amy ainda esta de queixo caido e olhos arregalados quando puxou os leçois de volta para cobrir suas coxas desnuda.

— O que faz aqui? — Questionou confusa.

— Eu vim te buscar. Linda me disse que você tem consulta hoje. — Disse ele como se fosse obvio.

Lucifer se levantou do sofá e só então Amy notou que ele tinha um copo de café em mãos. Sem pedir permissão ele sentou-se ao lado dela na cama não se importando com o constrangimento dela ou com o rubor em suas bochechas.

Com toda a calma Lucifer abriu a tampa do café, remexeu os bolsos do seu paleto tirando de lá um cantil de prata. Ele sorriu antes de jogar dentro do café o liquido branco que claramente não era água. Estendeu o copo na direção dela com um sorriso tranquilo.

— Eu sou um ótimo amigo. Trouxe até café da manhã. — Disse tomando a mão dela e colocando o copo lá. — Agora beba.

Amy olhou aquele homem por longos segundos receosa com o copo em mãos oscilou olhar para ele, então bebeu. O gosto alcoílico apenas acentuava a cafeina da bebida o que deixava a mistura excitantemente deliciosa.

Sorriu depois de mais um longo gole, e estendeu o café para ele.

— Bebe também. — Disse com a voz rouca conduzida pelo sono que ainda a embriagava.

Mas o café alcolico realmente acordara as celulas de seu corpo.

— Se não se vestir vai nos atrasar. — Ele disse apontando o corpo dela.

— Minha consulta com a Linda é só no final da tarde. — Disse de modo ameno voltando a repousar a cabeça nos travesseiros.

— Mas eu tenho outros planos antes, e se nos atrasar vai estragar tudo. — Disse de modo convencido e Amy sorriu.

— Estou com preguiça Lucifer, e hoje é minha folga. — Ela disse de modo vagaroso e preguiçoso.

— Te dou outra folga. — Ele resmungou deitando-se ao lado dela na cama.

Amy riu virando-se para ficar frente a frente de Lucifer, prendeu seus olhos aos dele e sorriu . Tinha algo nas orbes de Lucifer que a hipnotizava, algo que a tirava fora da orbita e ela sempre se aproximava dele, mesmo que de forma involuntária, ele era ima e ela metal, ambos ligados e eles não eram capazes de entender ou se quer notar o vinculo que ali tinha.

— Não pode ficar fazendo isso. — Ela murmurou.

— Claro que posso, eu sou o dono.
— Sorriu convencido. — Você tem minutos Amy, ou entrarei aqui e colocarei uma roupa em você. — Ele disse.

Com toda a sua elegância, Lúcifer se levantou e caminhou para fora. Amy fez o mesmo se levantando da cama e caminhando até a cômoda, vestiu calças e uma blusa larga, colocou umas sapatilhas no pé e penteou os fios em desalinho.

Foi ao banheiro, e passou uma cor em seus lábios após escovar os dentes. Olhou seu reflexo e sorriu minimamente.

Sua pele clara parecia mais viva, seus cabelos brilhavam mais, e seus olhos estavam mais claros. Ter fugido de todo o abuso claramente lhe fizera bem.

— Cansei de esperar. — A voz de Lúcifer soou do outro cômodo.

Amy foi até o quarto, e assim que os olhos dele encontraram o dela, ele sorriu.

— Pensei que teria que vesti-lá. — Disse de modo ameno, mas então seus lábios curvaram-se em um sorriso malicioso. — Não seria má idéia. — Disse com o seu sotaque acentuando o duplo sentido da frase.

Ele sorriu quando assistiu Amy corar de forma adorável. Então caminhou até ela e lhe estendeu a mão.

— Podemos ir? — Ele questionou de forma natural.

Amy sorriu e tocou a mão dele com a sua. Ela nunca pensava muito quando se tratava de Lúcifer, ela simplesmente confiava e ia. Tinha algo nele que a fazia querer ficar próxima, ela se sentia segura, amparada e de certa forma feliz.

(...)

— Onde estamos indo? — Ela questionou ao ver o céu azulado no horizonte.

As árvores rodeava a estrada dos dois lados, havia um leve aroma de grama molhada e terra pairando pelo ar.

Los Angeles ficava para trás enquanto o carro prosseguia na estrada sem fim. Vez ou outra um carro passava, mas na maior parte do tempo a estrada estava vazia.

— É uma surpresa. — Lucifer disse sem tirar os olhos da estrada.

— Vou perder meu horário com a doutora Linda. — Amy disse olhando seu relógio.

— Você marca outro dia. — Ele disse.

Amy revirou os olhos, mas por fim deu de ombros. Encostou a cabeça no banco, e aproveitou aqueles minutos de silêncio para apreciar a paisagem.

Quase uma hora depois, Lúcifer parou o carro em frente a uma grande construção, os três andares da mansão eram de madeiras, tinha uma bela varanda nos dois andares de cima haviam sacadas.

Lúcifer e Amy andaram sobre o cascalho barulhento e Amy sorriu com a fonte que se encontrava no centro da entrada, onde no topo uma estátua de um anjinho que jorrava água de um cesto, mas Lúcifer fez uma careta.

— Isso é até uma ofensa. — Resmungou arrancando uma risada de Amy.

Eles entraram na mansão, Amy olhava os detalhes da casa, a cozinha estava equipada e havia alguma mobília antiga e empoeirada na sala que no centro havia uma escada também de madeira, mas a mesma estava decorada com velhos enfeites de natal e luzes pisca-pisca que não funcionavam.

— É uma linda casa. — Amy disse e sua voz deixava claro seu fascínio.

— É para um novo projeto meu. — Ele disse a levando para o segundo andar.

— O que pretende fazer aqui? — Ela questionou.

Eles entraram em um quarto, a cama ainda estava ali, mas seguiram em direção a sacada que oferecia uma visão privilegiada dos fundos da casa, onde tinha uma pequena praia exclusiva que tinha como único acesso o quintal da casa.

— Aqui vai ser uma clínica de reabilitação gratuita. — Ele comunicou e ela sorriu. — E como estou ocupado com a Lux, vou precisar de alguém de confiança para colocar isso aqui em ordem. — Ele sorriu para ela, mas seu sorriso morreu em seus lábios pois ela não havia entendido ainda. — Essa pessoa é você.

Então ela virou-se para ele, e sorriu abertamente. Lúcifer tinha os olhos presos naquele sorriso, e para ele, aquela luz que emanava dela era muito melhor que o céu.

Divine Heart (Lucifer)Onde histórias criam vida. Descubra agora