Divine Heart (Lucifer)

Inferno

Amy

O

frio era cortante, e eu podia senti-lo em meus ossos, queimando me como fogo gélido.

Havia uma finita escuridão a minha frente, e era como se eu pudesse toca-la, ela tomava forma diante dos meus olhos enquanto minha mente confusa separava realidade da ilusão. Lucifer, meu pai, a arma e então a dor, tudo em um milésimo de segundo.

E então eu não estava mais na escuridão, eu estava em um lugar frio e escuro, com um silêncio perturbador ao meu redor, e paredes que pareciam ranger.

Eu poderia estar morta ou apenas sonhando, mas aquele frio que congelava minha alma era o suficiente para eu saber que aquilo não era um sonho, aquilo era o inferno, mas ele era diferente de tudo o que um dia me foi ensinado, não tinha chamas, gritos de dores ou o cheiro de enxofre, ele era frio, seu chão acinzentado parecia neve queimando meus pés descalços, o único som que ali ecoava eram os dos meus passos.

Minha respiração suspensa e a ausência de qualquer sentindo em meu corpo me fazia ter certeza de que eu estava morta, e eu se quer conseguia me desesperar com essa conclusão ou com o fato de estar no inferno e não no céu como eu sempre havia sonhado e planejado, mas eu estava em paz, era como se aquele frio já fizesse parte de mim, ou como se aquelas paredes frias e eu já tivéssemos histórias, era como estar em casa de uma forma impossível de explicar.

Milhares de portas surgiam a minha frente, mas eu apenas seguia reto deixando que meu instinto me levasse. Se eu estava realmente morta não havia maneira de reverter aquilo, afinal eu ainda era apenas uma humana.

Eu cheguei a um lugar cicular vazio, cercado de pequenas estradas que me levariam a mais portas, mas algo ali me chamou atenção, ergui meus olhos seguindo a gigante pilastra que no final das contas parecia apenas um trono.

O trono de Lucifer.

Algo gritou em minha mente, e eu dei mais uma passo porquê aquele lugar me chamava. Eu estava mais forte, aquele lugar fazia o frio cortante se tornar fogo, e eu pude sentir todo o meu sangue ferver entrando em erupção.

Mais um passo e então uma rachadura surgiu no chão, no centro dela uma luz vermelha que vibrava diante dos meus olhos como energia viva. Mais um passo e a rachadura se estendeu e eu entendi que ela era minha guia.

Caminhei por sobre a rachadura deixando que ela me próxima ao trono, e então o chão se abriu e diante dos meus olhos se ergueu uma nova pilastra que tinha a mesma altura do trono e...

Era outro trono!

O frio voltou para as minhas veias ao mesmo passo em que eu senti meu corpo enfraquecer, meus pés já não sentiam mais o chão. Eu era apenas uma sombra pairando etérea ali, pois algo me puxava para longe daquele lugar e eu apenas me deixei levar assistindo os tronos desaparecem junto com o inferno.

Então apenas a escuridão finita parecia me acolher, mas meu corpo sentia um toque acolhedor, e eu podia respirar novamente mesmo que aquilo não tirasse o incômodo em meus pulmões ou a dor em meu peito, mas eu podia ouvir com clareza uma voz e eu sabia perfeitamente de quem era.

Minha mente divagava entre a inconsciência e a realidade, eu estava cansada demais para reparar sonho e realidade, afinal, eu estava morta ou não? Ou como Lázaro eu ressuscitei?

Abrir os olhos era difícil, um tanto dolorido já que minha cabeça doia. Respirei fundo tateando o chão e alinhhando minhas memórias, e então eu lembrei da rachadura e da luz vermelha e de como ela trouxe calor para o meu corpo, e eu chamei por ela, e eu pude senti-la vindo da terra e entrando pela ponta dos meus dedos, tomando espaço em meu corpo, correndo minhas veias como fogo vivo, dissipando toda dor e confusão. Eu estava viva.

E eu finalmente pude abrir os meus olhos e encontrar os dele, a paz que dominava o meu ser vinha dele e do toque gentil de suas mãos em minha pele. Eu estava em casa. Minha casa era Lucifer.

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Notas da autora: Depois de anos ela surge na maior cara de pau pra postar capitulo, mas eu tenho uma boa justificava!
O isolamento não nos protegeu 100% aqui em casa, e acabamos pegando o covid mesmo com todos os cuidados, não foi nada demais, porém minha mãe precisou ser internada e eu não tinha cabeça alguma para escrever, mas agora que as coisas estão se ajeitando eu tirei um tempinho para atualizar essa fic!

Agora sobre o capítulo; O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
Muitas teorias certo? Me contém suas teorias e eu vou tentar esclarecer as coisas... sem spoiler é claro!

Eu juro voltar mais rápido desta vez!
Usem álcool em gel e máscaras, lavem as mãos e fiquem em casa se puder. Essa doença não é brincadeira!