Deus escreve certo...

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Amy

Ao me sentar nos sofás de couro, eu pude respirar profundamente, agora livre de todo o peso que dificultava meu caminhar. Meu pai agora não era mais uma sombra em meu caminho.

Encarei o céu escuro pontilhado com milhares de estrelas brilhantes pelas janelas da cobertura.

Enquanto eu encarava a lua eu terminei de fazer a denúncia anônima que ajudaria a livrar as mulheres daquela seita. Elas mereciam provar tudo o que eu estava provando. Elas precisavam conhecer a vida que todas mulheres mereciam, com liberdade, amigos e homens incríveis que valiam a pena conhecer.

Pousei meus olhos em Lucifer e sorri. Ele definitivamente era um desses homens. Fechei meus olhos e me permiti levar pela melodia que ele dedilhava suavemente no piano, que preenchia o ambiente de vida.

- Você está bem? - Eles questionou quando cessou a melodia.

Abri meus olhos e mesmo distante encontrei os seus. Suas íris me traziam paz, então sim, eu estava bem, porque ele estava ao meu lado.

- Sim. - Murmurei me levantando.

Caminhei até o piano e me escorei levemente contra o próximo apenas para me aproximar mais de Lucifer, que por sua vez sorriu de canto.

- Eu pensei que quando a adrenalina passasse você iria surtar por ter ido ao inferno, por isso te trouxe para cá. - Ele sorriu. - Mas eu estava enganado. Você sempre me surpreende Amy.

Lucifer se levantou e deu alguns passos, apenas para pegar a garrafa de uísque e servir a bebida em dois copos. Enquanto eu continuava ali parada, me permitindo mergulhar em minhas memórias, investigar meus sentimentos e procurar alguma parte de mim que estivesse realmente surtando com minha ida ao inferno, mas não a encontrei. Era como se o inferno fosse uma parte natural de mim.

Peguei o copo das mãos de Lucifer e bebi um gole sentindo o álcool acordar meu corpo.

- Eu não sei como explicar, mas o inferno não me assusta. - Murmurei entre um gole e outro. - É como se eu já estivesse estado ali antes.

- Você deve ser um tipo de brincadeira do meu pai. - Ele murmurou com um sorriso de insatisfação. - Você é perfeita demais para só existir.

- Bom eu certamente fui criada por ele, mas eu não acho que ele seja o responsável pelas minhas atitudes. - Expliquei tomando o último gole da minha bebida. - Ou você realmente acredita que se ele quisesse te punir ele colocaria alguém como eu no seu caminho? Alguém que realmente gosta de você.

Seu olhar pesou sobre mim e só então notei o que eu havia feito. Eu acabei de confessar meus sentimentos - ou parte deles. Sorri tentando esconder o nervosismo e me aproximei mais um passo dele que assim como eu estava escorado no piano.

- Ele fez isso com a Chloe. - Ele murmurou e pareceu irritado com aquilo.

E eu o entendia. Devia ser horrível achar que alguém manipulava a sua vida ao seu bel prazer, mas eu tinha certeza que o pai de Lucifer não era um carrasco como ele pensava.

- Deus escreve certo por linhas tortas. - Citei o ditado que meu pai tanto odiava e sorri.

- Realmente acredita nisso? - Ele questionou de modo surpreso.

Divine Heart (Lucifer)Onde histórias criam vida. Descubra agora