Capítulo 31

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Olhei para o meu sanduíche e pensei que aquilo não me faria tão mal quanto meus problemas tem feito. Antes uma reclamona de barriga cheia do que com fome. Abri a minha lata de coca-cola e passei os olhos pelo rotineiro restaurante cheio, ouvi um barulho na mesa e olhei rápido a chave de um carro voar em cima da mesma. 

— Quanta delicadeza — Reclamei. 

— Você tomando refrigerante? Comendo esse sanduíche imenso? O que aconteceu? Algo deu errado? — Ele riu da minha cara ao se sentar de frente para mim.

— Olha aqui — comecei irritada — A sua namorada pode chegar a qualquer momento e ela não gostaria nada de te ver sentado na minha mesa. Melhor você esperar alguém sair e reservar uma mesa para o casal. O que você acha? — Sorri cínica. 

— Não acho, só sinto. Sinto cheiro de ciúmes — Continuou sorrindo largo, com aquela cara lerda de sempre. 

— Não me faça perder o apetite — Mordi pela primeira vez meu sanduíche. 

— Eu ainda acho que quando você sair daqui vai ter dificuldades em andar, esse sanduíche não cabe dentro do seu estomago — Guilherme soltou uma gargalhada. 

— Imbecil — Olhei-o sem paciência para discussão. 

— Não fala de boca cheia, você fica feia e mal-educada.   

— Você sempre foi e nem por isso eu jogo na sua cara. 

— Pode falar que você está se mordendo de ciúmes. 

— De você? Bem capaz... — Ri com dificuldade pois acabara de morder mais um pedaço daquele sanduíche.

— Como se você me enganasse com esse sorriso cínico — Me analisou por alguns segundos e eu respirei fundo. 

— Me deixa almoçar em paz, vai guardar uma mesa pra sua namorada, ela deve estar chegando.  

— Ela senta com a gente — sorriu alegre — Eu não vejo problema nenhum nisso, você vê, Mari?

— Nossa que sanduíche gostoso, será que tem como fazerem um pra viagem? — Virei os olhos após crer que estava conversando sozinha.

— Gorda — Ele riu percebendo meu desprezo. 

— Cafajeste — Rebati reclinando meu corpo para mais perto da mesa.

— Prefiro que me chame de gostoso. Porque pelo menos eu não estou comendo um sanduíche de mil calorias. 

— Pelo menos eu não namoro uma sonsa. — Quando percebi, já era tarde demais para pensar.

Parei de falar e encarei Guilherme. Ele havia se levantado da mesa para ir embora e eu achei mesmo que fosse. Só achei, porque ele se sentou novamente sem dizer nada e eu pude nos ver brigando pela eternidade depois de ter falado isso. 

— Já ouviu falar em ciúmes? — Me encarou novamente risonho. Tentava de todas as maneiras me convencer de que não estava explodindo de raiva por dentro.

— Tudo pra você é ciúmes, troca o disco garoto. — Sorri convencida e lhe fiz ficar ainda com mais raiva.

— Eu te fiz uma pergunta — Rebateu sem sorrir.

— E você, já ouviu falar em desconfiança? Caso você encontre a sua, pode se levantar e sair — Respondi ao sentir meu sangue ferver dentro do meu corpo. 

Guilherme pegou a chave do carro em cima da mesa e depois deu as costas dali sem me responder. Agradeci em pensamento já que não suportava mais vê-lo andando feito um cachorro sem dono atrás de mim, enquanto sua namorava esbravejava pelos quatro cantos como o namoro deles era perfeito. 

Meu nome é cafajesteOnde histórias criam vida. Descubra agora