Meu nome é cafajeste

Capítulo 15

Com o passar das semanas, minha amizade com Guilherme se fortaleceu. De tal forma que ele sempre gostava de me perturbar mandando uma mensagem antes do meu horário de almoço só para ter certeza se podíamos almoçar juntos para discutir mais um pouquinho sobre nossas inúmeras divergências. A verdade é que a gente não podia fazer nada juntos sem quase sair nos tapas. Sempre muito petulante e metido, andei me perguntando incansáveis vezes o porquê de ainda aceitar ser sua companhia. Alguns motivos que anteriormente me faziam sentir vontade de me afastar dele, já haviam ficado banais. O fato dele ser de uma classe social muito distante da minha e popular demais entre as calouras da faculdade, ficaram em segundo plano, quando pude ver a pessoa maravilhosa e carismática que ele é. Confesso que seja completamente possível uma leitura de Guilherme como o tipinho mais indecente e errado de garoto, mas é um bom amigo e ouvinte. Ainda que seja um chato.
Sobre Bruno, ele acabou me perdoando por aquele dia. Soube que Guilherme e eu somos grandes amigos e que, eu ter saído pra comer um hot dog na noite com o meu amigo, só me fazia mais um pouco louca e diferente de todas as garotas que ele já havia conhecido. Palavras dele próprio. A gente acabou saindo mais vezes juntos. 

Dois meses depois...

Eu sempre tive um grande sonho e todas as pessoas que me conhecem a fundo, sempre souberam dele. Tinha o sonho de me casar. De véu e grinalda e em uma igreja decorada com muita jasmim, aquela flor que é a cara de um casamento. Chegado o grande dia, eu estava há poucos minutos de entrar na igreja. A música era linda e a decoração que eu conseguia enxergar, estava impecável. Todos os amigos que esperei ter perto, estavam ali por mim, a minha família também veio do interior. E sem dúvidas alguma, eu era a mulher mais feliz do mundo. Estava me casando com alguém que eu amo muito e que faz meu coração bater tão forte, que seria capaz de sair pela boca se demorassem mais alguns segundos para a hora tão esperada. O nosso momento. Meu vestido longo e branco tinha seus detalhes em pedraria e encantava a todos por perto. O véu era tão grande, que perdia de vista. Minha madrinha era Ana Luíza, minha melhor amiga. Ela me sorriu feliz, me passando a confiança de que eu não poderia estar menos realizada por estarmos aqui. Ele, me esperava sorridente no altar, vestindo seu terno nada casual. À medida que eu passei pelos convidados, minha vontade foi de sair correndo da metade do caminho até o altar, para me juntar aquele homem lindo que me aguardava. Guilherme, por fim, estendeu sua mão para mim, para que pudéssemos ir até o encontro do padre. Me mexi inquieta e tentei prestar maior atenção naqueles acontecimentos.

 Que música é essa que está atrapalhando o meu casamento? Abri os olhos assustada, me despertei rapidamente e vi meu celular, aqui bem do lado do travesseiro, chamando sem parar. O visor mostrava claramente:"Guilherme"

— Por que demorou tanto a atender? — Resmungou assim que ouviu minha respiração.
Nos primeiros segundos continuei calada e sem reação. 

Acabei de sonhar que estava me casando com você, meu atual melhor amigo. As vezes somos sabotados pelo nosso inconsciente. 

— Eu estava dormindo, será que agora não posso nem mais dormir? — Me irritei, sentando na beirada da cama. 

— Acordou de mau humor, foi? — Escutei sua risada maldosa.

— Não, mas tive um sonho ruim — Me arrepiei ao lembrar do sonho.

— E sonhou o que? 

— Não te interessa, Guilherme — Respondi sem paciência.

A verdade é que não tive tempo suficiente de pensar em um sonho ruim e macabro para disfarçar. 

— Beleza, marrentinha. Preciso te ver, posso mandar meu motorista te buscar?