Segunda-feira, 08:17
— Guilherme, é sério — Tentei acompanhar seus passos longos.
— Eu já falei Mariana, a gente não tem nada pra conversar — Guilherme atropelou as palavras por andar cada vez mais rápido.
— Claro que temos, me ouve — puxei seu braço e abracei-lhe pelo pescoço — Dá pra me escutar um minuto, que seja?
— Eu tô meio sem tempo — Tirou minhas mãos do seu pescoço e voltou a andar em direção ao seu bloco.
— Qual é, Guilherme, vai dar um de difícil logo agora? Olha para minha cara, eu lá sou mulher de correr atrás de homem?
— Não — respondeu irritado — Não sei nem porque está correndo atrás de mim.
— Porque você é o homem da minha vida — respondi em alto e bom tom.
Guilherme parou imediatamente de caminhar. Acho que tomou um susto. Não me intimidei, continuei a proferir o diálogo quase montado em minha cabeça.
— Larga de ser babaca, mal cabe tanto amor dentro de mim. Mas você está acostumado a ter mulheres se humilhando por você, não é sempre assim? Pois eu sou diferente, quis te mostrar que não sou seu cachorrinho. Da mesma forma que você sabe jogar, eu também sei. Da mesma forma que você saberia me usar, eu também sei.
— Acontece que você esculachou meus sentimentos. Primeiro você me fez acreditar que pelo menos uma vez na vida, eu poderia levar alguém a sério. Me fez acreditar que você me amava. E depois... Se fosse pra eleger quem foi que que usou quem, você ganhava disparado.
— Eu te amo muito, seu idiota. — Limpei as lágrimas que escorriam dos meus olhos — Eu nunca amei ninguém como eu amo você, eu nunca senti tanta vontade de agarrar um cara como eu sinto quando eu te vejo. Eu só queria te testar, desculpa se eu fiz isso da forma mais cruel possível. Eu queria devolver na mesma moeda, queria te mostrar que não se deve usar alguém.
— Eu não quero acreditar em você — Ouvi sua voz embargada. Guilherme virou o rosto ao tentar disfarçar que também sentia vontade de chorar.
— Quer prova maior do que eu estar aqui? Quer que eu grite pra todo mundo dessa universidade ouvir que você é o canalha que eu amo? O Cafajeste da minha vida? — Abracei-o mais uma vez e dessa vez ele correspondeu.
— Para com isso. Você está sem aproveitando de mim só porque eu não sei lidar com a situação de te desejar demais.
— Quer furada maior do que amar um cafajeste? — Soltei uma risada bem no pé do seu ouvido.
— Beleza, vamos lá — Guilherme soltou seu corpo do meu. Notei que ele limpava o canto dos olhos com cuidado para que a lágrima não escorresse. Eu me dividi entre dar risada daquilo ou guardar só para mim.
— Eu planejava que fosse algo melhor — suspirou — Mas não dá mais para esperar. Você aceita namorar comigo? — Me encarou preocupado. Senti meu estômago enjoado e forcei os olhos para que aquilo não tomasse conta de mim.
— Claro que eu aceito — Juntei nossos corpos com pressa. Nossos corações já pareciam estar sincronizados ao bater.
Guilherme empurrou com delicadeza o cabelo que escondia o meu rosto e fez questão de me beijar no meio do campus movimentado de gente. Eu não queria ter que soltar daquele abraço-beijo nunca mais. Sentia como que se estivesse vivendo algo nunca vivido antes. E de fato, nunca havia presenciado um amor tão intenso e pulsante. Eu e Guilherme sempre combinamos em tudo e não vou mentir que já tinha imaginado a gente vivendo uma cena romântica por aí. Afinal, eu não poderia sentir aquele ciúme todo dele com Julia atoa.
— Eu te amo — Ouvi sua voz bem pertinho do meu ouvido — Te amo muito minha marrenta.
— Te amo muito meu cafajeste.
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Capítulo de hoje é pequeno, mas eu juro que amanhã tem mais. E aí, será que agora esse casal se acerta?
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Meu nome é cafajeste
Romance"Quando se acredita muito em amor, é ideal imaginar que o amor da nossa vida, aquele que ainda há de aparecer, chegará montado em um cavalo branco, será lindo como um príncipe e cortês com um rei. Difícil é acreditar que aos vinte anos de idade, cur...