Capítulo 33

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Guilherme


Toquei uma, duas, três vezes. Ninguém atendeu. Olhei para o meu celular, encarei as horas. Contei os passos até o final do corredor e depois voltei para tocar novamente a campainha. Ouvi o barulho da chave girando e em seguida a maçaneta,  já podia me dar por feliz. 

— Ah, você — Ela fez cara nojenta. Não que costumasse ser simpática.

— A Mariana está por aí? — Eu sorri simpático, afinal eu sou.

— Nem por aqui, nem por ali — Continuou me encarar com nojo. Ana é a primeira mulher que age com soberba na minha presença. Ela deve mesmo me odiar.

— Sabe o que é... — bufei inquieto — Eu preciso muito ver ela.

— Olha aqui... — Ela começou a falar, mas eu estava tão nervoso que não deixei que continuasse.

— É sério Ana, me ajuda, vai. Se você me der essa chance, eu prometo não estragar tudo. — Pedi com o coração apertado.

— Guilherme, eu acho que a Mariana não quer te ver — Sua expressão se manteve séria. Eu achei interessante o fato dela saber meu nome, porque antes de chegar aqui, eu mal me lembrava se ela tinha cabelos claros ou escuros.

— Eu preciso falar com ela, mas que inferno! — esmurrei a parede sem controlar tudo aquilo que eu sentia — Por favor, me deixa entrar. — pedi mais uma vez.

— Ela não está aqui. A Mari foi até a praia, ela chegou um pouco estressada e resolveu sair para relaxar. — Quando Ana concluiu o que dizia, eu abri um sorriso largo e dei dois passos para sair dali. Ela me impediu, se aproximou para segurar o meu braço. 

— Escuta aqui... — apertou meu braço — Não vai fazer nenhuma burrada, beleza? A minha amiga não tem culpa de você ser um canalha e se você terminou com a sua namorada, ela não é a pessoa certa pra te consolar. — Seus olhos transpassavam sua raiva por mim. 

Ana parecia estar presente nas últimas horas da minha vida, presente na minha última briga com a Julia. Sabia exatamente o porquê de eu estar aqui. Ela sempre me pareceu estranha demais, sabida demais. Ou talvez, só tenha um dos melhores instintos femininos que eu já vi na minha vida.

— Valeu, agora pode soltar meu braço, por favor? — Pedi sem graça.

— Ah, posso — suas bochechas ficaram vermelhas — Vê se não estraga tudo mesmo e vai logo... Ela deve estar te esperando — Sorriu por fim.

— Me esperando? Mas eu disse que ia viajar — Ergui uma sobrancelha confuso. Consegui ouvir meu coração batendo forte.

— Vai logo, não faz perguntas.

Corri até o elevador e percebi que ela tinha fechado suas portas, apertei o botão com pressa, eu tinha alguns segundos. Voltei correndo até Ana que continuava na porta.

— Valeu de novo, você é foda, garota. — Beijei sua mão e ela deu risada de mim. 

Eu estava todo atrapalhado, devia ter mesmo cara de palhaço.

O elevador abriu as portas e eu corri sem enxergar o que tinha na frente, atravessei a rua e logo fiquei descalço. Olhei para os lados, mas não foi difícil identificá-la. Deitada sob sua toalha laranja, não tão longe do mar, Mariana parecia ter paciência para ler um livro de duzentas páginas.

— Gui, você... aqui... — Mariana se surpreendeu. Me olhou com um sorriso que eu deveria arquivar entre os meus preferidos. 

— A gente precisa conversar. 

Meu nome é cafajesteOnde histórias criam vida. Descubra agora