Guilherme
Toquei uma, duas, três vezes. Ninguém atendeu. Olhei para o meu celular, encarei as horas. Contei os passos até o final do corredor e depois voltei para tocar novamente a campainha. Ouvi o barulho da chave girando e em seguida a maçaneta, já podia me dar por feliz.— Ah, você — Ela fez cara nojenta. Não que costumasse ser simpática.
— A Mariana está por aí? — Eu sorri simpático, afinal eu sou.
— Nem por aqui, nem por ali — Continuou me encarar com nojo. Ana é a primeira mulher que age com soberba na minha presença. Ela deve mesmo me odiar.
— Sabe o que é... — bufei inquieto — Eu preciso muito ver ela.
— Olha aqui... — Ela começou a falar, mas eu estava tão nervoso que não deixei que continuasse.
— É sério Ana, me ajuda, vai. Se você me der essa chance, eu prometo não estragar tudo. — Pedi com o coração apertado.
— Guilherme, eu acho que a Mariana não quer te ver — Sua expressão se manteve séria. Eu achei interessante o fato dela saber meu nome, porque antes de chegar aqui, eu mal me lembrava se ela tinha cabelos claros ou escuros.
— Eu preciso falar com ela, mas que inferno! — esmurrei a parede sem controlar tudo aquilo que eu sentia — Por favor, me deixa entrar. — pedi mais uma vez.
— Ela não está aqui. A Mari foi até a praia, ela chegou um pouco estressada e resolveu sair para relaxar. — Quando Ana concluiu o que dizia, eu abri um sorriso largo e dei dois passos para sair dali. Ela me impediu, se aproximou para segurar o meu braço.
— Escuta aqui... — apertou meu braço — Não vai fazer nenhuma burrada, beleza? A minha amiga não tem culpa de você ser um canalha e se você terminou com a sua namorada, ela não é a pessoa certa pra te consolar. — Seus olhos transpassavam sua raiva por mim.
Ana parecia estar presente nas últimas horas da minha vida, presente na minha última briga com a Julia. Sabia exatamente o porquê de eu estar aqui. Ela sempre me pareceu estranha demais, sabida demais. Ou talvez, só tenha um dos melhores instintos femininos que eu já vi na minha vida.
— Valeu, agora pode soltar meu braço, por favor? — Pedi sem graça.
— Ah, posso — suas bochechas ficaram vermelhas — Vê se não estraga tudo mesmo e vai logo... Ela deve estar te esperando — Sorriu por fim.
— Me esperando? Mas eu disse que ia viajar — Ergui uma sobrancelha confuso. Consegui ouvir meu coração batendo forte.
— Vai logo, não faz perguntas.
Corri até o elevador e percebi que ela tinha fechado suas portas, apertei o botão com pressa, eu tinha alguns segundos. Voltei correndo até Ana que continuava na porta.
— Valeu de novo, você é foda, garota. — Beijei sua mão e ela deu risada de mim.
Eu estava todo atrapalhado, devia ter mesmo cara de palhaço.
O elevador abriu as portas e eu corri sem enxergar o que tinha na frente, atravessei a rua e logo fiquei descalço. Olhei para os lados, mas não foi difícil identificá-la. Deitada sob sua toalha laranja, não tão longe do mar, Mariana parecia ter paciência para ler um livro de duzentas páginas.
— Gui, você... aqui... — Mariana se surpreendeu. Me olhou com um sorriso que eu deveria arquivar entre os meus preferidos.
— A gente precisa conversar.
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Meu nome é cafajeste
Romance"Quando se acredita muito em amor, é ideal imaginar que o amor da nossa vida, aquele que ainda há de aparecer, chegará montado em um cavalo branco, será lindo como um príncipe e cortês com um rei. Difícil é acreditar que aos vinte anos de idade, cur...