Capítulo 43

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Guilherme


Mariana estava bêbada, fora dos limites é a palavra certa. Flashs da última vez em que a vi nessa situação se passaram pela minha cabeça e eu me preocupei. Senti o suor escorrer. A última coisa que eu queria era vê-la dando chilique.

— Você — beijou meu pescoço — É — agora minha orelha — O amor — sua boca chegou até a minha bochecha — Da minha vida — Mordeu a mesma e eu lhe segurei para que não caísse.

— Meu amor, agora já chega. Já bebeu muito né? — Tomei o copo da sua mão e senti sua cara feia me encarando. 

Dos que consegui contar, foram três copos de caipirinha que minha namorada havia tomado. Era realmente preocupante.

— Só mais um pouquinho... — pediu birrenta — Eu nem bebi nada, esse é o meu primeiro copo.

— Primeiro, Mariana? — fechei a cara desaprovando a cena — Primeiro depois do décimo? Para né, vexame aqui não. 

— Cala a boca, Guilherme. — ela ficou brava — Meus amigos estão aqui, meus pais estão aqui. Todo mundo tá aqui, por que eu não posso me divertir? 

— Porque eu mando em você, agora chega de beber — Virei o resto da bebida que havia em seu copo e joguei-o fora. 

— Ta maluco? — Mariana me empurrou fazendo com que eu desequilibrasse — Você está estragando tudo — Cochichou perto de mim.

— Eu quem estou estragando tudo? Você bebe, fica toda alterada e eu sou o errado? 

— Você não tem o direito de fazer isso. Além do mais, você não manda em mim. É um intruso aqui — Deu de ombros ao se afastar um pouco.

— Como é que é? — Fui atrás dela que caminhava em direção ao bar. 

— Isso mesmo que você ouviu, intruso — Repetiu olhando nos meus olhos, enquanto eu já me sentia horrível por dentro. Como se não bastasse, ela continuou — Eu não pedi que você viesse comigo... Agora veio e quer me regular perto da minha família?

— Você está arrependida? — Perguntei olhando nos seus olhos. Ela demorou alguns segundos para responder.

— Estou — Soou em voz fraca. 

— Quer que eu vá embora? — Continuei. 

— Não quero. Só quero que você me deixe viver minha vida do jeito que eu bem entender. Sem se intrometer. 

— Você acabou de dizer que está arrependida de me trazer aqui. Eu não sei nem o que eu estou fazendo perto de você ainda... — Deixei Mariana sozinha ali e saí para caminhar pelo salão escuro e lotado de gente.

Antes de me distanciar por completo, consegui ouvir o seu grito com o barman.

— A mais forte que tiver... E rápido! — sua voz aguda ordenou com raiva.

Me sentei à mesa junto da família de Mariana e comecei a beber cerveja com o meu simpático sogro. Conversamos sobre carros, futebol e também o clima quente do Rio de Janeiro. Já estava ali há bastante tempo, já havia perdido as contas de quantos copos tomamos juntos e quantas vezes tinha dado risada de suas piadas de tiozão. Entre um copo e outro tentei ligar para Sofia, mas não consegui desbloquear meu celular devido ao efeito do álcool. Logo então desisti. Fazia um tempo que eu não via Mariana.

Quando saí para ir ao banheiro, caminhando sem pressa, senti uma mão fria tocar minhas costas. Me virei aliviado porque acreditei que pudéssemos resolver logo aquela palhaçada.

— Mariana, até que enfim né... Vamos parar de brigar, vai — Comecei a falar.

— Não é a Mariana — a morena sorriu para mim ao chegar mais perto — Vocês brigaram? — Me fitou preocupada.

— É, eu acho que todo casal briga — dei de ombros sem encará-la de volta — Mas essa é a nossa primeira briga desde que... — Tentei formular aquela frase confusa na minha cabeça. 

Encarei então a garota alerta, não me recordava muito bem dela, talvez fosse aquela amiga da Mariana que fui apresentado mais cedo, mas eu não prestei muita atenção. Diferente de algum tempo atrás, não me atentei em buscar traços que me chamassem atenção nela, afinal, a única mulher que eu queria, estava lá no meio da pista dançando feito uma maluca.

— Se eu fosse você não deixava barato... — Senti suas unhas percorrerem pelo meu braço. 

— E você está falando do quê mesmo? — Arqueei a sobrancelha sem entender, devia outra vez fazer parte do efeito do álcool. 

— Ela te joga pra escanteio e você fica aí, todo murchinho? Se eu fosse você estava me divertindo. E sem ela. 

— Eu estou bem, mas valeu morena — Agradeci com os olhos.

— Vai mesmo deixar a sua mulher se divertir no meio daquele tanto de homens e nem dar o troco? — Me encarou de boca aberta e expressão assustada. Eu gargalhei. Essa aí não sabe mesmo o que é amor. Muito menos o que é respeitar a escolha do outro.

— Ela não está dançando no meio de homem nenhum, ela só está se divertindo — Afirmei. Senti meu sangue ferver e eu respirei fundo. 

Conseguia ver nitidamente como Mariana estava se exibindo e o cara a sua esquerda não tirava os olhos do seu decote. Cogitei ir até lá dar um murro na cara dele, mas preferia me manter pacífico perto da família dela.

— Tudo bem, você é mesmo bem burrinho... — A garota gargalhou ainda de braços cruzados.

— O que você disse? — Arqueei a sobrancelha preocupado. Senti meu instinto falar mais alto.

Não podia deixar com que uma mulher falasse isso de mim. Eu não sou burro. Eu nunca fui motivo de chacota para mulher nenhuma, nem muito menos merecia ser taxado de passivo por alguma.

[...]

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Pessoal que acompanha, parece que vocês sumiram de mim! Alô? O que vocês acham que vai acontecer agora, hein? Confesso que estou ansiosa.

Meu nome é cafajesteOnde histórias criam vida. Descubra agora