Babá Perfeita

• Dezoito

Por muitos anos ouvi dizer que o amor muda as pessoas, as modifica lenta e perigosamente.

E eu nunca acreditei, até por que eu jamais havia amado alguém, apenas gostado, e se só gostando eu sofri tanto imagine amando, mas naquela época eu jurava que tudo que eu sentia era o tão famoso amor, o qual eu só sentia por minha família, por Sofie e sua família já que eles sempre foram os que me amaram e cuidaram de mim.

A quase um ano atrás eu nunca acreditaria que encontraria um amor, pois eu estava focada em só ganhar meu suado dinheiro e viver do jeito que Sofie e eu sonhamos.

Mas agora eu aqui sentada em frente á minha mesa do consultório ouvindo Olivia falar dos sentimentos dela notei que para uma psicóloga eu sou bem mimada e sentimental de mais, o que não combina nem um pouco com a profissão que eu escolhi exercer em minha vida.

── Sabe doutora, eu já pensei em suicídio umas cem vezes do caminho de casa até aqui, diversas formas de morrer, mas o que me impedia eu não sei, porque eu não tenho mais motivos pra estar aqui nesse inferno, sempre que eu me olho no espelho eu tenho nojo do que vejo, do que me tornei, tudo poderia ter sido diferente se alguém tivesse me ajudado, mas mais uma vez ninguém viu nada. ── Olivia chorava encarando seus braços cheios de cicatrizes algumas já quase apagadas e outras recentes, doeu meu peito por saber o que aquela menininha de 16 anos estava passando, sua mãe não via que seu padrasto a molestava bem debaixo do seu teto, sua mãe a culpava por tudo na casa, pela separação e até por estar tendo que pagar um psicólogo para a menina, já que segundo ela não iria resolver nada, Olivia não conhecia seu pai verdadeiro já que sua mãe a proibiu de procurar.

Seguro em suas duas mãos e acaricio seus dedos calmamente e sorrio reconfortante pra jovem a minha frente.

── Meu trabalho aqui é ouvir vocês e ajudá-los a passar por todos esses tormentos e dores que sentem ── Olivia concorda e suspira, ergo seu rosto em direção ao meu e sorrio lhe passando conforto ──  meu amor nada disso é culpa sua, você é linda, uma menina incrível, que terá um futuro divino pela frente, você é nova ainda, vai passar por inúmeras provações nesse mundo gigante, e eu sei por que eu tenho fé, você vai ser mais uma mente brilhante dentre vários pelo mundo, sua alma é pura e só cabe a você decidir o que fará com ela, mas pense comigo, no momento isso não irá resolver nada, certo? ── ela concorda timidamente ── eu sei que eu não posso e nem deveria, pois isso está fora das éticas do hospital, e eu tenho até o risco de perder meu emprego, mas eu vou te ajudar tudo bem? Irei achar seu pai e te tirar desse lugar que te faz mal ── vi seus olhos brilharem e um sorriso lindo se formar em seu rostinho angelical ── mas me prometa que vais se esforçar no colégio, vai se alimentar bem e cuidar da sua saúde enquanto isso, e principalmente deixar de lado as malditas lâminas, sei que pra você pode ser uma coisa que te faz de alguma forma deixar de sentir as dores do resto e focar só no atual, mas isso no momento está fora de alcance tudo bem? ── ela concorda e me abraça apertado me pegando desprevenida, porém a abraço forte também.

Depois que Olivia saiu do consultório peguei sua ficha e as coloquei na minha pasta, já que levaria pra casa e conversado com o advogado ranzinza pra tentar me ajudar.

Quando deu meio dia e meia eu ia saindo do hospital e seguindo pra casa de Mike ficar com Lia e matar a saudade da minha bolinha, não sei como era possível sentir tanta falta dela sendo que via ela todos os dias.

Adentro a mansão sentindo um aroma maravilhoso tanto que minha barriga até roncou, e ali na mesa de jantar estava minha mãe, Luan e meu pai junto de Sofie e seu namorado, a família de Mike e minha filha no colo do pai.

── Boa tarde família busca pé ── dou um beijo no rosto de cada um presente ali e pego Amélia do colo de Mike que incrivelmente não estava com seu famoso terno, estava de bermuda e camisa polo preta e Jesus que visão dos deuses ── oi meu amor, e você? Como você tá, minha princesa? Huh ── Mike me encarava sorrindo e eu sorrio de lado pro mesmo que colocou sua mão direita sobre meu joelho acariciando lentamente me causando leves rajadas de arrepios.