5 - Mensagem

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Kazuo acordou e olhou para o relógio que marcava exatamente 03:45. Não queria levantar da cama, mas ainda trabalhava naquele hospital e sabia que precisava ir.

Levantou pensativo e, enquanto tomava seu banho, pensou sobre o cartão que entregou a Luana. Havia sido intrometido? Ele ultrapassou os seus limites? E se ela, por essa razão, o evitasse agora? Poderia ter criado um turbilhão de confusões, mas ele sabia que precisava entregar a ela.

Soube reconhecer a dor pelo seu olhar. Era um olhar que só quem sentia uma dor assim reconhecia e, afinal, aquele lugar estava o ajudando também. O caso do pai dela tinha mexido com ele, tinha o desestabilizado. É verdade que talvez isso se devesse à situação em que sua vida pessoal se encontrava naquele dia. Já haviam se passado quatro meses, e ainda não sabia como lidar com o divórcio. A dor que sentia era tão grande que seu peito sufocava e, junto com a água que caía em seu rosto, as lágrimas escorriam desesperadamente. Pensou que após um ou dois meses a dor iria diminuir, mas os dias passavam e tudo aumentava. Sua dor o esmagava, e isso foi o que o conectou a ela, a dor que sentiam.

Enxugou o rosto e olhou-se no espelho. Seus olhos vermelhos, tão pequenos e inchados, demonstravam um pedaço da sua dor. Enrolou-se na toalha e começou a se arrumar. Pensou em comer algo, então abriu a geladeira e, por alguns instantes, parou. A geleia de ameixa favorita de Jaqueline continuava ali.

— Amor! Preciso que passe geleia na minha torrada! Estou atrasada! — Ela havia falado enquanto passava por ele ainda de toalha.

— Você sempre está atrasada. — o Kazuo de seis meses antes respondeu enquanto passava geleia na torrada.

— A razão do meu atraso sempre é você — Ela o beijou. — Você não vai comer também?

— Sabe que detesto geleia de ameixa. É horrível! — ele fez uma tremenda cara feia. — Eu espero que nossos dois filhos não tenham seu gosto horrível, que puxem apenas a sua beleza.

— Vamos! — Ela pegou a torrada e a colocou na boca — Você vai me deixar no hospital, certo?

— É claro! É caminho para o seu...

"É caminho para o seu..."

Kazuo disse baixinho ao ver aquela cena se repetir. Ela tinha o compromisso misterioso todas as semanas, o obrigando a mudar a rota para o hospital. Aquela havia sido a última vez que tiveram uma manhã tranquila. Logo as brigas se tornaram ainda mais frequentes até o dia que ele chegou em casa depois de uma cirurgia de quinze horas e ela o recebeu aos gritos, falando que estava tudo acabado. Lembrou-se de Jaqueline entregando-lhe a aliança enquanto falava que retornaria para pegar suas coisas e para ele assinar o divórcio, pois a papelada já estava sendo encaminhada. Tudo aquilo o deixou virado de ponta a cabeça.

O que havia acontecido? Ela disse que havia cansado daquele dia a dia, que não queria aquele tipo de rotina na sua vida. Afirmou que não queria a casa que haviam comprado e mobiliado juntos. Foi triste constatar que os papéis do casamento demoraram uma década, mas que os do divórcio ficaram prontos em uma semana.

Mais uma vez seu coração se dilacerou, porém, antes que suas lágrimas voltassem a cair, acordou de seu transe quando seu celular começou a vibrar. Deu-se conta de que a geladeira ainda estava aberta, então a fechou rapidamente e pegou o celular surpreendendo-se. Era uma mensagem de Luana.

"Olá, Kazuo! Aqui é a Luana. Estou te mandando esta mensagem tão cedo porque quero dizer que eu vou ao endereço do cartão. Mas estou com medo! Você...iria comigo?"

Imediatamente ligou para ela.

— Oh, Kazuo! Eu te acordei? Perdão! — Luana falou, desconcertada. Afinal, não esperava uma resposta imediata.

— Bom dia, Luana! Eu, na verdade, estou saindo de casa. Por isso acabei ligando, é melhor falar assim. Fico muito feliz por você ter tomado essa decisão.

— Eu não achei que minha dor estava tão visível — ela confessou com voz abafada.

— Eu irei com você, não se preocupe. — Kazuo respondeu, pegando as chaves do carro — Não tenha medo e descanse um pouco mais, pois ainda está tão cedo. Mais tarde envio uma mensagem para você confirmando o horário.

— Ok. Obrigada, Kazuo.

Luana desligou o telefone e, durante o restante do dia, ficou inquieta esperando a mensagem dele.

Finalmente, quase às 20 horas, a mensagem chegou:

"Amanhã nos vemos na aula. Haverá uma reunião do grupo, vamos após a aula acabar."

"Tudo bem. Obrigada e bom descanso."

Luana se estirou em sua cama e apagou.

OI! Vocês viram a ex do doutor? O que acham que aconteceu com eles para o Kazuo ficar tão ferido assim?

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OI! Vocês viram a ex do doutor? O que acham que aconteceu com eles para o Kazuo ficar tão ferido assim?

Pelo menos agora, Luana decidiu buscar ajuda, que por acaso também significa mais um pouco de tempo que o shipp supremo vai passar junto.

Queria nem dizer, mas meu coração já está felizinho e shippando muito. E vocês, o que acham?

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Até o capítulo de amanhã ;)

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