O sábado chegou tão rápido que Kazuo se surpreendeu. Talvez tenha sido o fato de sua mente ter se ocupado demais com os plantões no hospital — que haviam se tornado mais caóticos naquela semana, já que ele havia ficado responsável pela emergência e estava havendo um surto de sarampo na cidade —, as aulas de literatura nas quartas-feiras e ainda tinha que lidar com o fato de que Luana parecia estar um pouco aérea desde que havia resgatado a caixa que seu pai havia lhe deixado.
Então o sábado chegou e ele acordou com o barulho irritante do celular anunciando uma ligação. Era muito cedo para Akemi telefonar para qualquer pessoa, mas ele sabia que se ignorasse, sua irmã bateria na sua porta.
— Alô. — ele disse, com a voz ainda rouca de sono.
— Oniisan (1), bom dia! Não esquece da festa de hoje, você me prometeu que viria. Amo você. Ja ne!(2)
E desligou na cara dele. Kazuo olhou para a tela do telefone, tonto com as loucuras de Akemi. Ainda não entendia essa mania que ela tinha de misturar português e japonês nas mesmas frases. Ninguém mais tinha esse costume na família, nem mesmo seu pai, que passou grande parte da sua juventude no Japão. Levantou da cama e lamentou ter prometido que ia a qualquer lugar naquele dia. O plantão exaustivo estava cobrando seu preço.
Porém, ele se lembrou de Luana e de como uma festa poderia animá-la. Com isso em mente, começou a providenciar o que fosse necessário para a tal festa e enviou uma mensagem para Luana, lembrando-lhe do compromisso e avisando que mais tarde a buscaria em casa.
Os últimos dias foram difíceis para Luana. Receber aquela caixa com recordações do pai, trouxe a tona muitas lembranças e sentimentos que mexiam com sua saudade.
Era sexta à noite e não via Kazuo desde a última aula, mas seu coração acelerou quando o celular apitou com o lembrete que ela tinha salvado. Amanhã seria a festa da irmã do Kazuo, e se dar conta disso a fez ficar nervosa.
— Que besteira. Para já com isso. — Ela disse para si mesma. Respirou fundo e correu para o quarto. Precisava escolher uma roupa e faltavam menos de vinte e quatro horas para a festa.
O sábado amanheceu brilhante. Luana acordou cedo para fazer logo tudo o que precisava. O som de uma nova mensagem soou. Ela olhou para todos os lados e começou a se desesperar quando não achou o telefone, até encontrá-lo no vão entre o colchão e a grade da cama.
Era Kazuo, lembrando que viria buscá-la para a festa de mais tarde. E ela sorriu sem perceber.
(1) - Expressão japonesa para irmão mais velho.
(2) - Expressão japonesa informal equivalente a "até mais".
Olá! E aí, estamos aqui só pra atiçar um pouco sobre a festa. Comentem ai suas expectativas para o que pode acontecer...¬u¬
Não esqueçam da estrelinha, e até amanhã <3
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Entrelaços do Destino (Completo)
Short StoryUm fio...fio que puxa, fio que une, fio que serpenteia em picos, fios da vida! Ou morte... Fio que reúne, fio que separa...a vida pode ser vista por um fio ou vivida da mais casual forma de amar ou conhecer um amor com uma vida por um fio. Esses laç...