Como em um daqueles filmes românticos de sucesso que Hollywood entrega para a humanidade, o sábado chegou rapidamente. Kazuo não gastou muito tempo para chegar à casa de Luana logo no início da manhã, mas como o trajeto para a casa da ex-madrasta era um tanto longo, ele resolveu colocar o papo em dia.
— Pronta para a hora da aventura?
— Por que tanta animação a essa hora e em pleno sábado?
— Eu gosto de viajar de carro... E da sua companhia. As duas coisas juntas me animam.
Vendo as bochechas de Luana ganharem um tom corado, Kazuo continuou falando:
— O que você acha que tem nessa caixa?
— Não deve ter nada demais. Meu pai não era um homem materialista, ele gostava de viver os momentos e não de colecionar coisas...
Não era esse o caminho que Kazuo queria tomar com a conversa. O clima ficou triste e a chuva que começou a cair só contribuiu para piorar o momento. Luana encostou a cabeça no vidro e tentou não olhar na direção do motorista, porque, ao lembrar do pai, lágrimas começaram a se acumular em seus olhos.
Kazuo não deixou de tentar animar a mulher. Colocou músicas animadas para tocar e, aos poucos, ela voltou a ter um pouco de felicidade no rosto.
— Eu amo essa música! Posso aumentar? — Sem esperar resposta, ela aumenta o som do rádio e começa a cantarolar "Ana Júlia".
— Falando em música... Minha irmã pretende dar uma festa no próximo fim de semana e eu gostaria de saber se você tem algum plano pra essa data...
— C-como se fosse um... Está me chamando pra sair?
— Se você aceitar, estou sim. Você disse que queria me retribuir de alguma maneira e eu realmente gostaria que você fosse.
A resposta não veio com um sonoro "sim" como no outro dia, mas com um enorme sorriso e um aceno de cabeça. Luana estava iluminada e naquele momento o sol deixou de fazer falta do lado de fora do carro.
Ao chegar na casa de Olga, Luana tentou ser o mais breve possível. Não queria ter contato com a ex-madrasta e aquela seria a primeira e última visita à mulher.
— Dr. Kazuo? Que surpresa! — A mulher diz assim que abre a porta. — Não imaginei que...
— Onde está a tal caixa, Olga?
Enquanto a senhora voltou para dentro de casa em busca da tal caixa, Kazuo pensou em dizer a Luana que guardar toda essa raiva não mudaria o que havia acontecido, mas percebeu que ela, de certa forma, precisava deixar a culpa da morte do pai em alguém para que não se sentisse ela própria culpada.
— Eu sei o que você pensa de mim. Sei quanta raiva você tem guardada dentro desse seu coração. Mas não pense nem por um segundo que eu não sinto culpa pelo que aconteceu com seu pai, porque eu sinto! E sei que sentiria ainda mais culpa se não te entregasse essa caixa. Seu pai te amava muito, e eu o amava por ser um homem tão bom. Espero que um dia você me perdoe, não por mim, mas por ele. Osmar não ia querer ver nuvens carregadas de dor e raiva ao redor da filha.
Já em casa, depois de agradecer Kazuo pela carona, Luana abre a caixa.
Todas as cartas que trocava com seu pai estavam lá dentro (eles tinham essa coisa de pai e filha). O relógio preferido dele também estava lá e também alguns portas retratos e vários álbuns de fotografias. Bem no fundo, escondido entre outras pequenas coisas, estava um colar de ouro com um pingente em forma de coração.
Luana se lembrava daquele colar porque ele era da sua mãe. Ela pensava que o havia perdido para sempre no dia em que sua mãe morreu, mas nunca pensou que seu pai o guardava em segredo. Dentro do coração havia, de um lado, uma foto do pai e da mãe, e do outro, uma foto sua de quando ainda era uma garotinha inocente e sem preocupações.
As lágrimas vieram quando o colar foi colocado no pescoço; e pareciam não ter fim, como um rio que corre em direção ao mar.
ALERTA de date, é isso?
Olá! O capítulo de hoje nos mostrou mais um pouco do relacionamento que está surgindo, mas também sobre tudo o que Luana ainda sente em relação à sua perda.
Mas e ai? O que vocês acham que vai acontecer nessa festa?
Deixem seus comentários e estrelas, venham conversar com a gente!!
Até amanhã!
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Entrelaços do Destino (Completo)
Short StoryUm fio...fio que puxa, fio que une, fio que serpenteia em picos, fios da vida! Ou morte... Fio que reúne, fio que separa...a vida pode ser vista por um fio ou vivida da mais casual forma de amar ou conhecer um amor com uma vida por um fio. Esses laç...