Capítulo XXXI

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Callie Torres

Durante todo o enterro, eu continuei ao lado de Arizona, a abracei, segurei sua mão, chorei com ela, Timothy ainda não tinha chorado, estava sério. O pior foi quando o caixão desceu, Arizona chorava copiosamente a morte da mãe, ela estava frágil, completamente frágil. Meus pais estavam aqui e eu nem liguei se eles estavam ou não desconfiando de algo, muito menos se a diretora Miranda, que é tia de Ari, estava. Eu só quero acolher minha namorada e mostrar para ela que estou aqui com ela.

No fim do enterro, Arizona estava conversando com alguns familiares e eu estava perto dos meus pais.

- Lúcia, pode me deixar conversar com nossa filha um minuto? - meu pai perguntou e eu estranhei mas fiquei quieta.

Minha mãe revezou o olhar entre nós dois e respirou fundo.

- Vou ver como Miranda está. - se deu por vencida e saiu.

Eu tirei meu olhar de Arizona e encarei meu pai esperando o que ele queria conversar comigo.

- Filha, aqui não é lugar, mas você sabe que eu gosto muito da professora Robbins, certo?

- Sim, papa, eu sei. - estranhei a questão levantada por ele.

- E você sabe que eu sei muito bem o que está acontecendo entre vocês. - arregalei os olhos e tentei explicar mas ele cortou qualquer palavra minha. - Tudo bem, Callie. Depois você me conta alguma história qualquer. - piscou e riu, e olhamos para Arizona. - Eu tô te dando a tarde pra você levar Robbins para algum lugar, a mãe dela morreu dentro da casa dela, ela não merece ir direto para lá.

Eu desviei meu olhar da loira e encarei meu pai novamente.

- Tudo bem, pai. Deixa comigo.

- Não pense que eu aceitei essa história, está bem? Só quero o melhor para Robbins agora. E se o melhor for passar um tempo com você, eu deixo. Mas temos muito o que conversar.

É, não seria tão fácil assim meu pai aceitar isso, mas não respondi nada, apenas assenti, beijei a bochecha dele e segui em direção a Arizona.

- Ari?

Chamei e ela se aproximou de mim pedindo licença aos demais.

- Oi, Call.

- Vamos? Acho que você não precisa ficar aqui.

Ela até pareceu considerar ir contra minha decisão, mas estava tão triste que assentiu e me acompanhou.

Quando entramos no carro, ela suspirou.

- Call, eu n-não...

- shh, eu sei, não quer ir pra casa.- ela assentiu. - Lembra aquele hotel que você me levou? - ela assentiu. - Vamos pra lá, você toma um banho enquanto eu compro uma roupa nova na loja lá de baixo e saímos pra eu cuidar de você.

Ela me olhou e sorriu, ligou o carro e saiu.

/*/

Eu já havia comprado um vestido para a Arizona e outro pra mim. Meu coração se partiu quando entrei no quarto de conta e ela ainda estava sentada na cama olhando para o nada, eu a despi em silêncio e tirei minhas roupas também, a abracei e entrei com ela embaixo da água, ela se agarrou ao meu corpo como se dependesse de mim para estar de pé, eu comecei esfregar o corpo dela cantando uma música bem baixo em seu ouvido...

"When you're on your own
I'll send you a sign
Just so you know
I am me, the universe and you
The universe and you..."

Assim, terminamos o banho e ela seguiu para o quarto.

- Por que isso aconteceu, Callie? Minha mãe era tão boa. - meu coração afundou diante da sua tristeza. -E meu irmão? Cadê ele?

Eu sentei na cama e a puxei para meus braços.

- Seu irmão ficou lá se despedindo dos familiares e agradecendo, depois vai te esperar na casa de meus pais, tudo bem? - ela assentiu. - E quanto a sua mãe, meu amor.- beijei seus cabelos úmidos. - pense que ela está descansando com seu pai em um lugar melhor, pense que está tudo bem.

- Como eu posso fazer isso, Calliope? Dói muito.

- Olha, eu não sei. - respirei fundo. - Mas eu sei que você pode colocar aquele vestido lindo que eu trouxe, e ir comigo até a rua, tomar um sorvete, andar no parque e ver o sol indo embora mais uma vez.

Ela riu e me encarou.

- Ver o sol indo embora?

- Sim! - beijei a ponta de seu nariz. - Você precisa ver.

- E por quê?

- Você pode tocar o sol? - ela negou. - Mas isso muda o fato dele estar lá iluminando o dia? - Ela negou novamente. - O sol é a maior prova que sua mãe sempre estará com você, você não pode tocá-la, também não pode vê-la, mas ela estará sempre lá iluminando sua vida. - Arizona tinha um sorriso lindo nos lábios e lágrimas nos olhos. - Ah, claro...- continuei e ela me dava toda atenção. - e seu pai é a Lua. Você me disse uma vez que ele era o seu herói. A lua ilumina a escuridão, e seu pai sempre estará com você quando você temer algo, ele ainda é o seu herói.

- Meu sol e lua. - ela chorou, mas logo riu e beijou meus lábios sussurrando. - e você é meu coração.

- Seu coração? - questionei sorrindo.

- Sim, está sempre comigo.

Eu abri um sorriso gigante e eu a beijei.

- Calliope, eu acho que já sei o que quero fazer!

/*/

E assim foi aquele dia, Arizona fez uma tatuagem na nuca, metade sol e metade lua, e no meio deles um coração. Tomamos sorvete, e a deixei que me sujasse o quanto quisesse, brincamos como crianças no parque. O dia passou devagar mas bom, no fim dele Ari me deixou em casa e Timothy assumiu a responsabilidade de cuidar da loira. Ela havia me dito que ia contar a mesma história do sol e da lua para ele.

Eu me sentia confortada. Tinha feito o dia da minha loira feliz.

Professora Robbins Onde histórias criam vida. Descubra agora