Dedicado a Tammyz22, desculpe pelo atraso, mas como você costuma dizer para ficar bom é necessário tomar certo tempo. Obrigada pelo seu carinho por essa história e por mim também. Te desejo nesse novo ano as melhores coisas que a vida possa te dar: Muita luz, muita saúde e muita Juliantina!
Juliana
Valentina descansava a cabeça em meu colo enquanto comíamos pipoca. Na televisão, um filme de romance mostrava o homem e a mulher beijando-se.
Engraçado, a camada mais conservadora da sociedade buscava sempre dizer que certas "escolhas" não passavam de influência, mas eu não lembrava de cabeça de qualquer filme que não fosse essa combinação por um longo tempo e ainda assim tinha em meus braços uma mulher, uma que olhava atentamente o desenrolar daquela cena repetindo diálogo por diálogo, como se já tivesse assistido aquele filme inúmeras vezes e Valentina me parecia, definitivamente, o tipo de pessoa que assistiria o mesmo filme até saber as falas de cor, pois mais além da tristeza que todos nós carregavamos ela era tão meiga que difícil era não tocar sua face quando se encolheu no meu colo sorrindo para as letrinhas que começavam a subir.
- Gostou do filme? - Quase não tinha prestado atenção.
- Bastante - Usei afim de intensificar minha fala para quem sabe fugir de mais questionamentos.
- Então a parte que o tubarão quase comeu a perna da garota mas ela foi salva pelo mocinho também foi a que mais gostou? - Perguntou, mas mesmo absurdo decidi continuar a situação.
- Sim. Muito heróico, não? - Dei prosseguimento ouvindo sua risada em seguida.
- Definitivamente, ainda mais se tivesse acontecido - Apontou me fazendo rir também.
- Eu deveria ter desconfiado, afinal é bem absurdo - Pontuei quando ela se ajeitou no enorme sofá, me olhando nos olhos, tentando descobrir a razão da minha desatenção.
- Onde estava com a cabeça? - Questionou de uma maneira doce.
- Você acha que algum dia seremos vistas com toda a naturalidade que imprimimos em nosso relacionamento? - Se nosso um beijo ainda será como qualquer beijo na rua e não uma desculpa para despejar conservadorismo.
- Eu não sei. Mas não é algo que me preocupo. Enquanto eu e você entendermos o que acontece aqui não será necessário nenhum entendimento que não seja o nosso - E me tranquilizou num beijo cheio de ternura que me paralisa, porque eu fico ali quieta, pedindo para que seu beijo nunca cesse, como se sentir um resquício de felicidade fosse assombroso.
Talvez o fato de não alcançarmos a felicidade seja o inconsciente medo dela. E se eu encontro? O que vem depois? Permanece? Se dissolve? A verdade era que ser feliz provocava reações que poucos estavam preparados, e eu nem sabia se eu estava, entretanto, não por não saber me detinha, mesmo parada em seus lábios eu avançava um pouco, desafiando minha própria inconsciência por um pouquinho de Valentina Carvajal.
Na maciez dos seus lábios eu sentia um perigo doce, como se tivesse enfim conquistado algo que eu não queria conceder. Daria meu corpo, até meu coração, mas não queria dar a ela o poder de me magoar, mas quando sua língua rodeou a minha sorrindo em seguida eu soube que poderia me deixar em pedaços.
Prendi seus cabelos com mais força entre os dedos quando o beijo cessou e fiquei com a testa na sua, ofegando no cômodo silencioso.
- Nada de filmes românticos.
De acordo? - Perguntou depois de alguns minutos e eu sorri com seu sorriso.