Valentina
Tinha passado um dia perfeito com Juliana. Exceto o pequeno incômodo com Lúcia havíamos passado o dia em pleno romance.
Por falar naquela loira, por sinal, essa me encara com os braços cruzados e um pezinho batendo, posição que poderia ser interpretada como crítica se acaso não terminasse com um sorriso.
- Juliana hã? - E em seguida seu sorriso se ampliou como se falara do acontecimento mais divertido do momento.
Instantaneamente meu rosto ficou corado e eu quase não disse nada, voltando atrás no último segundo apenas ao ver sua carinha de antecipação. Além de curiosa parecia tão feliz por mim que apenas revirei os olhos com um sorriso e decidi abortar a ultrapassagem para o quarto, parando na sala para me sentar no sofá que ela estava do lado.
- Ainda estamos nos conhecendo. Mas eu gosto dela. Ela é misteriosa, engraçada, batalhadora... - Disse sem evitar o sorriso no meu rosto.
-... E aparentemente irresistível - Salientou e eu apenas mordi o canto do lábio escondendo o rosto em minhas mãos.
- Você não vai esquecer disso não é? - Perguntei colocando o cabelo atrás das orelhas e Lúcia gargalhou afirmando que semelhantes traumas marcavam o indivíduo.
Não disse nada, apenas acompanhei a risada até que se esquecesse de perguntar o óbvio, sobre como nos conhecemos, embora a experiente fofoqueira apenas tivesse me dado a ilusão de que deixaria passar.
Afinal, quando levantei já dando as costas ela volta a indagar-me:
- E como você e o motivo desse sorrisinho se conheceram? - Perguntou, mas antes que eu respondesse alguém irrompe na sala interrompendo o típico e familiar interrogatório fofamente sufocante.
- Então esse sorriso tem motivo? - Quis saber a voz que eu bem conhecia, virei na direção e dei de cara com um Sérgio curioso.
- Sim e é um motivo moreno, não tão alto, de olhos escuros e um corpo que... - Lúcia se refreoou lembrando do bom senso esquecido por alguns segundos e olhou para um Sérgio dividido entre o choque e reflexão.
- Lucho não vai gostar de saber disso - Terminou por dizer e eu revirei os olhos.
- Nem vai porque não devo nada nem a ele ou a ninguém, e ainda que o fizesse, não era razão para que viesse me cobrar qualquer coisa na porta da minha casa. Dessa maneira... - Sérgio levanta as mãos como forma de se render e, dessa vez, decidi não coloca-lo para fora e não só por mim, mas pela feição recriminatória da minha madrasta caso eu o fizesse.
- Vamos para a biblioteca - Pedi revirando os olhos e ele aceitou, passando os dedos nos meus livros assim que chegamos.
- Sei que não gosta tanto de Paulo Coelho a ponto de vir até a minha casa apenas para passar os dedos em meus exemplares então é melhor que me diga logo o que deseja... - Quis saber impaciente.
- Primeiro que eu gosto de onze
minutos... - Porque provavelmente como a maioria dos homens deve ter entendido que o eu-lírico do livro não estava equivocado sobre a média de tempo de uma relação sexual - Segundo que você tem razão. Eu não vim por isso. Vim porque não gosto de ficar brigado com você - Disse amolecendo a voz.- Quer se desculpar? - Perguntei e ele suspirou.
- Você não vai fazer isso fácil? - Neguei rotundamente.
- Nos conhecemos desde a infância, nos vemos com frequência, por muito tempo você namorou meu melhor amigo. Não imagino minha vida sem você nela. Pode me desculpar por favor? - Pediu fazendo seu rosto de cachorro abandonado, mas eu lembrava bem da nossa conversa e os motivos do porque não estava falando com ele desde então.