Esta história contém conteúdo LGBT. Se você não gosta não entre.
Gustavo é um médico super empenhado na cura de seus pacientes, mas que por vários motivos não se envolve com ninguém há anos. Um dia ele se vê atraído por um jovem que deu entrad...
— Olá doutor Gustavo. — Ouço a voz do nosso diretor geral, e isso me causa um pequeno arrepio, pois sei que as fofocas correm soltas por aqui.
— Olá Pedro, tudo bem com você? — Pergunto sem a menor vontade de continuar a conversa, mas ele deu a volta na mesa e se sentou de frente para mim. Seu semblante não era bom, mas isso pouco me importa, já que a próxima coisa de faria de qualquer forma seria ir conversar com ele, então vamos enfrentar a fera sem garras.
— Que bom que você veio ao meu encontro, me poupou um grande tempo. — Digo tomando meu último gole de café e vejo sua expressão se fechar mais um pouco.
— Bom como eu sei que aqui neste hospital nada fica guardado muito tempo, vou direto ao assunto que me levaria até você, porque tenho certeza que é o mesmo que te trouxe até onde os reles mortais ficam. — Falo e ele se mantém calado, só esperando que eu prossiga.
— Você melhor do que ninguém sabe o quanto lutei pela permanência do Marcelo aqui neste hospital, o quanto me empenhei em seu tratamento durante os últimos anos. Sei também que você já está sabendo que ele acordou e esta bem, mas infelizmente ele não está seguro aqui dentro. Ontem invadiram seu quarto e o ameaçaram, meu pai e Marcus já estão cuidando de tudo para que seu quarto seja vigiado dia e noite.Eles também estão aumentando a vigilância em todo o hospital. Eu só estou te informando tudo isso porque eu quero saber quem é aquele homem do vídeo, quero ele atras das grades por ter feito o que fez com ele. — Falei tudo e esperei ele digerir todas as informações e a cada palavra que entrava em sua cabeça eu podia notar a raiva exalando dele, não sei o por que mas isso me fez ficar em alerta.
— Doutor Gustavo, quanto a isso não precisa se preocupar, já tomamos todas as medidas cabíveis e ele estará seguro enquanto estiver internado aqui. Mas o que realmente me trouxe até você não foi a segurança de um paciente, mas sim porque você anda quebrando as regras do hospital e do Concelho médico, e mesmo você sendo dono do hospital, você tem por obrigação dar o exemplo. Imagina se todos começarem a fazer tudo o que bem entenderem, como ficaremos? — Seu tom era de zombaria, mas a nota de autoridade estava implícito nele.
Ambos sabemos que ele tem o poder de me fazer perder meu CRM, mas ele também sabe o quanto sou competente, e o quanto eu fiz esse hospital crescer com meus pequenos milagres. Ele não fará nada comigo, mas tenho certeza que meus pobres ouvidos ouvirão uma sequência absurda de xingamentos e conselhos.
— Pedro, sei que fofocas corem pelos corredores e esse seria o segundo assunto que gostaria de tratar com voce. Eu não quebrei regra alguma, ainda, enquanto ele esteve em coma eu apenas me dediquei em cuidar dele, assim como qualquer outro paciente. Mas a partir do momento em que ele acordou e percebemos que ambos temos os mesmos sentimentos, não tenho porque me esconder, somos adultos e podemos assumir a responsabilidade de nossos atos.
— O que você quer dizer com tudo isso doutor? — Ele pergunta e eu posso ver a confusão em seu rosto.
— Quero dizer que eu me apaixonei por ele, e que de alguma forma ele também gosta de mim. E eu sei que não posso mais ser o médico dele, mas eu gostaria que você e o concelho permitissem que eu termine o que comecei, isso seria muito importante para mim. E para minha tese. — termino de falar e vejo o espanto em sua face, é como se eu tivesse contado o segredo mais terrível, posso ver nitidamente que ele não sabia de nada, mas eu não me arrependo de ter falado nada.
— Quer dizer que agora você é gay? O que dona Bárbara achou do seu novo gosto peculiar? — Ele fez as perguntas com nojo, e meu sangue ferveu. Ele não tinha esse direito, já que ele tem seus segredos obscuros.
— Minha vida particular não lhe diz respeito fora das paredes deste hospital, lembre-se que eu só te falei por causa das regras, mas não se engane e vá achando que você é mais do que eu aqui dentro por causa de seu cargo. Não se esqueça que você só está aqui por causa da minha mãe, e porque meu pai confia em você e garantiu aos acionistas que você seria uma boa aquisição para os negócios. Não brinque com fogo Pedro, você pode se queimar e não fale o nome da minha mãe como se ela fosse a pior pessoa e não aceitaria o que eu escolhesse. — Falei cada palavra colocando toda a raiva que eu sentia naquele momento, apesar de que minha mãe é uma incógnita, ela pode querer arrancar minha cabeça por isso, mas sei como ela nunca em mil anos agiria de forma homofobica.
— Ah! E não ouse me tirar deste caso. Antes eu havia pedido por consideração, agora eu estou avisando que não vou sair, vou terminar o que comecei. Agora se me der licença senhor diretor preciso voltar aos meus pacientes. — Me levantei e fui em direção ao CTI, quando estava próximo ao centro estéril, soltei o ar que estava prendendo, eu queria ter quebrado a cara daquele imbecil, mas só seria mais um problema para mim.
Desde sempre Pedro quis ter o que eu tinha, não digo dinheiro, porque isso ele tem de sobra, mas uma família. A família dele é uma grande merda, nunca ligaram para ele ou sua linda irmãzinha, eu entendia e nunca me importei em dividir a atenção dos meus pais com ele. Afinal ele seria um irmão para mim, mas no final ele só me vê como seu inimigo, mesmo os pais sendo meus. Muitas vezes ao longo dos anos eu perdi minha paciência com ele, e assim como hoje preciso mostrar a ele qual seu verdadeiro lugar em tudo isso.
Entro no centro estéril e preciso me concentrar, faço minha asepcia e coloco meu equipo, tenho uma paciente recém operado para tratar. Examino o local da incisão e peço alguns exames mais específicos como uma perfusão porressonância magnética. Que irá me mostrar como anda o fluxo sanguíneo no cérebro dele. Indico mais alguns exames que preciso e também mando reduzir a medicação que induz o coma, para que gradativamente ele volte.
Despois de mais algumas visitas de rotina volto ao meu consultório, estou exausto por tudo que já aconteceu hoje, por não ter tido uma boa noite de sono e por todo o resto. Olho alguns exames que devem ter deixado em cima da minha mesa e quando chega a vez dos exames do Marcelo fico um pouco apreensivo, já que o susto de ontem pode ter causado alguma mudança ou dano a sua saúde.
Depois que eu acabo fico pensando em como as coisas fluiram rápido entre mim e o meu anjo dorminhoco, e com isso me lembro que uma pessoa muito importante precisa saber da novidade. Pego meu telefone e disco um número que evitei pelos últimos cinco anos. Minhas mãos tremem de nervosismo por não saber como ela irá reagir, não por mim, mas tenho medo que minha mãe o ataque como fez com a Natália no passado.
Não tenho medo dela oferecer dinheiro e ele aceitar, porque desta vez eu tenho cem por cento de certeza que meu coração acertou. Eu tenho medo que ele se ofenda e se afaste de mim, eu conheço a mãe que tenho, mesmo ela não sendo totalmente a bruxa que as vezes eu faço parecer, ela não é uma pessoa fácil. Ponho para chamar e prendo minha respiração e no segundo toque ela atende.
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O que vocês acharam do Pedro? E como será que a Bárbara vai agir? Estou curiosa e vocês?
