XIII - O encontro

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Gustavo

Olho para Marcelo e meu coração não pára de bater descompassado, é sempre a mesma coisa, mesmo antes dele acordar, era um frenesi estar perto dele, tocar sua pele mesmo que, durante muitos anos ele não pudesse me retribuir. Eu sei que parece loucura, mas eu o amo e não quero perdê-lo e por isso preciso fazer tudo que for possível para que isso não aconteça, mesmo que dessa vez a minha mãe apronte eu não vou perder, porque agora eu sei que é amor e amor não se deixa ir embora.

Volto minha atenção para ele que toca meu braço e no mesmo instante sinto um formigamento no lugar.

- Hoje vou falar com minha mãe sobre nós dois, eu não posso lhe dizer como ela reagirá a tudo isso. Mas se aparecer uma louca aqui gritando com você ou falando atrocidades, essa é dona Bárbara. Então por favor desconsiderar tudo que ela falar de grosseria. - Falei e vi ele revirar os olhos, mas continuei que era para ele entender a situação.

- Então hoje vou para casa mais cedo para recebê-la, e apesar de não termos uma relação muito boa há alguns anos, ela tem que saber por mim.
- Eu falei, mas a sensação de admitir essas coisas era estranha, como se eu estivesse encurralado.

- Se você não quiser falar nada por enquanto, eu juro que entendo, e podemos nos conhecer melhor. Não quero vê-lo precionado por minha causa, não quero ser uma obrigação na sua vida. - Ele falou e meu coração se partiu um pouquinho, porque esse não era o motivo de eu realmente querer contar às pessoas sobre ele.

- Eu estou fazendo isso por mim anjo, por você e por nossa relação. Não quero começar nada escondido das pessoas, eu gosto de você e quero apenas deixar isso claro para aqueles que acham que governam minha vida. - Falo e vejo seus olhos brilharem e sei que os meus brilham tanto quanto os dele.

- Então se é assim, vá lá e conte, e não se preocupe comigo. Se ela aparecer por aqui eu prometo que dobro a fera. - Ele termina de falar e eu solto uma risada que há muito tempo não dou, e sinto a vida emanar do meu corpo e me sentir vivo novamente já é motivo suficiente para eu poder gritar para o mundo que estou muito apaixonado por esse garoto à minha frente.

- Então, eu só vim te dar um beijo e dizer que amanhã estarei de folga, então serei o acompanhante oficial do meu namorado lindo.

Marcelo

Ele fala namorado, e eu paraliso no lugar, sinto uma felicidade que não tem tamanho por ouvir uma palavrinha tão simples, mas com um significado tão importante para mim, principalmente por tudo que estou passando.

- Você disse que sou seu namorado? - Falo e ele percebe o que falou. Seu sorriso se alarga ainda mais.

- Claro ! Você acha mesmo que depois de esperar por cinco anos, vou deixar você escapar? - Ele diz simples e agora é a minha vez de sorrir.

- Claro que não, e nem eu quero ou pretendo escapar. - Digo e aproximo meu rosto do dele selando nossos lábios num beijo rápido.

- Então senhor namorado, vá la enfrentar "minha sogrinha" e amanhã cedo quero saber como foi essa conversa. - Falo e ele me abraça fazendo graça.

- Então até amanhã cedinho. - Ele diz e logo em seguida se afasta me deixando novamente sozinho e sem nada para fazer.

Gustavo

Sair daquele quarto foi a coisa mais difícil que fiz hoje, não queria ter que deixá-lo, mas era extremamente necessário para que desta vez, não houvessem mal entendidos entre mim e as pessoas, e a principal de todas sendo minha mãe, mesmo ela não gostando, desta vez ela terá que entender e aceitar minha relação com Marcelo, e com esse pensamento saio do hospital.

Entre o Passado e o Presente ( história LGBT ) Onde histórias criam vida. Descubra agora