XXII - A Saída do hospital

1.1K 158 35
                                    

                                    Gustavo

       Saímos do quarto e assim que fecho a porta ouço as indagações da Vânia, que está parada à minha frente com cara de quem comeu limão.

       — Doutor Gustavo o que está acontecendo? Todos estão falando pelos corredores da confusão de ontem. O Pedro espalhou aos sete ventos que o senhor bateu nele por causa do Marcelo e os diretores estão uma fera. — Ela diz e eu respiro fundo tentando me acalmar, porque vou precisar muito ter minha cabeça no lugar agora.

       — Vânia, eu vou te contar algumas coisas, mas preciso da sua palavra que tudo que te falar não poderá chegar aos ouvidos de mais ninguém aqui deste hospital e nem do meu anjo por enquanto. Você entende? — Pergunto e vejo ela concordar com certa incerteza no olhar.   —   Então vamos ao meu consultório, lá teremos mais privacidade.

       Quando chegamos lá, conto com riqueza de detalhes tudo que descobrimos no último dia, quem era Marcelo, quem eram seus pais e quem eram as pessoas que possívelmente pudesse estar envolvidas aqui do hospital. Quando termino ela me olha assustada e pela forma como sua postura mudou totalmente sei que aí em vem mais uma bomba.

       — Agora tudo está fazendo sentido para mim, as pelas esta o se juntando, mas não podemos falar sobre isso aqui, as paredes tem ouvidos e isso pode prejudicar ainda mais o garoto. Vamos fazer o seguinte doutor Gustavo, quando ele receber alta e eu estiver de folga, vamos marcar um lugar seguro e eu conto tudo que sei. — Ela diz e agora eu que me surpreendo, por que afinal, o que ela pode saber sobre toda essa merda?

       — O que você está sabendo e não me contou antes? — Pergunto nervoso e ela se mantém ainda calma, mas com uma postura rígida.

       — Eu me cansei de ser fantoche nas mãos dessas pessoas, eu cansei de ter medo. — Dou um passo atrás pela forma firme que ela fala e vejo a determinação em seus olhos.

       — Ok, vamos fazer assim, eu vou ficar com ele até minha mãe chegar e vou resolver essa questão da alta dele e outros assuntos e vamos embora juntos, assim já resolvemos isso também.  — Falo e ela apenas concorda me deixando sozinho.

       Não faço muita hora para voltar ao quarto e quando chego lá ele está com os olhos abertos olhando para o nada e isso me deixa extremamente triste, por que se eu não for firme ele pode pensar que está fazendo o certo e irá me deixar, mas isso não está em discução. Caminho até a cama e me deito novamente ao seu lado.

                            Marcelo/ Matheus

       Nesse momento minha cabeça está uma confusão só depois de tudo que aconteceu ontem. Sei que tudo que aquele cara falou são verdades, mas o que posso fazer se realmente me apaixonei? Neste momento me sinto uma pessoa muito mesquinha, por não quer abrir mão do amor do Gustavo. Tenho medo por todos eles, mas não estou disposto a perder mais nada na minha vida, e mesmo sabendo dos riscos que me cercam não vou e não quero abrir mão do que estou começando a viver com esta família que me recebeu de braços abertos.

       Estou tão distraído que não vejo quando ele entra no quarto, mas sentir seus braços ao meu redor me dá uma sensação de casa tão grande, sinto uma paz que sei que jamais senti na vida, é como se todo o resto perdesse o sentido. Não sei quanto tempo ficamos assim, nos braços um do outro depois que ele voltou, não sei o que a Vânia queria, mas senti na sua expressão que não era algo bom, mas eles não perceberam que eu havia acordado. Saio dos meus pensamentos com uma sogra muito feliz entrando no quarto sem ao menos bater.

       Ela está com um sorriso enorme no rosto e ele é direcionado a mim, o que me faz ter certeza que já amo muito todos desta família.

       — Olá lindo genrinho. — Ela diz e vejo o rosto de Gustavo se iluminar e sei que o meu também está, é tão bom você se sentir querido e aceito.

Entre o Passado e o Presente ( história LGBT ) Onde histórias criam vida. Descubra agora