XXXV - Expectativas de um bom Natal

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                                  Gustavo

       Passar o resto da noite em uma mesma posição não foi de muita ajuda para meu braço, mas saber que ainda posso sentir Matheus bem e seguro comigo elimina qualquer resquício de dor que eu possa estar sentindo. Toco a campainha da sala de enfermagem e me ajeito melhor na cama esperando que alguém possa me ajudar com Matheus que ainda dorme alheio a tudo.

       Alguns minutos depois vejo um rosto conhecido e amigo passar pela porta e me sinto aliviado, pois sei que essa pessoa tratará meu anjo com muito carinho.

       — Bom dia Gustavo, você precisa de ajuda para chegar ao banheiro? — Vânia pergunta e sei que apesar de ser seu trabalho, ainda me sinto constrangido.

       — Bom dia Vânia, não eu só preciso que você me ajude com Matheus, não consigo por causa dos pulsos. — Digo e vejo sua expressão mudar radicalmente.

       — Eu sinto muito mesmo por isso doutor, eu nunca pensei que Pedro fosse capaz de fazer algo tão desprezível, aliás eu sabia, mas não acreditei que ele realmente pudesse te fazer tanto mal. — Ela diz e eu sei que está sendo sincera o que me faz lembrar que ela também estava esperando para rever sua filha.

       — E sua filha? Como ela está? — Pergunto e seu sorriso cresce me fazendo acreditar que tudo deu certo afinal.

       — Ela está bem, desnutrida, mas bem. Ela não aceita que sou sua mãe, quer ficar o tempo todo com Paloma, mas estou surpresa por ela tentar fazê-la entender que é apenas sua tia. — Vânia diz e eu posso ver sua emoção.

       — Fico feliz que agora você poderá criar sua filha em paz e eu tenho certeza que apesar de tudo você poderá contar com Paloma, ela sempre foi mais uma vítima daquele crápula. —Digo enquanto ela ajeita Matheus melhor na cama.

       — Eu percebi isso Gustavo, assim que vi a namorada dela entrar naquele quarto eu soube e para dizer a verdade sou muito grata por ela tratar minha bebezinha com tanto amor. — Vânia fala e sem que eu perceba de início já está me ajudando a chegar ao banheiro. Agradeço e ela sai do quarto dizendo preparar minha medicação e um café.

       Totalmente sem jeito faço minhas necessidades e percebo que realmente vou precisar de ajuda. Saio do banheiro e me sento em uma poltrona que fica perto da janela e ali fico observando o céu e pensando em tudo que aconteceu e não consigo me arrepender de nada que me fez chegar até aqui.

       Quase meia hora depois entra uma Vânia aos risos com minha mãe toda alegre e com uma Mel vermelha como pimentão em seus braços.

       — Tenho a imprensão que alguém não está muito feliz. — Digo e as três olham em minha direção.

       — Bom dia meu filho! Como está se sentindo? — Minha mãe pergunta vindo em minha direção.

       — Pai, acredita que a vovó está me tratando como um bebê? Avisa pra ela que sou uma mocinha grande. — Mel fala e isso causa uma onda de risos pelo quarto que faz com que minha princesa fique ainda mais vermelha.

       — Não façam isso com minha filha por favor. — Ouço a voz brava de Matheus e tenho que me segurar para não rir ainda mais.

       — Vovó me leva pro papai, só ele me entende. — Ela diz chorosa e meu coração fica apertado.

       — Princesa não fica com raiva do seu pai nem da sua vovó, lembra o que eu conversei com você? Para todos nós você sempre será um bebê, apesar de você já ser uma mocinha, para cada um de nós é difícil aceitar... Só releve ok? Como vamos ter um Natal feliz se você estiver com raiva? — Matheus fala e só então Mel se acalma e concorda com ele. Meu anjo tem um dom incrível, ele consegue consertar tudo que está errado só com suas doces palavras.

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