VIII - Declaração

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                               Gustavo

       Eu havia despejado tudo que havia ficado guardado em meu coração por cinco anos, já não havia mais saída para mim. Eu estava, não, eu estou completamente apaixonado por esse lindo homem à minha frente, e agora não sou mais capaz de abrir mão, de talvez, ter a chance de ser feliz ao lado dele.

       Mesmo que todos digam que isso é anti ético, e que eu saiba que é errado, estou pronto para o que ser e vier se ele me aceitar. Sinto seu olhar me queimar e vejo pela sua expressão, que ele quer me dizer algo, mas não sabe como começar. E depois de longos segundo ele se ajeita como pode na cama e diz...

       — Olha, eu não te mandei embora por repulsa ou algo do tipo, te mandei embora pelo motivo contrário. Eu não tinha certeza do que estava sentindo aqui, eu só sei que ele bate descompassado toda vez que te vejo. — Ele diz apontando para o peito e minha mente se perde no ato.

       — Tive medo de me encantar por você e ser descartado, porque eu não posso denominar o que estou sentindo. O que eu posso oferecer a um homem como você? — Só tenho um passado sem lembranças e um presente  totalmente incerto, isso tudo sem falar no futuro.

       Ele abaixa a cabeça fazendo com que meu coração se quebre um pouquinho,eu sei bem qual é a sensação, seus medos eram exatamente os mesmos que os meus. Mas agora eu sabia que não era um sentimento unilateral, eu sabia que apesar de tudo seriamos recompensados no final. Tudo o que mais quero nesse momento é poder fazê-lo feliz.

       Me aproximei um pouco mais dele e peguei em suas mãos e quando ele sentiu meu toque, ele erguei seu rosto olhando diretamente em meus olhos. Ali foi meu fim, não tinha mais para onde fugir, eu queria tudo que o futuro pudesse nos proporcionar.

       Observei mais algum tempo, e ao notar que ele não se esquivo do meu toque, entrelacei nossos dedos e dei um leve aperto, apenas para passar a sensação de segurança para ele.

       No momento seguinte ouvi uma leve batida na porta e pelo susto ele se afasta de mim. Me levanto e digo para quem quer que seja para entrar.

       Me surpreendo ao ver meu pai me observando, enquanto entrava novamente no quarto.

                                 Hector

       Saio do quarto do garoto, deixando meu filho com os olhos cheios d'água por vê-lo acordado.   Não sei onque pensar sobre esse relacionamento, não pelo fato do meu filho gostar de outro homem, mas sim pelo fato da possibilidade desse amor quase ter sido impossível e pelos riscos que ele corre ao assumir alguma relação com seu paciente.

       Aqui no hospital, mesmo ele sendo sócio, a inveja de alguns podem causar problemas e isso pode ser o que eles precisam para derrubar meu filho do cargonde chefe da neurocirurgia, ele lutou tanto durante esses anos para chegar aonde chegou e perder tudo. E ainda tem a louca ciumenta da minha esposa, não tenho certeza qual será sua atitude, principalmente diante do que ela já fez no passado. Tenho medo que a reação dela piore a relação de mãe e filho ainda mais, estou tão cansado de ser o mediador nessa briga desnecessária.

        Os dois são meus amores e deveriam se apoiar sempre e não ficar brigando por causa daquela mulher, mas fazer o que?!  Cada um sabe onde seu calo aperta, e quem sou eu para desmerecer o sofrimento de alguém, o que posso fazer é só apoiar as decisões do meu filho e me precaver do que possa vir a acontecer com ele.

       Estou saindo do hospital na intenção de voltar para a empresa de segurança que ao longo dos anos se tornou uma das maiores do país, graças a muito esforço e trabalho duro meu e do Marcus, que é meu sócio e melhor amigo, quando ouço uma voz muito conhecida chamando meu nome. Me viro vendo meu amigo vir até mim.

       — Oi Marcus! Tudo bem?— Pergunto e espero ele estar totalmente próximo a mim. Marcus é responsável pela parte de segurança de vários hospital, sua competência precede e com isso ele se tornou meu homem de confiança, nossa equipe é muito bem treinada.

       — Eu preciso que você veja algo agora. — ele fala com semblante pesado e já posso ver que temos um grande problema. Marcus é um homem de sorrisos mesmo que a situação seja muito complicada e nesse momento vejo até suas marcas de expressão pela tensão em seu rosto.
      
       — O que foi que você está com esta cara ? — Pergunto e ele bufa alto e isso me preocupa.

       — Meus homens acharam algo nas filmagens de hoje mais cedo, quando o paciente do seu filho foi atacado. Só estou vindo agora porque no princípio não reparamos em nada de estranho, mas quando chegou até mim como tudo tinha acontecido ligamos os pontos.

       Olho incrédulo e o sigo pelo corredor de volta a sala de segurança. Fico me perguntando o porque dele me chamar e não a direção do hospital. Para enfrente a sala e vejo Marcus fazer sinal para que eu entre. Ele me mostra a cadeira a frente dos munitores e me sento, ele coloca uma das fitas para rodar.

       — Assista e depois vamos resolver o que fazer com essa informação. — Marcus fala e eu espero a reprodução do vídeo.

       No começo não vejo nada, já que o ambiente está totalmente escuro, mas logo ouço uma voz, e o tom de ameaça evidente contra o Marcelo me fez apurar meus sentidos, no instante seguinte Marcus muda de vídeo e posso ver exatamente o momento em que um homem de porte físico grande sai pela porta, porém ele sabe muito bem o que está fazendo, já que desvia de todas as câmeras do corredor. Ele está de capuz e cabeça baixa, mas posso ver que ele tem barba grisalha, o que não é de muita ajuda. Mas se meu filho quer tanto esse garoto como ele diz, então ele precisa saber dessa ameaça, ele precisa saber bom que está se metendo e talvez o risco que eles vão estar correndo.

       — Marcus, precisamos organizar as coisas para que o garoto seja cuidado a partir de agora. Veja como o hospital vai proceder e coloque homens a paisana nos corredores, e isso a dica só entre nós dois. — Falo e vou saindo da sala, não sei porque, mas sinto que o tal homem e esse parceiro vão reaparecer em breve.
      
       Volto para o quarto do Marcelo e não sei como dizer a eles tudo isso. Bato na porta e entro ao ouvir a voz do meu filho dizendo para entrar. Olho para os dois e sei que estão emocionados, os olhos vermelhos dos dois denunciam que estiveram chorando, é nítido o carinho nos olhos do Gustavo e olhando melhor, posso ver o mesmo sentimento envolvendo o garoto.

       Eles se olham e depois voltam a me encarar como se esperassem minha reação negativa a tudo aquilo, mas vendo os dois agora diante de mim, tudo o que posso fazer é proteger e ajudar os dois com esse passado desconhecido do Marcelo. E primeira coisa que tenho que fazer é me apresentar devidamente e mostrar que apesar de qualquer coisa, eles podem contar comigo e com a minha bênção nesta relação. Mas antes preciso contar tudo o que descobrimos e ver o que vai acontecer.
   
                                 1242 palavras

     E agora? O que vai acontecer com o Marcelo e o Gustavo?

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     E agora? O que vai acontecer com o Marcelo e o Gustavo?

        Beijos StramberyBlack💕💕
      

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