Entre o Passado e o Presente ( história LGBT )

XXXIV - Tudo a seu tempo

                                 Bárbara

       Ver o nome de Hector na tela do meu celular me causou um grande frenesi, estou há muitas horas sem notícias e tenho certeza que dentro do meu coração que tudo acabou, eu só não sei se para o bem ou para o mal.

        — Alô! — Digo e posso ouvir meu marido puxar o ar várias vezes antes de dizer qualquer coisa.

       — Acabou Bárbara, mas tiveram consequências ruins. — Ele diz e meu coração para por um momento.

       — O que você quer dizer com isso Hector? — Pergunto e novamente há um momento de silêncio antes da resposta.

       — Pedro está morto, João está preso e Gustavo está com o pulso quebrado. — Ele diz tudo num fôlego só e Eu paro de respirar de vez.

       Não pode ser, tudo que consegui ouvir foi que meu filho machucou suas mãos. Nada mais importa, aliás importa sim.

       — E o Matheus? Você não falou dele. — Pergunto e Hector não diz nada por um longo tempo me causando um enorme medo no coração.

       — Ele está bem na medida do possível, mas eu acredito que esse garoto vai levar um longo tempo para esquecer tudo que aconteceu Bárbara. Quando nos chegamos lá, ele estava em pânico, o medo que vi em seus olhos é algo que eu nunca vou esquecer na vida. — Ele fala e eu posso ver o quanto meu marido está aterrorizado com a situação apesar de se fazer de forte.

       — Nós vamos ajudar os dois amor e eu espero que com o tempo eles juntos possam superar todas as dificuldades do dia de hoje. — Digo e ele concorda.

       — Bárbara estou ligando para liberar vocês para virem para cá, a Vânia precisa ver Bella e você tem que avisar à menina da emissora que Paloma está chamando por ela. — Hector diz e eu não posso deixar de rir da forma como ele se refere à Bianca.

       — Eu vou avisá-la e já chegamos aí. — Falo e me despeço dele.

       Não perco muito tempo e aviso a Bianca que encontramos Paloma, mesmo feliz uma nota de horror em sua voz me fez acalmá-la explicando que Pedro estava morto e que elas não corriam mais nenhum risco.

       Logo em seguida fui para segunda pessoa que precisava saber. Sigo até o quarto onde Vânia e Mel estão assistindo televisão e assim que elas me veem se voltam para mim com expectativa.

        — Acabou! — Digo simples e posso ver as lágrimas se formarem nos olhos de Vânia que abraça Mel e logo depois vem até mim me abraçando também.

       — Eu posso ir ver minha filha agora? — Ela pergunta assim que se afasta do abraço.

       — Sim, estamos indo para o hospital agora. — Vem Mel, vamos ver seus papais. — Digo e ela corre até mim.

       O caminho até o hospital foi todo em silêncio, era evidente toda expectativa de Vânia e até Mel parecia muito ansiosa para chegarmos lá.

        Entrar naquele quarto e ver meus meninos rodeados de pessoas que os amam e os apoiam encheu meu coração de alegria, eu sei o quanto eles vêm lutando para conseguir seguir enfrente e mesmo que eles agora estejam feridos, eu sei que em breve eles serão muito felizes.

       Depois de algum tempo conversando vejo Gustavo ficar um pouco mais retraído e quando estou prestes a falar para irmos embora Matheus é mais rápido, e só por isso, pela sua percepção de que Gustavo não está bem, eu já o amo mais.

       Saio com Mel do quarto e fico esperando Hector do lado de fora, eu sei que se meu filho pediu privacidade com o pai é porque ele não quer que o vejam frágil, por isso respeitei. Eu sei que eu disse que vamos voltar para minha casa, porém pensando melhor no assunto agora como vou voltar para o lugar de onde meu filho foi arrancado contra sua vontade? Como vou expor Mel àquele ambiente bagunçado? Não tem como!