XXXI- Não foi dessa vez

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                                       Bárbara

       Indico o caminho da sala para a apresentadora e ela me segue, vejo receio em seus olhos e começo a questionar o que de tão importante ela tem para falar comigo que ninguém possa ouvir.

        — Pronto estamos seguras, agora pode me falar o que você sabe. — Falo e vejo ela abrir e fechar a boca várias vezes mas nada sai.

       — Você pode me dizer, nada do que você falar vai sair daqui se você não quiser. — Digo tentando incentivá-la.

       — Bom ouvi você dizer que considerava Pedro como um filho. — Ela fala e eu faço que sim e espero ela continuar.

       — Então você considera Paloma como uma filha também? — Ela pergunta e agora isso começa a me interessar ainda mais.

       — Por que você quer saber? — Pergunto e vejo seus olhos se entristecerem ainda mais e ela apoiar a cabeça em suas mãos.

       — A senhora não respondeu a minha pergunta, mas eu responderei a da senhora. — Porque eu amo aquela garota mais que tudo, nos conhecemos no colegial e desde então nunca mais nos separamos. Mas fazem três meses que eu não consigo falar com ela de forma alguma, aquele canalha do Pedro diz que ela viajou, mas eu não acredito.

       Ela as vezes voltava para minha casa toda machucada e nunca admitia que era ele, mas eu sabia, eu sempre soube e nunca fiz nada, mas hoje quando você disse o nome dele eu soube imediatamente que algo de muito errado está acontecendo. — Ela diz e isso me faz pensar que realmente não vejo Paloma em canto algum da cidade, mas o que mais me surpreende é ela nunca ter mencionado uma namorada.

       — Por que ela nunca me falou de você? — Pergunto e vejo ela olhar em meus olhos.

       — Provavelmente ela falou, mas não deve ter me citado como namorada, já que o Pedro a proibiu de sequer me ver. — Ela fala e começo a puxar na memória e bingo!

       — Você é a mesma Bianca que pagou pelo primeiro café dela na faculdade? A mesma que foi para Angra? E a mesma que se declarou no dia da formatura? 
— Pergunto e vejo o espanto em seus olhos.

      — Essa sou eu. Mas eu achei que ela teria falado outras coisas e nunca essas.  — Ela diz surpresa e eu a entendi.

       — Eu te entendo, mas como eu disse eu conheço eles a muito tempo e mesmo que a Paloma não fosse tão próxima a nós eu ainda sim sempre me importei com seu bem estar. — Digo e vejo o primeiro sorriso do dia sair dos seus lábios.

       — Bom, então agora vamos resolver esse problema. — Digo e pego meu telefone para ligar para Hector, que ao primeiro toque já atende.

       — Amor presta atenção. Descobri quase sem querer que a Paloma está desaparecida e Pedro está dizendo às pessoas que ela está viajando. Tem como você verificar isso para mim e me falar? — Falo e desligo o telefone.

       Volto minha atenção para a garota a minha frente e ela parece ter relaxado um pouco.

       — Olha vamos fazer assim, você volta para a emissora e finge que nada aconteceu. Se por alguma acaso Pedro ou qualquer outra pessoa aparecer por lá te questionando sobre a entrevista você diz que só cumpre ordens e que nunca tinha me visto até aquele dia. — Digo e ela concorda sem questionar.

       — Anote meu telefone e se você se sentir ameaçada de alg uma forma você disca meu número que vou saber que precisa de ajuda. — Ela faz como eu digo e a indico o caminho para a porta. Nos despedimos e volto minha atenção para a Mel que ainda dorme.

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