Capítulo dezenove

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A realeza estava à porta. O rei Mizar e sua esposa, juntamente do rei Ara e a rainha Alya, aguardavam ansiosamente a redenção de Avice. Ela deveria se manter firme em sua decisão, por mais que a punição fosse inevitável. Quem em sã consciência acreditaria na mentira de Nolan?  E, é claro. Quem acreditaria em Avice? Seu plano possivelmente daria certo, mas devia existir o tempo exato para que ela se pronunciasse.

Assim que cruzaram o portão principal, os avistaram.

A posição estática, o semblante severo e a quantidade exagerada de soldados em volta dos monarcas. Um arrepio percorreu pelo corpo de Avice, assim que avistou seus pais um ao lado do outro, ambos com a cabeça erguida e o olhar furioso em direção à ela.

— Só mantenha o nosso plano — Nolan sussurrou enquanto se aproximavam — diga que queria conhecer o povoado daqui e que eu permiti que você fosse.

— O momento certo vai chegar — Júlia a encarou — não se precipite.

Fora um segundo para que Júlia estivesse cercada. Ela soltou a espada e desceu do cavalo, como se sua única intenção fosse proteger a princesa e nada mais. Mesmo assim, o suposto boato do sequestro da princesa feito por dois rebeldes já havia se espalhado rapidamente por todo o reino.

— Sou inocente — ela levantou as mãos, rendida.

Mesmo assim, os soldados a tomaram pelo braço como se quisessem levá-la para outro lugar.

Em um impulso rápido, Avice pulou do cavalo em que estava e com a autoridade de uma rainha, falou:

— Soltem-na.

Os soldados pareciam confusos, como se não soubessem o que deviam fazer.

— Eu disse para soltar ela — Avice os pressionou com o olhar — ela é uma de minhas damas e esteve comigo todo esse tempo.

A rainha Alya levou a mão ao peito, sabia que só havia uma dama e ela era Léa. Contudo, ela sabia que aquela abordagem não era a correta, sutilmente caminhou em direção ao rei Mizar e falou:

— Majestade, acha mesmo que essa é a maneira certa de abordar uma dama? — a voz suave e influenciável dela o acalmaram — o que dirão se virem essa situação?

— Soltem-na! — a ordem de rei Mizar fez os soldados a soltarem imediatamente — deixe-os avançar.

Nolan desceu do cavalo, um dos soldados pegou as rédeas dos mesmos e deu à um inferior para que os levasse para o estábulo.

Os três, caminharam em direção ao rei.

— Avice, seja bem vinda ao reino de Guersi. Espero que você se  sinta em casa assim como em Campbell — o rei Mizar estendeu a mão para a princesa — vamos entrar.

— Obrigada — Avice o encarou e seguiu em frente, sendo acompanhada por ele.

— Já não podemos esconder a grande surpresa — falou, em um tom animado como se não existisse problema algum — hoje daremos um baile, você será apresentada a nossa população.

O coração de Avice palpitou bruscamente, ela olhou por cima dos ombros, se certificando de que Júlia e Nolan estavam atrás. Assim que os identificou, tornou a olhar para frente.

O caminho era decorado por colunas detalhadas em ouro e pedras preciosas, o tom azul e dourado era visível no tapete aveludado que se estendia por todo o caminho.

As cores vibrantes preenchiam os olhos de Júlia, mesmo que antes trabalhava no castelo, nunca sequer ousou subir além das áreas de serviço. Se mantinha na cozinha e no quarto dos empregados, principalmente porque tinha medo de que Ara a reconhecesse, apesar de quase não tê-la visto; o rosto dela lembrava muito o rosto de Mira.

A princesa prometidaOnde histórias criam vida. Descubra agora