O preço do Amor

Cap 42

Se ele tinha razão ou não iríamos descobrir agora. O cirurgião que ficou confinado naquela sala por seis horas em fim saiu, no processo do seu andar foi desfazendo da toca azul escondendo entre os dedos. 

Meu coração congelou por antecipação, o ar era tão pesado, sufocante, respirar era tão difícil que preferir nem tentar. Levantei em um impulso mas quem chegou no médico primeiro foi meu pai. Andei trêmula até os dois, o médico me olhou rapidamente deixando transparecer um longo suspiro que me sufocou, como o ar que havia puxado saiu de mim. 

_ Sua esposa é forte. 

Não foi o peso da sua mão que repousou no ombro do meu pai que lhe fez ir de joelhos ao chão, foi a palavra a seguir. 

_ Ela lutou e venceu, Caio! 

Agachei rendida pela paz que alcançou cada lacuna do meu ser, abracei ele sendo envolvida no seu abraço apertado. 

_ Ela me trolou filha, graça a Deus por isso... 

Disse exaltado. 

_ Foi a mentira mais linda que ela já me falou! 

_ Vamos ligar pra casa pai!! 

Não era justo eu e ele compartilhar dessa notícia sozinhos. No seu concordar me levantei ajudando-o a levantar também, o doutor tinha coisas ainda para falar, esperamos pacientes. 

_ Ela vai pro pós operatório, vai está enjoada por causa da sedação, talvez um pouco de dor. 

Explica atentamente. 

_ Peço que tenha paciência, acontece de haver uma rejeição da família no começo, e...

_ Minha mulher não é assim doutor! 

Ergueu uma única sobrancelha coçando atrás da orelha nervoso, seu pomo de Adão foi evidentemente notado por nós  quando o doutor engoliu em seco.

_ Sua mulher entrou na sala de cirurgia com dois seios senhor, Caio. 

Meu coração errou várias batidas. 

_ Infelizmente só tem um! 

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Minha mãe dormia já fazia sete longas horas, meu pai não saiu do seu lado em momento algum, levou consigo uma poltrona encostando ao lado da cama, mesmo na posição desconfortável por está de bruço não cedia o lugar para ninguém, meus irmãos se acomodaram nas cadeiras espalhadas, sofá, mas não saíram em momento algum depois de receber a notícia. 

Já tinha virado um círculo vicioso, meu pai pegava as mechas de cabelo da minha mãe acariciando da raiz até as pontas, fazia o mesmo processo incansavelmente, tinha tanto amor, tanto carinho para com ela, seu toque era tão meigo, sua aproximação super acolhedora. 

_ Ju, amor, você já dormiu demais, está me deixando preocupado. 

Em pé ao lado do marco da porta eu tentava não encarar o volume do seu peito direito, mesmo coberto pelo lençol era perceptível um único volume elevado.

_ Quero te levar pra nossa casa, vou te dar café na cama e fazer massagens nos seus pés. 

Usou um tom carinhoso, brincalhão, o próprio ria da sua fala. 

_ Você já leva…  

Seu murmúrio arrastado fez nós cinco dar um passo para frente. Ela mexeu somente os lábios sorrindo divertida, meu pai por sua vez beijou seu sorriso, deixando as lágrimas caírem no rosto da nossa mãe.