A leoa de pelagem escura me levou por muitos lugares diferentes com muita velocidade.Passamos por florestas com altas árvores, eram escuras e bem fechadas. Via neve em outros alguns lugares. Esse lugar era muito estranho.
Depois de passarmos por tudo isso, ela me levou ao que parecia ser o fim ou o começo de biomas diferentes todos separados por vários rios que se ligavam ao meio formando um grande lago.
– Que lugar é esse? – Apesar de os rios serem um pouco estreitos, eles pareciam ser bem fundos.
– Chamamos de "A divisa". Ela separa nossos habitantes mas os mesmo tempo permiti que nos encontremos por algum tempo. Não conseguiríamos sobreviver tanto tempo fora dos nossos lugares. – Não sei porquê, mas acho que a Queen tem alguma história aqui.
– Mas nem todos obedecem, né? – Não acho que seriam todos a favor.
– Não. Vem. O nosso é por aqui. – Ela foi em direção do bioma com bem menos árvores de onde estávamos antes e a grama era mais seca assim como o ar.
– Como se chama? – Me referi ao lugar. Estava na beirada do rio.
– Savana. Tem umas épocas bem secas e as vezes tem pouca comida, mas isso acontece em qualquer lugar, então nem pense em fugir. –
– E pra onde eu iria? –
– Hum... Vamos. Sabe nadar não é? – Ela foi colocando as patas dentro água.
– Claro. – Fiz o mesmo.
Nadar com quatro patas era um pouco complicado, era quase como nadar de cachorrinho. Eu disse " quase".
Foi meio difícil de sair mas consegui. Porém quando me virei pra água, consegui ver algumas bolhas saindo da mesma. Me aproximei bem perto. E quando menos esperava, uma cabeça enorme saio de dentro da água em minha direção.
Dei o maior pulo pra trás quase caindo no chão.
– Wow, wow, wow, calma, ele não vai te machucar. Né Keri?! – Ela veio na minha direção e gritou pro grande lagarto. – Temo passe livre bobão! –
– Carne nova. – Disse voltando pro lago fazenda um barulho estranho.
– Desculpa, crocodilos, eles protegem a divisa, esqueci de avisar. –
– COMO VOCÊ ESQUECE DE ME AVISA UMA COISA DESSAS?! EU PODIA TER MORRIDO! –
– Desculpa, eles me deixa passar porque eu sou autorizada. Nem passo pela minha cabeça que eles iriam te atacar! – Ela pausou. – Você está tremendo.
Nem tinha percebido. Eu nunca pensei que iria passar por uma coisa dessas.
– *Suspiro* Olha, sinto muito. É bem difícil eu trazer alguém aqui, por isso eu não te avisei. É sério, eu esqueci. –
– Tá, esquece. Não vale apena briga agora. – Disse meio nervoso já parando de tremer. – Vamo logo pra esse lugar que você quer tanto me levar. – Ela deu uma risada interna.
– Esse lugar que eu quero tanto te levar... Eu chamo de casa. – Começamos a andar de novo.
Só de andar por alguns momentos por aquele lugar já pude sentir cheiros que nunca tinha senti antes, ouvi coisas que nunca tinha ouvido antes e vi coisas que nunca tinha visto antes. Prestava atenção em tudo, mexia minhas orelhas para todos os lados assim como meus olhos.
Estava bem de noite, mas o céu estava estrelado, o mato alto chegava até minha barriga, e dele saiam inúmeros vagalumes que brilhavam como estrelas.
Mesmo deslumbrado com aquela visão, ainda escutava os sons do lugar; O vento batendo nas folhas, as corredeiras de riachos, o sons dos insetos e os tuntuns de corações.
Com minhas garras de fora, as arrastava sentindo o solo, como se tivéssemos uma conexão.– A sensação é boa, não é? – Disse se aproximando de mim. – Me lembro quando me senti assim pela primeira vez. – Ela me dá um toque para andar. – Olha, eu já vou avisando pra você, no meu bando as pessoas são ótimas, vão ficar felizes de te ajudar. Mas... –
– Mas...?
– Tem um homem lá que pode não ser o ser mais simpático do mundo, não precisa se preocupar com ele, mas ele que vai ter um voto crucial se você vai ficar ou..... Não. –
– O QUE?! quer dizer que se esse cara não gostar de mim, eu não fico?! – Pra onde eu iria?
– Não é só ele que vai decidir isso, olha, não se preocupa com isso, deixa comigo. –
– Pra você é fácil falar, né?! –
– Tá bom, tá bom, antes que comece a brigar comigo mais uma vez, eu quero te mostrar uma coisa. – Ela parou de andar e fiz o mesmo.
– O que poderia ser tão importante?–
– Isso. – Virou a cabeça indicando para onde olhar.
Ela me revelou um lugar que era como um relevo rochoso que possuía entradas como cavernas, e árvores enraizadas nas pedras. Na frente de tudo aquilo tinha pedras mais baixas com alguns leões em cima. Em alguns pontos aleatórios tinham uma espécie de luminária que emanava luzes amarelas parecidas com fogo.
Andamos até a entrada que não estava muito longe. Já dentro daquele lugar cercado por pedras Queen me diz:
– Está tudo bem. Não tem porque ter medo. –
No mesmo momento, vejo um leão de juba marrom e olhos verdes vir correndo em nossa direção e juntar as testas com minha mais nova amiga.
– Minha linda rainha, você demorou muito. –
– Você que não é paciente. –
– Este é o pequeno que nós mandaram? – Disse se aproximando de mim.
– Em pessoa... Animal. – Disse a garota.
– Ela é sempre tão engraçada assim? –
– Só quando ela quer. – Ele piscou pra mim.
– Se o senhores já acabaram de falar mal de mim, eu gostaria de apresenta-lo para o pessoal. – Ela interviu. – Moro, esse é nosso líder e meu marido, Apolo, Apolo esse é o Moro. –
– Muito prazer. – Diz abaixando levemente a cabeça.
– O prazer é todo meu. – Digo fazendo o mesmo.
Quando o Apolo ia dizer alguma coisa, vejo de canto de olho algo gigante sair do meio das plantas com alguma coisa na boca.
– Sombra! Olha, o garoto está aqui! – Era um enorme leão de juba negra e olhos dourados com uma cicatriz muito feia no braço esquerdo. Na sua boca, tinha um animal morto que me deu arrepios.
Ele soltou a presa, caminhou lentamente até nós, parou bem na minha frente, deu uma risadinha e disse:
– Ils ont manqué d'espace dans le chenil? Pourquoi y a-t-il un chat ici? – (Ficaram sem espaço no canil. Porque tem um gato aqui?)
Peraí... Isso é francês?!

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A Minha Besta
Teen FictionEm 2235, houve uma era de caos entre o homens. Os cientistas acreditam na possibilidade de combinar o DNA humano com o de animal. E assim foi feito. Milhares de pessoas foram feitas prisioneiras e cobaias de desse plano irracional. Porém, depois de...