A Minha Besta

LAR DOCE LAR

   - Tão babaca, tão cedo. - Disse Apolo num tão cansado.

   - Cuida da sua vida. - Retrucou o tal "Sombra".

   - Moro, vem, vou te apresentar ao resto do pessoal, mas antes preciso que venha num lugar comigo - Queen me deu um sinal para segui-la, e foi o que eu fiz. Mas eu senti o olhar do leão negro queimar nas minhas ancas. Acho melhor apertar o passo.

   Ela me fez andar até a boca das "cavernas" e subir um andar a cima nas pedras adentrando em uma delas.

   - Essa é a minha toca, bom, minha e do Apolo. Gostou? - Dentro tinha peles espalhadas por todo o chão, era como um quarto pequeno. Tinha um daquelas luminárias estranhas do lado de fora. E também tinha um espelho de aparência bem antiga.

   - O que é isso? - disse apontando para o objeto brilhante.

   - Aqui chamamos de flor de fogo. Simula a luz de um tocha e nada mais. Temos medo de queimadas então não fazemos fogo. -

   - Esperto. -

   - Então... O que achou? - Disse se des transformando

   - Aconchegante, eu acho. Tem um ar acolhedor. -

   - Que bom que pensa assim. Ah, esqueci de uma coisa, não precisa ficar andando assim, pode se transformar. -

   Realmente, ficar naquela forma já estava começando a me incomodar. Então não vi problema nenhum.

   Ao voltar ao normal, olhei pra baixo e notou as minhas roupas estavam completamente rasgadas e justas!

   - Aaaahhh, o que aconteceu?!

   - ixxiii.

   - Não vem com "ixi" pra cima de mim!

   - Calma, eu já imaginava que isso poderia acontecer, então... Eu vou te dar isso. - Ela mostrou uma calça feita de couro marrom do mesmo material que a roupa dela, só que o dela era um top e um chortes corto. - Isso aconteceu porque sua massa muscular aumentou. Olha. - Me virei pro espelho antigo e vi que era verdade. Eu estava...

   Eu estava musculoso em todos os sentidos. Bom, menos nas coxas, isso eu já tinha bem formado. Eu era dançarino, então eu já tinha pernas fortes por treinamento.

   Comecei a tocar minhas novas linhas musculares tentando me entender. Mas de algum jeito parecia... Certo.

   - Vamos, coloca isso. - Ela jogou a calça pra mim.

   - Não tem uma blusa? -

   - Quer mesmo uma blusa de couro num calor de quarenta graus? As leoas até aguentam, apesar de ser um línio, você ainda é homem. - Fiquei quieto.

   - Foi o que eu pensei. Eu vou sair pra você se trocar, vá rápido e me encontre atrás das cavernas, as tochas iluminaram o caminho.- Confirmei com a cabeça. - Não se atrase.

   A Queen saio e eu comecei a me trocar com bastante dificuldade. Tanto de tirar minha roupa antiga, quanto de colocar a minha roupa nova. Depois fui na direção que me foi indicada. Não foi difícil achar o caminho. Conforme eu fui andando, comecei a ouvir vozes e elas foram aumentando cada vez mais até eu chegar no que parecia parecia ser a reunião mais horripilante que eu já vi. Presas demais.

   Ao notarem minha chegada as vozes foram sumindo e os olhares aumentando.

   - Moro, vem pra cá. - A Queen me chamou e eu fui bem rápido. - Você fica bem nessa cor. - Ela me deu um sorriso acalmador.

   - Você é o línio? - Perguntou um homem bem novo, cabelos negros, olhos pretos e pele morena.

   - Calma, Norte, ele acabou de chegar. - Ela chegou perto do meu ouvido e cochichou. - Estrela do Norte, nosso navegador, é mexicano, está a três anos com a gente, tem vinte e três, desconfiado que só ele. -

   - Nem todos são seus inimigos, estrelinha. - Levantou a voz uma jovem moça negra de longos cachos e olhos castanhos.

   - Cuidado com a boca, Lua. - Disse o moreno rosnando ao terminar a fala.

   - Lua, nossa estrategista, adora discutir com o Norte, chegaram ao mesmo tempo e ficaram na mania de superarem um ao outro, mas no fundo sei que se amam. -

   - Será que dá pra vocês pararem! Parecem dois filhotes miando de fome! -

   - E acho você já conhece o Sombra, nosso melhor caçador, chegou aqui aos dezoito muito machucado. - Disse olhando para ele, porém não parecia aquele mesmo leão que me deixou morrendo de medo. Ele era muito alto, tipo uns dois metros e dez, com longos cabelos negros lisos que ião até o meio de suas costas, tinha lindos olhos azuis e um físico invejável, mil vezes melhor que o meu, bom, exceto pelas coxas, nisso ninguém ganha de mim. Mas, nada nunca é perfeito.

   - Como ele ganhou aquela cicatriz? - Cochichou no ouvido dela.

   - Ninguém sabe, ele nunca contou. - Falou com um pouco de tristeza na voz.

   - Ok, ok, gente, vocês estão assustando o garoto. - Apolo se anuncia.

   - E esse homem maravilhoso, você já conhece, Apolo, um grande líder, ele nasceu aqui, seus pais eram líderes antes dele. Isso já faz muito tempo. Tem 40 anos. Ele me ensinou todo o que eu e o Sombra sabemos e eu ensinei ao resto do pessoal. -

   - Estão, pequenininho, quantos anos você tem? - Continuou ele.

   - Tenho dezesseis. - Todos fizeram caras de preocupação. - O que foi?

   - Ninguém abaixo de dezoito anos consegue entrar pela barreira. - Disse a Lua.

   - Então, se ele entrou, deve ter tido ajuda de alguém que conhece o sistema de trás pra frente de olhos fechados. - Queen falou e olhou pra mim. - Moro, alguém te colocou aqui. Sabe que era?

   - Foi... Foi... - Como era o nome dele? Ah, lembrei. - Igarash Torano. -

   Todos respiraram em alívio.

   - Tá explicado. - Disse o Sombra.

   - Como assim? - perguntei.

   - Aquele cara praticamente morou aqui. Sembre fazia pesquisas, saía e voltava quase todo dia. Ele é um grande amigo. Não vem mais pra cá a muito tempo. -

   Conversamos por muito e muito tempo. Me fizeram muitas perguntas e nem todas eu conseguia responder. Porém:

   - Gente, é melhor pararmos por hoje, o coitado já foi muito bombardeado hoje, e além de tudo, já vai amanhecer e as garotas tem que caçar amanhã. - Apolo disse em alto e bom som. A Lua e o Norte saíram.

   - Pois é, né? - ouvi a voz grossa e assustadora do leão negro se aproximar de mim. - Eaí gatinho de pelúcia, como você planeja caçar amanhã? Com o bando? Sozinho? Ou a gente pode só te jogar no mato e ver quem te mata primeiro, os leopardos, os hipopótamos ou os cães selvagens. - A cada palavra, ele se aproximava de mim mais e mais. - Eu aposto que ao primeiro sinal de perigo você vai sair correndo. - Ele levou a mão até o meu rosto e passou a garra na minha bochecha. - Como o gato assustando que você é.

   - Já chega, Sombra! - A voz da Queen fez com que ele parasse e se afastasse. - já atormentou ele demais por hoje. -

   - Nunca vai ser um leão de verdade. - Falou no meu ouvido e foi embora.

   - Moro. - Olhei pra ela. - Você já comeu carne crua alguma vez? -

   - Eu nem como carne cozinhada. Sou vegetariano. -

   Eles fizeram uma expressão de preocupação e surpresa.

   - Isso pode ser um problema. -