FLOR DE LÓTUS

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   O animal na minha frente tirou sua tromba do meu rosto e o levou para dentro tronco da árvore que nos cobria. De lá, ela retirou um grande botão de flor. Suas pétalas eram meio soltas e ficavam balançando conforme a mulher o levava para perto do rio. Colocou no chão perto da água e pressionou levemente. A flor se abriu lindamente emanando uma luz laranja amarelada.
   Era uma flor de fogo. Em uma versão bem maior. A luz da planta clareou o lugar dentro da copa do salgueiro, agora nos dando uma visibilidade bem melhor uns dos outros.
   Ela se deitou lentamente ao lado da planta.

   - Venha. - Chamou gentilmente a criatura com um movimento de tromba.

   Fui com a companhia de angel e sentamos ao seu lado.

   De repente, ouvimos outra coisa emergir da água, seguida de um barulho reptiliano. E então, vimos um crocodilo rastejando para fora do rio, arrastando algo grande feito de folhas pela boca.
   Levou para perto da Narciso, que agora estava ao lado de Mama Ayue.

    - Pega... - Disse o crocodilo para a mulher de idade falando sobre a coisa feita de folhas.

   Narciso se retransformou e pegou a "bolsa" com a boca. Então, o animal com escamas voltou para a água e mergulhou fundo, sumindo das nossas vistas.

   - O que tem aí? - Perguntei curioso.

   Em resposta, Narciso me olhou feio, como se estivesse me perguntando: "Por que quer saber?"
   Eu abaixei a cabeça com medo de seu olhar ameaçador.

   - Comida! - De repente uma voz familiar é ouvida ao lado do tronco do salgueiro. Era outro crocodilo, um pouco menor, mas mesmo assim, muito grande. - Temos uma regra aqui, que eu acho desnecessária por sinal, que não nos permite comer os animais que chegam aqui. - Disse em um tom de brincadeira.

   Ao chegar mais perto, eu me lembro de aonde ouvi sua voz. Era aquele homem coberto com escamas que eu vi mais cedo.

   - Vocês parecem ter muitas regras por aqui... - Comentei inocentemente.

   - Isso é um problema para você? - Ouvi a Narciso me questionando.

   - Ah, não, não, claro que não! Eu só comentei... - Respondi nervoso. Aquela mulher era muito intimidadora.

   - Narciso, pare de tentar assustar o garoto. Ele já deve ter passado estresse o bastante. - Interviu Mama Ayue fazendo sua amiga recuar.

   - Então, vamos abrir? - Perguntou o homem se referindo aquela "bolsa" de folhas.

   Narciso pegou de um lado com a boca e o crocodilo do outro. Os dois puxaram em direções opostas rasgando o saco ao meio. De dentro dele, saiu uma quantidade enorme de peixes vivos que ficavam pulando, desesperados, a procura de água. Um tentou escapar pulando em direção ao rio. Mas em um movimento rápido, o grande réptil abocanhou a pequena criatura e a engoliu de uma vez.

   Os dois carnívoros atacam o monte de peixes vorazmente, parecia que tinham passado uma semana sem comer.

   Foi surpreendente ver que a Mama Ayue não se importava em ver o seus amigos comendo carne.

   - Enfim... - Disse Angel ao meu lado. - Vamos as apresentações. Aqui temos, a grande e sábia elefanta Mama Ayue. A dona desse lugar. - A mencionada fez uma pequena reverência com a cabeça. - A hipopótamo protetora do Jardim, Narciso. - Fez o mesmo. - O feroz crocodilo, Couraça. - Grunhiu soltando um som reptiliano. - E... - Angel começou a virar a cabeça em todas as direções, como se estivesse procurando alguém.

   De repente sinto alguma coisa felpuda encostar em mim. Quando olhei para trás, vi uma minúscula criatura brincando com a minha cauda. Ela a pegava com as patinha, subia até em cima da cabeça e depois soltava em um movimento muito fofo.
   Eu me transformei em humano e peguei o pequeno animal no colo com cuidado.

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