DIGA ADEUS AO SEU NOME

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   Angel me solta e vai para o canto do recinto. Ao olhar em volta, noto a presença de mais três indivíduos na sala.
   Uma mulher negra, gorda, parecia ter mais de quarenta anos, com um coque alto, que olhava feio para mim. Ela era muito bonita.
   Um homem asiático com o cabelo puxado para trás, que também estava me olhando de maneira estranha. Tinha, o que parecia ser, escamas ao redor de seu rosto, nos ombros e mãos que seguiam até os cotovelos. Sem contar suas incomuns presas que ficavam a vista na parte de fora da boca. O que não o deixava feio.
   E uma menina bem jovem, parecia ter dez anos.
   Cabelos pretos, morena e possuía uma diferença de cor em seus olhos. O esquerdo era azul e o direito era castanho. Eram muito lindos.
   Tinha sua cauda e orelhas de fora, pela forma e aparência, ela era um coiote.

   - Então, de onde você veio? - Perguntou a mulher de meia idade.

   - A-Ah, e-eu... É... - Gaguejei demais, não conseguia pensar em nada

   - A-Ah, do Sul! É, o bando dele foi dizimado, ele foi o único que sobreviveu! - A Angel interviu gaguejando também, mas acho que conseguiu convencê-la.

   - Certo... E você o conhece por que?... -

   - É-é, nos conhecemos na ravina! Ele caiu lá quando estava fugindo. -

   Ela não parecia muito crente nisso.

   - Narciso, acho melhor esperarmos a Mama Ayue para continuar com as fazer perguntas. Ela disse que queria conhecê-lo. - Falou o homem com escamas para a mulher mais velha.

   - É, e eu queria saber porquê... - Disse a tal Narciso me encarando.

   - Bom, quando ela chegar daqui a pouco, você pergunta. - Os dois se entre olharam com seriedade. Então, o homem deu um passo para trás. Ele parecia intimidado.

   - Tá certo. A gente espera a Mama Ayue e vê o que acontece... - Surpreendente, a mulher pareceu mudar de ideia. - Angel! - Chamou a atenção da jovem hiena. - Será a responsável por ele enquanto nós o tratamos, entendido? - Angel balançou a cabeça positivamente. Então, os três os três foram embora, passando pela porta camuflada por raízes.

   Suspirei aliviado. Fiquei tão tenso com tudo isso que nunca fosse acabar.

   - Bom, poderia ter sido bem pior! - Disse minha amiga com animação.

   - É... - Não tinha muito oque falar.

   Eu estava cansado. Abri minha boca soltando um bocejo alto.

   - Vem, temos que ir a um lugar antes de ir para onde você vai ficar. - Angel se transformou em hiena e virou em direção a "porta".

   A segui até passarmos pelas raízes que cobriam a entrada. Quando atravessamos, pude ver toda a paisagem desse jardim escondido.
   Era um espaço enorme, rodeado por árvores. E mais a frente, tinha um lago gigante com uma ponte de terra no meio que chegava ao outro lado. Dentro dele, havia alguns animais com o corpo boiando na superfície e outros nas bordas, bebendo do mesmo.
   E por último, havia um rio escondido mais a frente que era ligado ao lago. Ele ficava atrás das árvores que nos rodeavam. E na beirada dele, tinha um belíssimo salgueiro com as copas caídas. Alguns ramos até chegavam a encostar na água corrente.

   Eu só podia descrever aquele lugar como maravilhoso. Nenhuma outra palavra seria justa.

   Angel nos levou até o salgueiro. Eu a acompanhei mancando muito por causa da dor. Mal conseguia por a minha pata no chão. Tinha que ficar a suspendendo no ar.
   Quando chegamos, passamos pela copa do salgueiro que revelou ser oca por dentro. Aquele lugar era tão grande que uma parte do rio passava por dentro da copa. Como disse antes e vou repetir, esse lugar é belíssimo.
   Angel me disse para sentarmos enquanto esperávamos as mesmas pessoas que me receberam aqui voltarem.

A Minha BestaOnde histórias criam vida. Descubra agora