ABRINDO OS OLHOS

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   – Moro! Moro, meu filho!! Você esta bem?! – Perguntei dando batidas na parede de vidro grosso que nos separava. Ele estava em forma de animal andando em círculos de cabeça baixa com a boca entre aberta soltando baixos grunhidos.

   – Ele não pode te ouvir. Sinceramente, não sei nem se ele está consciente. – Disse o mais velho com uma expressão pensativa.

   – Como assim "consciente"? – Perguntei confusa. Quero estar ciente de tudo, porque parece que esse homem não está me dizendo toda a história.

   Ele pega os óculos que estava usando, os limpa no jaleco enquanto dava um longo suspiro. Levantou os olhos pra mim colocando o objeto entre eles e diz:

   – Quando um humano é contaminado com o vírus animal sem nascer com ele, o infectado pode não voltar a ter suas funções de quando era uma pessoa. Ele fica como se nunca tivesse ficado em sociedade. Ele fica....... selvagem. – Escutar isso foi como levar um balde de água fria.

   – Quer dizer... Quer dizer que.... Meu filho pode nunca mais voltar?! – Perguntei apavorada. Ele apenas balançou a cabeça.

    Eu fui ficando tonta pouco a pouco até que comecei a cair pra trás com minha visão turva e senti ele me segurar e gritar alguma coisa que eu não consegui entender pois meus ouvidos estavam abafados. Fui colocada em uma cadeira para me recompor. Recuperando minha visão e minha respiração.

   – Você esta bem? Toma. – Ele se agachou na minha altura e me entregou um copo de água e colocou sua mão esquerda nas minhas costas esfregando-a.

   – Sim, eu estou. – Disse com uma voz fraca e trêmula. – Mas tem como ele voltar, né? – Olhei ele nos olhos com uma expressão de preocupação.

   Ele soltou um pequeno sorriu, olhou nos meus olhos, levou sua mão que estava nas minhas costas né levou até uma mexa do meu cabelo a levando para trás da minha orelha.

   – Sempre a esperança. – Essa me pegou de surpresa. Senti minhas bochechas queimarem e abrir um sorriso tímido involuntário.

   – Desculpe, com todo esse transtorno eu nem perguntei seu nome. – Ele está me ajudando, nada mais justo do que perguntar o nome dele.

   – *suspiro*..... É Igarash Torano, tenho 64 anos. – Disse de um relaxado, como se não tivesse importância, isso me intrigava.

   – Mayara Nafra, 43 anos. – Estendi minha mão para ele que a apertou com firmeza. Depois de nós encararmos por um tempo, ele soltou minha mão com leveza e voltou a prestar atenção onde os cientistas estavam trabalhando. Por algum motivo, ele parecia envergonhado. * Fofo* pensei.

   Voltei minha meus olhos para o Moro e veio uma pergunta na minha mente:

   – O que ele é? – Perguntei levantando da cadeira me sentindo melhor.

   – Está curiosa? – Dei de ombros.

   – Quero saber com o que estamos lidando. – Disse seria. O Moro era uma espécie de felinos grande, com pelos dourados e olhos azuis brilhantes.

   – Nós vasculhamos o DNA dele para descobrirmos qual era sua história genética e descobrimos traços de um animal que já nos foi visto como um dos animais mais belo do mundo: O leão.–

   – Um leão? Mas ele não tem juba. – Disse confusa. Não conheço muito a biologia animal, mas sei o básico.

   – Ele parece ser uma mutação meio rara mais comum do que você imagina no reino animal. Ele possui a aparência de uma leoa pelo DNA contaminado que ele recebeu no sangue que era de um leão na mesma condição. – Ele deu uma leve pausa , passando sua mãe em um painel e o levou ao lado de Moro mostrando a imagem de uma leoa em campo aberto. – Vê como são idênticos? – Ele apontou para a foto e meu filho. – Iguais fisicamente e instintivamente exceto pelos olhos. Os olhos desses felinos passaram a ser pretos por alguma rasão desconhecida ainda. Já os dos híbridos são de cores nada naturais como : Roxos, verdes, dourados, vermelhos, castanhos, azuis e etc. – Ele me explicou tudo detalhadamente, até que me lembrei de uma coisa.

   EU TENHO OUTRO FILHO! Aí, ele tá ferrado quando eu colocar as mãos nele!

   – E o meu outro filho? O Kiro. – Disse calmamente. Não vamos perder a postura.

   – Ele deve estar chegando. Mandei um pessoal para ir buscá-lo. – O encarei com a maior cara de duvida. – Nós investigarmos vocês, sabemos tudo sobre sua vida. – Eu me assustei dando uns passos para trás. – Hahahaha, estou brincando, olhamos seu histórico médico. O mais velho se machuca muito. – Soltei uma leve risada.

   – Pois é, o Kiro sempre se metia em encrenca, o Moro sempre foi o mais quentinho e olha o que aconteceu com ele. – Senti que o Igarash ia dizer algo, quando um apito alto tocou.

   Vinha do painel que monitorava o Moro.

   Vários cientistas chegaram para ver a situação enquanto eu me afastava e olhava para dentro da jaula. Eu o felino se contorcer, como se estivesse sendo quebrado de dentro pra fora. Seus pelos foram sumindo, mas a cauda, as orelhas e garras, acabaram ficando no meu garoto desacordado.

   – Ele regrediu! Se tornou humano outra vez! – Disse o médico e meio as pessoas. Em rápidos passos, ele veio em minha direção. – Eu disse que tinha esperança. –

   Eu poderia ter chorado de alegria. Mais um pensamento veio a mim antes que eu pudesse fazer qualquer tipo de comemoração.

   – O que vai acontecer com ele? – No mesmo momento, o sorriso do homem desapareceu. Virou a cabeça pra mim e disse:

   – Ele não pode viver em sociedade, sabe disso, é a lei. Mas ele ainda pode ficar vivo em outro lugar, se é isso que te preocupa. – Calmo e rápido, as palavras saíram deste jeito da boca dele.

   – Senhor, trouxeram o garoto. – Uma mulher morena chega com um pequeno corte na testa que estava sangrando um pouco.

   – Foi o Kiro? – Disse preocupada.

   – Relaxa, foi meio que sem querer, devia ver o que ele fez com os outros dois. Que briguento! – Fala colocando a mão no pescoço como se tivesse levado um tombo.

   – ME SOLTA! – A voz de Kiro passou pelos meu ouvidos como uma bala de canhão.

   – Kiro, já chega! – Ele olhou assustado, mas ele logo correu pra mim e me abraçou.

   – Mãe, o que tá acontecendo!? – Droga! Ele parecia assustado. Como falar tudo pra ele? Parecia coisa de mais.

   – Olha, Kiro, eu quero saber saber tudo que aconteceu. Porque eu sei que o Moro nunca faria nada do tipo e.... – De canto de olho, vi o meu outro filho se sentar com a cabeça baixa colocando as mãos por trás da cabeça forçando a mesma entre as pernas.

   – MORO! MORO, MEU FILHO! Você tá bem?! – Ele não mexeu um músculo. Tem alguma coisa errada. – Filho? –

   – Eu.... Eu me lembro.... Eu lembro. – Ele se encolheu mais entre suas pernas. Suas orelhas estavam baixas e sua cauda envolvia o seu corpo.

   – Moro acorda, você não tá dizendo coisa com coisa! – Kiro disse assustando

   – EU LEMBRO DE TUDO! – Ele, em um brusco movimento, se levantou e olhou para Kiro com raiva em seus olhos cheios de lágrimas. – DE TUDO! Da dor, da raiva, tudo! –

   Nunca tinha o visto desse jeito. Tão bravo, tão nervoso, tão... Selvagem. Como eu sou estúpida.

   – Moro, eu sei que fui um idiota. Mas o que eu quero que saiba que... Eu... Sinto muito – O menor travou de costas para todos, encarando a parede. Ele vira lentamente a cabeça em nossa direção e diz

   – Sente muito? ..... VOCÊ SENTE MUITO?! VOCÊ fez isso comigo! VOCÊ me transformo nisso! VOCÊ ME colocou naquele hospital! VOCÊ me coloco aqui! – Ele disse tudo isso chegando cada vez mais perto do vidro. No final, ele virou as orelhas para trás e disse cara a cara para Kiro. - Isso tudo... é culpa sua... -

A Minha BestaOnde histórias criam vida. Descubra agora