Capítulo 12 - Não Culpe os Mortos

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ALISSON


Às vezes coisas boas acontecem com pessoas ruins, às vezes coisas ruins acontecem com pessoas boas, como também coisas ruins podem acontecer a pessoas ruins. Alisson com certeza não sabe como responder a essas perguntas, ela se vê numa turbina onde sentimentos vazios são arremessados contra ela.

Se sentindo obrigada a alimentar a rede que a faz ser como todos a vêem: uma garota gostosa, sexy e perigosa. Um passatempo que, em sua opinião, já está se tornando inútil.

É como olhar no espelho e não reconhecer a máscara que usa, cada vez que o tempo vai passando, ela vai esquecendo do que realmente quer, o que ela realmente ama.

O namoro com André era um passatempo também, e deus sabe como Alisson se sentiu aliviada depois de ser dispensada por ele daquele jeito, apesar de sua máscara insistir que ela realmente ficará zangada com André e tentou provocar um pequeno inferno fazendo-o lembrar-se de coisas cruéis. Ela se odiou profundamente por ter provocado o que provocou, e sentiu-se estranhamente bem quando Marina tomou a frente e deu uma surra nela.

Vou ser uma pessoa melhor - ela diz cada vez que levanta da cama com esforço. Vou me livrar dessa máscara, vou ser eu. Ela até que está tentando.

E está falhando.

Infelizmente Alisson criará um legado que está sendo bem difícil de dissolver. Apagar a fama de vadia sem sentimentos está sendo um trabalho árduo. Um trabalho que Alisson já está se cansando.

Aliás, ela já está cansada há muito tempo. De tudo.

Passara o final de semana inteiro na cama sem vontade de fazer nada, sem disposição pra sair, comer ou até mesmo tomar banho. Quando desperta, ela logo toma dois comprimidos de Clonasepam para voltar a dormir novamente. O remédio era de uma receita da mãe de Alisson, o médico a receitara quando o irmão mais velho dela - tio de Alisson - morrera.

Seu cabelo está de um jeito indecifrável, sua cara está uma bagunça. Alisson se senta frente ao espelho, com a mão ela alcança o estojo de maquiagem. A cada produto aplicado sobre seu rosto, a mudança acontece devagar. Em alguns minutos ela parece radiante de novo.

Apenas por fora.


***


ANDRÉ

Meu celular vibra com a chegada de uma nova mensagem, deslizo a tela para o lado para visualiza-la.

- Animado para a competição, esquentado?

- Posso dizer que sim, e você ainda não me viu quente.

- Haha, é um convite?

- Hum... Talvez. Por que? Você aceitaria?

- Hum... Talvez.
Agora um assunto mais chato.

- O que?

- Estão montando uma assembleia para decidir sobre a minha permanência na escola, dá pra acreditar?

Aperto os lábios em um típico sinal irritado, isso só pode ser sacanagem.

- É sério que eles ainda estão com isso?

- E os desgraçados ainda se intitulam de Anjos do Lar. Enfim, se tudo der errado, essa é minha última semana na sua escola.

Uma ideia parece iluminar todo o meu cérebro.

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