Capítulo 11 - "O seu pai foi ferido"

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- Mamã, estás viva? – Dizia ela abrindo os meus olhos com as suas mãos.

- Maky, o que fazes levantada? Devias estar na cama – disse levantando-me rapidamente.

- O papá disse que podia andar um bocadinho e como não acordavas e não te mexias assustei-me.

- Está bem, não te preocupes, onde foi o pai? – Perguntei ao ver que não estava no quarto.

- Disse que ia falar com o doutor. Mamã, tenho fome.

- Não te trouxeram o pequeno-almoço?

Maky disse que não com a cabeça. Só a conhecia há umas horas e já sentia um profundo carinho por ela. Fui à casa de banho, lavei a cara e arranjei-me um pouco, quando saí Ross já estava no quarto com Maky nos braços.

- Maky, eu tinha-te dito para não a acordares!

Ela escondeu a cara no peito do pai.

- Não foi culpa dela, eu é que acordei – ao ver Ross com Maky comecei a perguntar-me a mim própria se algum dia farei parte desta família, mas acho que sim pois Maky queria-me como sua mãe e eu estava contente por poder sê-lo e para além disso terei uma pessoa ao meu lado que amo. A voz de Maky tirou-me dos meus pensamentos.

- Mamã, tu não vais deixar que me piquem, não é?

- Filha, já falamos disso, é para o teu bem – disse Ross tentando convencê-la.

- Não quero, não quero – dizia ela chorando e mexendo a cabeça.

Estendi-lhe os braços para pegá-la ao colo.

- Se queres sair rápido daqui tens que fazer tudo o que os doutores pedem, está bem linda?

- Mas vai doer muito!

- Vai ser só uma pequena picadinha, prometo-te e se te portares bem prometo que te levo ao parque quando saíres daqui.

- Não vou chorar se me deixarem comer bolos.

- Claro que sim filha – disse Ross com um sorriso.

Deixei Maky novamente na sua cama e aproximei-me de Ross.

- Bom dia – disse dando-lhe um rápido beijo nos lábios – Não dei por teres acordado.

- Estavas muito cansada e não quis acordar-te, eu sei que a Maky te acordou, desculpa mas é que ela nunca consegue estar quieta.

- Não faz mal, gostei que ela me acordasse – disse rindo – O que lhe vão fazer desta vez?

- Uma transfusão de sangue, mas ainda não conseguiram dadores – disse preocupado.

- Hm… E que tipo de sangue é?

- O positivo.

- A sério? Esse é o meu tipo de sangue, eu posso doar-lhe sangue.

- Fazias isso?

- Claro meu amor.

Sinceramente tinha um medo profundo de agulhas mas é só uma pequena picada, espero. O meu telemóvel começou a tocar insistentemente, da primeira vez desviei a chamada sem ver quem era mas foi tanta a insistência que tive de atender.

- Sim, diga.

- Senhora Oxford, lamento informar que o seu pai está a caminho do hospital.

As minhas pernas começaram a falhar e senti que perdi a força.

- O que estás a dizer?

- O seu pai foi ferido com uma bala e está a caminho do hospital.

- Estou aqui à espera dele no hospital, mas o que aconteceu?

- Não posso dizer-lhe por telefone senhora, vejo-a no hospital – e desligou a chamada.

Não consegui aguentar, sentia como o meu corpo se desvanecia, se não fosse Ross tinha caído no chão, de repente acordei no sofá com Ross ao meu lado.

- Como está o meu pai? – Disse alterada, logo quando acordei.

- O teu pai? Calma Sara, tu desmaiaste, talvez tenha sido um pesadelo.

- Não Ross, o meu pai foi atingido por uma bala, quero vê-lo, por favor diz-me que está bem – disse descontrolada, o meu pai era a única pessoa que tinha no mundo, agora tinha um marido e uma filha mas se o meu pai morresse não sei o que faria.

- Eu disse-lhe para aumentar a segurança – disse chateado.

- Por favor deixa-me ver o meu pai, eu estou bem.

- Eu vou perguntar em que quarto ele está.

Ross saiu uns minutos e depois entrou novamente.

- Está a ser operado, não podem dizer se está estável ou não até acabar a operação.

- Isto tem a ver com aqueles papéis que tu e o meu pai falavam?

Ele só baixou a cabeça.

Quero a verdade, porquê que o meu pai esteve desposto a trocar-me por esses papéis?

- Não me compete a mim dizer-te.

- Quando ele me disse que tinha de casar contigo ele também me disse que se não o fizesse que me podiam matar.

Ele levantou a cabeça rapidamente.

- Eu nunca vou permitir isso, tinham de me matar primeiro a mim, tens direito de saber a verdade mas não me compete a mim dizer-te, desculpa.

- Se acontece qualquer coisa ao meu pai nem sei o que faço – disse dando-lhe um abraço.

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