Capítulo 25 - "O meu pai enganou-a"

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- Isto é difícil de explicar, mas antes de qualquer coisa quero que tenhas a certeza de que o teu pai te amava – calou-se uns instantes – A Cassidy é tua irmã.

- Mas quem é a Cassidy?

- É a mãe da Maky.

Essa mulher é minha irmã? Mas não podia ser porque se fosse verdade eu sabia da sua existência.

- Estás a brincar, certo?

Ele negou com a cabeça.

- Ela era filha do teu pai, o teu pai ocupou o lugar do seu irmão, eles eram gémeos. Queres que continue?

- Sim, não estou a perceber nada.

- Tu eras filha do irmão gémeo do que tu conheces como teu pai, a Cassidy é filha do teu pai e tu és filha do que se supõe que é teu tio.

- A minha mãe sabia disto?

- Não, ela achava que o teu pai era o seu verdadeiro marido, ela supôs que o homem que tinha morrido era o irmão dele, mas na realidade quem morreu foi o seu verdadeiro marido.

- Ou seja, o meu pai enganou-a.

- Sim, mas antes de a tua mãe morrer ele contou-lhe a verdade. A Cassidy sabia de tudo mas aceitou esta farsa em troco de ter uma boa posição económica, na realidade a Cassidy é tua prima mas perante a lei é tua irmã.

- A pessoa a que eu chamava pai era meu tio…

O meu mundo caiu em pedaços, tudo em que eu acreditava era uma farsa, comecei a ter tonturas, a minha vista ficou nublada e a voz do Ross ouvia-se cada vez mais longe e depois perdi os sentidos. Não sei quanto tempo passou mas acordei com uma enfermeira a passar um algodão no meu nariz.

- Está a reagir – disse a sua colega.

Tentei mover-me mas o meu corpo não respondia, sentia-me demasiado cansada.

- Ross, Ross – repetia.

- Estou aqui Sara – passou a sua mão na minha cara.

- Como está o meu bebé? – Perguntei.

- Está tudo bem, foi só uma quebra de tensão – respondeu Ross, tranquilizando-me.

- Deve ter muito mais com a sua gravidez, você é jovem e para além disso está nos primeiros dois meses de gestação, estes meses são os mais importantes.

- Mas tiveste sorte e o bebé está em perfeito estado – voltou a dizer Ross.

- Onde estou?

- O hotel tem uma pequena enfermaria.

- Vou dar ordem para que a levem novamente para o quarto.

- Amanhã muito cedo vamos embora. Não faz mal ela viajar?

- Não faz mal, só tem de se preocupar para que ela não tenha muitos desgostos nem muitas felicidades.

Numa cadeira-de-rodas levaram-me de novo para o nosso quarto. Quando chegamos Ross pegou-me ao colo e deitou-me na cama.

- Sentes-te melhor? – Perguntou deitando-se ao meu lado.

- Como é que foi capaz de fazer tudo isto pelo dinheiro?

- Não te devia ter contado nada.

- Mais tarde ou mais cedo tinhas de me dizer. O meu “pai” sabia que a Maky era sua neta?

- Não, não tinha o direito de saber, o teu pai contribuiu para que a Cassidy nos abandonasse.

- Ele tinha contacto com essa mulher?

- Sim, ele contou-me que quando propus casar-me contigo tu ouviste parte da nossa conversa.

- Sim, mas senti-me tão mal que saí dali.

- Pois, se tivesses ficado mais um pouco tinhas descoberto tudo, Sara não quero que reclames nada do que o teu pai te deixou, agora és minha esposa e nada te faltará.

- Casaste pelo civil com a Cassidy?

- Sim, mas não te preocupes, divorciei-me dela duas semanas depois de ela nos ter abandonado.

- Então eu e a Maky somos da mesma família.

- Desculpa por não te ter dito antes mas não queria que ficasses dececionada, não tiveste a oportunidade de conviver muito com a Maky, por isso é que não reparaste.

- Não há mais nada que eu deva saber?

- Calma, só quero que saibas mais uma coisa, mas é algo bom.

Levantou-se e começou a levantar a camisola do meu pijama.

- Oh, claro vais mostrar-me uma coisa – disse a rir.

- Ainda que adorasse fazer amor neste preciso momento, isso não é o que quero – disse também rindo – Já está, já o encontrei.

- O que é?

- Isto é a tua marca de nascimento, verdade?

- Sim…

- A Maky tem uma idêntica só que do lado contrário.

- Como é que notaste? – Disse provocadora.

- Hum… A sério? Não te lembras? – Disse seguindo o meu jogo.

- Talvez se me ajudasses a recordar.

Beijou-me e separou-se de mim.

- O que se passa amor?

- Não sabes como gostaria continuar mas não podemos, tens de descansar.

- Vais deixar-me assim? Só com esse beijo? – E cruzei os braços tal e qual uma menina de dois anos, ele deu-me um beijo que me fez senti-lo em todo o meu corpo, pus os meus braços no seu pescoço para que não se afastasse de mim, paramos só um segundo para respirar e beijamo-nos outra vez.

- Se continuas com isto não vou conseguir conter-me Sara.

Estava a poucos centímetros dos meus lábios, não queria deixá-lo ir mas ele deu-me um último beijo e pôs-se ao meu lado novamente.

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