Capítulo 3

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Os dias eram apressados e sem perceber já era sexta feira novamente. Eu não havia feito amizade com ninguém e achava melhor manter assim. Pessoas não são confiáveis e eu não queria me apegar a ninguém. Eu precisava ser invisível.

Já estava na última aula, sociologia, o professor falava sobre um trabalho em dupla. Eu não sabia o que ele queria dizer mas não parecia legal pela cara dos alunos.

- Vocês vão escolher uma civilização e fazer uma pesquisa profunda e completa sobre ela. Eu vou escolher as duplas para não haver panelinhas. - todos resmungaram. Ele foi falando os nomes até que chegou o meu. - Núbia Griffin e Peter Parker.

Meu olhar se encontrou imediatamente com o de Peter, ele me deu um sorriso envergonhado e eu apenas dei de ombros.

Me comportar como uma adolescente comum era mais difícil que eu esperava. Eu não estava acostumada a expressar emoções, ter atitudes comuns como ficar envergonhada ou nervosa. Eu era sempre fria e sem emoções. Mas aos poucos eu estava tentando mudar isso. Porque eu queria ser uma garota normal.

Quando as aulas acabaram fui caminhando como sempre pra casa mas no portão da escola Peter me parou.

- Ei Núbia. O que acha de começarmos o trabalho hoje? Ele parece ser bem complicado e não temos muito tempo. - ele parece bem nervoso e agitado.

- Tudo bem. Onde fazemos?

- Pode ser na minha casa. Minha tia está trabalhando então poderemos fazer o trabalho sem interrupções. - ele coça a nunca inquieto. Garoto esquisito.

- Tá. Eu só vou avisar meus pais. - peguei meu celular e enviei uma mensagem a eles avisando que chegaria mais tarde hoje.

Eu e Peter começamos a caminhar em um silêncio que não me incomodava nem um pouco mas parecia deixar o garoto ao meu lado mais inquieto ainda.

- Você é nova na cidade? Nunca tinha visto você por aqui. - Ele puxa assunto me olhando de canto, suas mãos apertavam a alça da mochila.

- Sim. Eu fui adotada a poucas semanas. - digo simplesmente, não queria falar sobre minha vida.

- Mas você morava onde? - pergunta, reviro os olhos. O que custa ficar calado?

- Em um orfanato. - falei friamente, isso pareceu o deixar constrangido o suficiente para deixá-lo calado por um tempo. Mas logo ele recomeçou a falar sobre um tal de star wars que eu não entendia nada apenas concordava com a cabeça.

Finalmente chegamos ao apartamento dele, como Parker havia dito sua tia estava trabalhando então o lugar estava vazio. Nos sentamos na sala e começamos a pesquisar.

Horas se passaram e não havíamos chego nem na metade do trabalho. Eu estava a ponto de me jogar pela janela, talvez, doesse menos. Principalmente por termos escolhido uma civilização que eu nunca tinha estudado.

- Chega! Eu não aguento mais. - falo fechando o caderno com força, massageio minhas têmporas tirando alguns cachos que caíam em meus olhos.

- Tudo bem. Podemos deixar para finalizar amanhã. - ele fala organizando suas coisas e faço o mesmo.

A porta da sala abriu e uma mulher entrou se assustando com minha presença ali. Ela trazia sacolas nas mãos e apesar de alguns fios brancos ela não parecia tão velha.

- Peter, você não disse que iria trazer alguém aqui. - ela diz num tom surpreso mas animado. Pelo visto ele não levava muitas garotas pra casa, o que era estranho porque ele era bem bonito.

- Tia May, essa é a Núbia. Nós estávamos fazendo um trabalho da escola. - ele gagueja um pouco.

- Que nome lindo, querida. Eu sou May tia do Peter. - ela vem até mim me cumprimentando com um beijo no rosto me pegando desprevenida.

- Oi. - forço um sorriso. - Eu já estava indo embora, não precisa se preocupar.

- Não, fica pra jantar. Eu faço uma comida bem rápido e gostosa. - ela pediu com extrema animação que até poderia ter me assustado.

- Não precisa, eu realmente não quero incomodar. - digo já pegando minha mochila. Eu queria ir embora o mais rápido possível.

- Incômodo algum. Amiga do Peter é minha amiga também. - seu sorriso era grande e eu me perguntei se suas bochechas já não estavam doloridas. Quase soltei um "não somos amigos" mas não tive tempo.

- Me desculpa. - Peter disse recolhendo suas coisas. - Vamos pro meu quarto deixar a mochila lá. - Apenas concordei o seguindo, o quarto dele era bem comum havia algumas tecnologias retrô na mesinha, vários livros e um porta retrato com a foto de um casal.

- São seus pais? - perguntei pegando o objeto na minha mão, era um casal lindo e pareciam felizes. Eles se abraçavam e sorriam para a câmera.

- Sim, eles morreram quando eu era criança. - ele fala com pesar mas parece já ter superado a dor. - Por isso eu moro com minha tia.

- Sinto muito. - respondi, acho que era o que as pessoas falavam nesses momentos. Pelo menos foi o que eu vi em alguns filmes que venho assistindo para estudar o comportamento dos adolescente. - Os meus também morreram. Mas eu acabei indo para um orfanato.

- Não deve ter sido fácil lá no orfanato. - me olha com pena.

- Melhor do que onde eu estava. - deixei escapar e Peter me olha confuso.

- O que quer dizer com isso?

- Nada, esquece o que eu disse. - falo devolvendo o porta retrato para a cômoda e me viro. - Vou lavar as mãos. - falo indo até o banheiro.

Droga! Eu devia aprender a controlar essa minha língua.

Night Shadow |Peter Parker|Onde histórias criam vida. Descubra agora