Capítulo 11

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As últimas horas foram como flashes. Eu caminhando sem rumo. Um farol. Sirenes. Vozes apressadas. Agulhas me furando. Eu perdia a consciência e voltava a todo momento. Provavelmente pela perda de sangue.

Quando acordei em uma cama de hospital com a luz quase me cegando, encontrei Richard e Christopher dormindo na beira da cama. Eles seguravam minhas mãos e meu coração se apertou com esse ato.

Em toda minha vida ninguém nunca se preocupou comigo assim. Na ala da enfermaria, onde eu ficava depois de quase morrer de tanto apanhar, ninguém ia me visitar. Apenas, Núbia. E ela pagou o preço por isso.

Ao perceberem que eu estava acordada, os dois me abraçaram e se desmancharam em lágrimas. Eu sorria, tentando mostrar que estava tudo bem. Até que surgiu um médico com dois policiais.

O médico conferiu meu estado e os policiais começaram o interrogatório. Eu havia sido treinada para isso. Para parecer convincente. E nunca me contradizer. Já era automático. Criar uma história e acreditar veemente nela.

- Você não viu o rosto de nenhum deles? - perguntaram pela terceira vez.

- Como eu já disse senhores, eu estive vendada o tempo inteiro. - fiz meu papel de menina vulnerável. - Sinto muito não poder ajudar mais. Mas agora eu quero descansar e esquecer tudo que aconteceu. - meu olhos lacrimejaram, dando mais credibilidade.

- Tudo bem. Espero que se recupere, senhorita Griffin. - eles se despedem e vão embora. Meus pais sentam na beira da cama acariciando minha mão e meus cabelos.

- Os médicos disseram que terá alta amanhã. - Chris diz com a voz chorosa acariciando meu rosto.

- Tem uns amigos seus lá fora querendo ve-la. Posso deixa-los entrar? - Richard fala também com a voz embargada.

- Pode sim. - eles saíram um consolando o outro e logo Peter, Michele e Ned entraram apreensivos. - Não me olhem com essas caras de que viram um fantasma. - sorri ajeitando-me na cama.

Peter correu e me abraçou pegando-me de surpresa, depois veio Ned e por último uma Michele bem hesitante. Ela também não era tão boa em demonstrar sentimentos como eu.

- Gente! Vocês estão me esmagando. - falei com dificuldade e eles se afastaram em um pulo.

- Você está bem? Quando seus pais me ligaram perguntando se você estava comigo eu surtei, porquê já fazia horas que você tinha ido embora. Depois acharam sua mochila na rua. E eles começaram a falar algo sobre as primeiras 48 horas. Núbia, me desculpa. Eu devia ter te levado em casa. Você disse que já estava tarde mas eu fiquei te enchendo. - Peter falou desenfreadamente andando de um lado pro outro, passando as mãos no cabelo. - Se eu tiv-

- PETER. - gritei fazendo ele parar, fiz uma careta com a dor que surgiu na região da costela. - Eu estou bem. Não foi culpa sua. Não é sua obrigação ser meu guarda-costa.

- Você está bem mesmo? - Ned perguntou, Michele apenas observava do canto.

- Um pouco fraca pela perda de sangue e dolorida, mas bem. Vaso ruim não quebrar fácil. - tentei fazê-los rir mas não funcionou. Revirei os olhos. - Gente, sério. Eu estou bem. Amanhã eu já vou estar em casa e semana que vem já posso ir pra escola.

- Como você pode estar assim tão calma? Você foi sequestrada e torturada. E fala como se só tivesse caído da escada. - Michele diz indignada.

- Eu só estou tentando esquecer, ta bom? - fingi chorar, deixando transparecer cansaço e medo em meus olhos, pareceu comove-los. - Eu só quero esquecer o que aconteceu.

- Núbia...eu sinto muito. - ela se aproximou sem saber como agir. Peter estava a beira de chorar, assim como Ned.

- Obrigado por virem me visitar, mas agora eu quero descansar. - me virei para que eles entendessem que eu queria que eles se retirassem. Ouvi uma movimentação e logo o barulho da porta batendo.

Night Shadow |Peter Parker|Onde histórias criam vida. Descubra agora