Night Shadow |Peter Parker|

Capítulo 13

Era notável a mudança das estações. O vento soprava frio e congelante, e a neve caia cobrindo toda Nova York deixando uma paisagem exuberante. Com a chegada do inverno também veio o recesso das aulas. Faltava poucos dias para o Natal e todos já pareciam estar sentindo o espírito natalino.

Tentei pesquisar sobre, mas como nunca tinha comemorado antes era impossível sentir o que todos aparentemente estavam sentido.

Terminando de passar perfume fui até o espelho admirar meu look, como disse Chris. Peter havia me convidado para uma festa na torre Stark, então aqui estava eu com um vestido vinho de mangas colado ao corpo,meia calça e botinhas. Eu não estava muito afim de ir mas isso parecia importante para Parker e não queria vê-lo triste.

Vesti o sobretudo para me proteger do frio a qual eu iria me expor e passei meu perfume, caminhei até a sala já decorada para o Natal encontrando meus pais deitados no sofá assistindo algum filme juntos.

- Você está um arraso, filha. - Christopher é o primeiro a se manifestar mesmo que ele mesmo tenha escolhido a roupa e me maquiado. Richard fez uma careta e recebeu um cutucão do marido. Ele não estava muito contente com a ideia de eu sair com algum garoto.

- Está linda, querida. De onde que esse garoto conhece o Stark mesmo? - e mais um cutucão.

- Peter faz estágio nas indústrias Stark, pai. Não se preocupe se ele tentar algo eu sei me defender. - vou até eles e abraço-os, dando beijos em suas bochechas. - Comportem-se. - brinco saindo do apartamento.

Na calçada um carro já me esperava e um Peter todo engomadinho saiu para abrir a porta, entrei rapidamente para escapar do frio já com minha pele totalmente arrepiada. Ele entrou em seguida esfregando as mãos tentando aquece-las.

- Não precisava abrir a porta pra mim. - peguei suas mãos tentando aquecer com as minhas.

- Sou um cavalheiro que sabe tratar uma dama. - sorri de lado olhando em seus olhos. Havia tanto calor e bondade ali. Tão diferentes dos meus. Será que Peter conseguia enxergar toda podridão dentro de mim?

Aproveitei nossa proximidade e juntei nossos lábios em um beijo rápido mas o suficiente para deixar um sorriso bobo no rosto do garoto a minha frente.

O carro estava em movimento mas parecia que estávamos em nossa própria bolha incapaz de perceber algo ao nosso redor.

- Você está linda. - elogia olhando-me por completo, sorri.

- Você também não está nada mal. - reparei em sua roupa, uma calça social e uma camisa social azul marinho por baixo de um sobretudo preto. Ele estava divinamente lindo. O beijei mais uma vez.

Escutamos um pigarro e nos separamos vendo o motorista nos indicar que já havíamos chego. Peter saiu e mais uma vez abriu a porta para mim. Mal tive tempo para olhar a torre e já entramos nela para escapar da neve.

Parecendo já conhecer o lugar Peter me conduziu ao elevador. Era tudo muito moderno como se qualquer toque errado pudesse rachar algo. Quando as portas se abriram novamente revelou uma festa em clima natalino e por impulso apertei a mão de Peter.

Deixamos nossos casacos ali, já que o clima na festa estava bem aquecido e me diverti com o olhar de Parker sobre meu vestido. Voltando a realidade ele me guiou pelo local indo até o famoso Tony Stark. Pelo olhar era perceptível que Parker admirava-o.

- Senhor Stark. - chamou. Era inegável que a presença de Stark era imponente e até um pouco intimidadora. Mas eu sabia lidar com homens assim. - Essa é Núbia Griffin, minha...- ele gaguejou no final.

- ...amiga. - completei sorrindo. - Prazer. - apertei sua mão.

- Você não disse que sua amiga era tão bonita, pirralho. - ele beija minha mão.

- Não acha que ela é muita areia pro seu caminhãozinho, garoto? - um outro aparece. Era o Gavião Arqueiro. Eu sabia quem era cada um ali, eu já havia os estudado. Mas precisamente para mata-los.

- Ele dá duas viagens. - respondo fazendo Stark ri e Peter ficar envergonhado.

- Podia ter ido dormir sem essa. - Romanoff comenta me analisando de cima a baixo com seu olhar ágil de espiã.

Eu havia crescido ouvindo suas histórias e me inspirando nela. Ela não era só uma viúva negra. Ela era A Viúva Negra. E eu não podia vacilar um sorriso se quer ou ela perceberia.

- Pelo visto sua amiguinha tem língua afiada, garoto. - Stark ria.

Trocamos mais algumas respostas ácidas, até que Clint começou a ficar realmente irritado com meu deboche e Peter me arrastou pra longe dali.

- Isso foi divertido. - digo rindo enquanto me sento no sofá que tinha ali.

- Você é maluca. Ele estava a ponto de te dar uma flexada. - ele parecia assustado mas achando graça ao mesmo tempo, dei de ombros.

- Ele que começou. - me defendi. Um garçom passou e nos serviu refrigerantes. Ele segurou minhas mãos, as pontas frias de seus dedos me fazendo ter pequenos arrepiados.

- Eu já disse o quanto você está linda? - sorri ficando pela primeira vez sem graça com o elogio repentino. Só Peter causava esse efeito em mim. E eu o odiava por isso. - Olha só, não é que ela fica envergonhada. - ele zoa apertando minhas bochechas.

- Você é insuportável. - reviro os olhos observando todos aqueles heróis a minha volta.

Eu me sentia deslocada. Aquele não era meu lugar. Eu não fazia coisas boas como aquelas pessoas. Eu não sou uma heroína como Peter ou o Homem de Ferro. Eu seria a pessoa que eles caçariam para prender.

- O que foi? - Peter pergunta vendo meu desânimo repentino.

- Nada. Só lembrei dos meus pais. Eles amavam o Natal. - inventei. Ele se aproxima acariciando meu rosto e olhando em meus olhos.

- Droga! Eu só queria ser bom com palavras para poder dizer algo pra te fazer sentir melhor. - acabo rindo de sua frustração.

- Mas você é bom em outra coisa. - foi sua vez de ficar vermelho.

Sem resistir juntei nossos lábios sentindo o gosto do refrigerante ainda presente nos seus. Eu não me importava que estávamos no meio de uma festa cheia de super heróis e que provavelmente Stark soltaria uma piadinha depois. Eu só queria beijar Peter. Parecia que agora havia se tornado impossível me manter afastada dele, meu corpo necessitava de seus toques.

- E a regra sobre não beijar em público? - fala assim que nos afastamos.

- Está reclamando? Posso parar. - provoco.

- Quem disse que eu estava reclamando? - ele sorri me beijando novamente. Sua mão agarrou minha nuca me trazendo para mais perto enquanto sua língua trabalhava contra a minha.

E novamente aquela bolha se formou a nossa volta. O mundo poderia desabar e nós dois nem perceberíamos. Ficamos conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Assuntos dos mais fúteis até os mais profundos. E cada vez mais Peter tomava espaço dentro de mim, eu só não sabia se isso era bom ou ruim.

Mas como felicidade não dura para sempre, em um certo momento de nossa conversa o barulho das portas do elevador se abrindo chamaram minha atenção e quem saiu de lá causou-me arrepios tão profundos que senti meu estômago revirar.

Seus olhos foram direto para os meus e o reconhecimento foi instantâneo. Agarrei a mão de Peter para ter certeza que aquilo era real ou alucinação pelo excesso de refrigerante.

- Preciso ir ao banheiro. - sorrio de leve e me levantei calmamente para não cair com minhas pernas trêmulas.

Caminhei pelos corredores sabendo que ele viria atrás de mim, meu coração batendo mais forte que o galope de um cavalo.

- Se controla, Savanna. - uma voz familiar soou.

Respirei fundo e andei mais cautelosamente me misturando com as sombras, minha mão pegando o pequeno canivete preso em minha meia calça. Eu precisava ser como uma sombra. Imperceptível.

Quando um braço reluzente passou por mim o puxei jogando-o para dentro de um dos cômodos. Chutei seu peito e o pressionei contra a parede, o canivete em seu pescoço. Seus olhos azuis não pareciam tão mortais como antes, mas eu não abaixaria a guarda.

- Quem te enviou, soldado? - pergunto em russo.