Capítulo 14

66 11 0
                                    

Quando a porta da cabine abriu, o coração de Harry parou por um segundo no peito diante da possibilidade de um Dementador aparecer novamente sob o batente, voltando para terminar de aterrorizá-lo, mas quem apareceu foi Remus Lupin e ele trazia pelos ombros a figura familiar de Dallas que estava pálida e ofegava. Lupin a sentou no banco ao lado de Hermione, mas a mudança de posição e o fato de estar em outro ambiente parecia não ter sido registrado pela garota. Dallas ainda expirava e inspirava de forma rápida e descompassada, apertando os dedos sobre o peito e amassando o tecido de sua camisa de botões.

— O que há de errado com ela? — Ron soltou a pergunta que estava entalada na garganta de Harry. Lupin sentou ao seu lado, com a varinha erguida, mas exceto observar Dallas de perto, não fez mais nada para ajudá-la.

— Dallas? — Harry chamou pela garota e estendeu uma mão para tocá-la, mas em um gesto rápido Lupin o segurou pelo pulso, o pegando de surpresa. 

A reação de Lupin causou uma reação reflexa em Dallas que parou de hiperventilar e focou os seus olhos curiosamente em um tom violeta no professor. As íris sempre dela foram dessa cor ou era um truque de luz? Harry pensou quando sentiu os dedos de Lupin tensionarem contra o seu pulso antes de relaxarem e o homem o soltar vagarosamente, tendo todos os seus movimentos observados cuidadosamente por Dallas. Havia um misto de surpresa e compreensão no rosto de Lupin e ele ergueu as mãos em um gesto de rendição e em seguida abaixou a varinha lentamente, direcionando a sua ponta para o chão em uma posição de "não-ameaça". 

— Está tudo bem. — ele disse em um tom calmo e suave. — Hermione? Por que Harry e você não trocam de lugar? — Hermione e Harry trocaram olhares curiosos, mas fizeram o que o homem pediu. Assim que Harry sentou ao lado de Dallas, o corpo dela relaxou consideravelmente e os dedos da mão direita abriram-se, soltando a camisa que antes ela esmagava dentro do punho cerrado.

À medida em que Dallas ia relaxando cada vez mais ao lado de Harry, ele notou que os olhos dela voltavam ao tom azul usual, e isto o intrigou. Várias piscadas de olhos depois, a cor violeta sumiu das íris e Dallas recuperou uma cor rosada e saudável em suas bochechas e parou de ter a crise de asma. 

— Tome. — Lupin estendeu à ela uma barra de chocolate, que Dallas hesitou um segundo antes de pegar e dar uma mordida na ponta do doce. — A sua espécie não interage bem com criaturas das trevas, por isso desta reação exacerbada. — ele explicou e se um olhar pudesse matar, Lupin já estaria caído, morto e enterrado, diante do olhar que recebeu de Dallas. 

— Espécie? — Hermione perguntou e mirou Dallas como se a outra garota fosse um novo e fascinante segredo e ser desvendado. 

— Severo tem conhecimento de seu status? — Lupin perguntou, ignorando completamente a interrupção de Hermione. 

— Sim. — a resposta de Dallas saiu rouca e Harry ofereceu à ela a garrafa d'água que comprou mais cedo da bruxa do carrinho de doces. 

— Que espécie? — Hermione repetiu a pergunta, porque o que ela mais detestava era ficar de fora do assunto. Dallas deu uma golada na água antes de responder:

— Por que você não deixa a sua cabeça grande de sabe-tudo fora disto, Granger? — disse grosseira e Ron empertigou-se no lugar, pronto pra sair em defesa de Hermione.

— Não seja grosseira, Dallas. — Lupin repreendeu a menina com gentileza. — Hermione só está curiosa e não há vergonha alguma…

— Já passou-lhe pela cabeça — Dallas interrompeu o homem bruscamente. — que talvez não seja da conta de ninguém o que eu sou ou deixo de ser? Ainda mais de Granger que é uma completa estranha para mim e portanto não tem nenhuma autoridade para saber coisas sobre a minha intimidade? — Hermione fechou a boca tão rápido que os seus dentes bateram uns nos outros, gerando um alto som de estalo, e Lupin recuou diante da ofensiva, mas não tentou mais argumentar. — Ótimo! — Dallas colocou-se de pé e entregou a água e o restante da barra de chocolate para Harry. — Ah, e professor? — ela chamou logo assim que abriu a porta da cabine em um deslizar. — Um segredo por um segredo. Se contar o meu, eu conto o seu. — e ao sair, fechou a porta com uma batida dramática. 

Entre ExtremosOnde histórias criam vida. Descubra agora