Capítulo 28

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Uma hora após o fim da primeira tarefa, Dallas ainda estava em um estado de nervos que fazia todo o seu corpo tremer. Dragões! De tudo o que o Ministério poderia pensar para colocar como desafio para os campeões, dragões foi a última coisa que passou pela cabeça dela. O mundo da magia era interessante, mas possuía uma curiosa displicência quando o assunto era a segurança de jovens bruxos. Era como se, inconscientemente, a sociedade estivesse fazendo uma seleção natural onde somente os bruxos mais fortes, que sobrevivessem a adolescência e as loucuras e periculosidades que algumas matérias de Hogwarts ofereciam, ganhariam o direito de viver naquele mundo. Portanto, não deveria ter se surpreendido quando viu os dragões.

Potter, claro, foi espetacular ao invocar a sua Firebolt e voar a toda velocidade pelos terrenos da escola, fugindo do Rabo-Córneo Húngaro, como se a sua vida dependesse disto. E, pensando bem, realmente dependia. Mas no fim conseguiu capturar o infeliz do ovo dourado e ser ovacionado por todos aqueles que até horas atrás debochavam no grifinório. Dallas sentiu nojo absoluto quando testemunhou tamanha falsidade.

Agora tudo finalmente tinha passado, Potter sobreviveu a primeira tarefa e o coração de Dallas aos poucos parava de bater tão acelerado em seu peito. A voz de Draco e os seus resmungos eram um eco distante e a tensão de todos aqueles acontecimentos a deixou exausta. Dallas recolheu-se cedo, esperando que quando abrisse os olhos no dia seguinte, as coisas estivessem melhor. E, curiosamente, estavam. Mais da metade de Hogwarts agora apoiava Potter junto com Diggory, a outra parte mantinha-se neutra e os sonserinos, somente para contrariar a regra, continuavam contra o garoto. Dallas, como sempre, era a exceção. E então, ao final do café da manhã, Dumbledore anunciou o Baile de Inverno e foi aí que Dallas compreendeu qual era o tal evento formal que a sua avó tinha comentado. Mas o pior não era o baile, porque de eventos formais Dallas estava diplomada, o pior era que a ida para o baile exigia um acompanhante e Dallas viu nisto o seu inferno astral começar.

Não era burra e muito menos cega e tinha espelho no banheiro do dormitório feminino. Um espelho que todas as manhãs fazia questão de dizer que se ela ficasse ainda mais bonita, seria uma ofensa a humanidade. Dallas percebia que os genes Veela estavam ficando cada vez mais aflorados, percebia os olhares que fingia não ver, então não foi com surpresa que após o anúncio do baile, os primeiros corajosos aproximaram-se dela para convidá-la para o evento, e serem grosseiramente dispensados.

— Nós poderíamos ir juntos ao baile. — Dallas declarou de forma imperiosa ao sentar-se ao lado de Patrick na hora do almoço. Theodore Nott tinha acabado de convidá-la para o baile e esta foi uma experiência que ela não queria repetir nunca mais em sua vida.

— Sem chances. Até porque, eu não estarei aqui.

— Como é?

— O Baile de Inverno será no Natal e não é um evento mandatório. Além disto, todo fim de ano os Gordon embarcam para a Austrália para aproveitarem o calor e o sol da Oceania.

— Eu te odeio, profundamente.

— Eu sei. Mas não sei porque você está pedindo para mim, Harry está bem ali. — Patrick apontou com a ponta do garfo para a mesa da Grifinória. — Ele ainda não te convidou? — o tom dele era genuinamente surpreso e Dallas fez uma carranca. Não, Potter não tinha a convidado e provavelmente nem iria. Uma coisa eram encontros e conversas casuais, sem testemunhas ao redor deles, e troca de correspondências durante as férias, outra era o garoto de ouro da Grifinória levar uma serpente da Sonserina para um evento público.

— Eu não vou ao Baile de Inverno com Potter. Até porque, é bem provável que ele convide a Granger. — a carranca dela aprofundou-se e Patrick riu. A foto de Potter e Granger abraçando-se antes da primeira tarefa foi manchete do Profeta Diário e o texto de Rita Skeeter sobre o romance entre os dois jovens deixou um gosto amargo na boca de Dallas quando o leu. Realisticamente, ela sabia que não deveria acreditar no que Skeeter dizia, ou escrevia, a repórter tinha fama de inventar e aumentar muitas coisas em suas matérias, pois ela era uma colunista de fofocas, por favor, mas uma imagem vale mais do que mil palavras e Granger e Potter estavam bem grudadinhos naquele abraço.

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