Uma hora após o fim da primeira tarefa, Dallas ainda estava em um estado de nervos que fazia todo o seu corpo tremer. Dragões! De tudo o que o Ministério poderia pensar para colocar como desafio para os campeões, dragões foi a última coisa que passou pela cabeça dela. O mundo da magia era interessante, mas possuía uma curiosa displicência quando o assunto era a segurança de jovens bruxos. Era como se, inconscientemente, a sociedade estivesse fazendo uma seleção natural onde somente os bruxos mais fortes, que sobrevivessem a adolescência e as loucuras e periculosidades que algumas matérias de Hogwarts ofereciam, ganhariam o direito de viver naquele mundo. Portanto, não deveria ter se surpreendido quando viu os dragões.
Potter, claro, foi espetacular ao invocar a sua Firebolt e voar a toda velocidade pelos terrenos da escola, fugindo do Rabo-Córneo Húngaro, como se a sua vida dependesse disto. E, pensando bem, realmente dependia. Mas no fim conseguiu capturar o infeliz do ovo dourado e ser ovacionado por todos aqueles que até horas atrás debochavam no grifinório. Dallas sentiu nojo absoluto quando testemunhou tamanha falsidade.
Agora tudo finalmente tinha passado, Potter sobreviveu a primeira tarefa e o coração de Dallas aos poucos parava de bater tão acelerado em seu peito. A voz de Draco e os seus resmungos eram um eco distante e a tensão de todos aqueles acontecimentos a deixou exausta. Dallas recolheu-se cedo, esperando que quando abrisse os olhos no dia seguinte, as coisas estivessem melhor. E, curiosamente, estavam. Mais da metade de Hogwarts agora apoiava Potter junto com Diggory, a outra parte mantinha-se neutra e os sonserinos, somente para contrariar a regra, continuavam contra o garoto. Dallas, como sempre, era a exceção. E então, ao final do café da manhã, Dumbledore anunciou o Baile de Inverno e foi aí que Dallas compreendeu qual era o tal evento formal que a sua avó tinha comentado. Mas o pior não era o baile, porque de eventos formais Dallas estava diplomada, o pior era que a ida para o baile exigia um acompanhante e Dallas viu nisto o seu inferno astral começar.
Não era burra e muito menos cega e tinha espelho no banheiro do dormitório feminino. Um espelho que todas as manhãs fazia questão de dizer que se ela ficasse ainda mais bonita, seria uma ofensa a humanidade. Dallas percebia que os genes Veela estavam ficando cada vez mais aflorados, percebia os olhares que fingia não ver, então não foi com surpresa que após o anúncio do baile, os primeiros corajosos aproximaram-se dela para convidá-la para o evento, e serem grosseiramente dispensados.
— Nós poderíamos ir juntos ao baile. — Dallas declarou de forma imperiosa ao sentar-se ao lado de Patrick na hora do almoço. Theodore Nott tinha acabado de convidá-la para o baile e esta foi uma experiência que ela não queria repetir nunca mais em sua vida.
— Sem chances. Até porque, eu não estarei aqui.
— Como é?
— O Baile de Inverno será no Natal e não é um evento mandatório. Além disto, todo fim de ano os Gordon embarcam para a Austrália para aproveitarem o calor e o sol da Oceania.
— Eu te odeio, profundamente.
— Eu sei. Mas não sei porque você está pedindo para mim, Harry está bem ali. — Patrick apontou com a ponta do garfo para a mesa da Grifinória. — Ele ainda não te convidou? — o tom dele era genuinamente surpreso e Dallas fez uma carranca. Não, Potter não tinha a convidado e provavelmente nem iria. Uma coisa eram encontros e conversas casuais, sem testemunhas ao redor deles, e troca de correspondências durante as férias, outra era o garoto de ouro da Grifinória levar uma serpente da Sonserina para um evento público.
— Eu não vou ao Baile de Inverno com Potter. Até porque, é bem provável que ele convide a Granger. — a carranca dela aprofundou-se e Patrick riu. A foto de Potter e Granger abraçando-se antes da primeira tarefa foi manchete do Profeta Diário e o texto de Rita Skeeter sobre o romance entre os dois jovens deixou um gosto amargo na boca de Dallas quando o leu. Realisticamente, ela sabia que não deveria acreditar no que Skeeter dizia, ou escrevia, a repórter tinha fama de inventar e aumentar muitas coisas em suas matérias, pois ela era uma colunista de fofocas, por favor, mas uma imagem vale mais do que mil palavras e Granger e Potter estavam bem grudadinhos naquele abraço.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Extremos
Fanfic15 anos atrás eu escrevi uma fanfic sobre Dallas Winford, uma trouxa que descobriu ser uma bruxa, que foi para Hogwarts, que viu-se sorteada para a Sonserina e que apaixonou-se por Harry Potter e enfrentou um dilema: qual caminho a seguir agora com...