Capítulo 4

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A felicidade de Draco diante da possibilidade de ter expulsado Harry Potter da escola não durou nem um dia, porque no dia seguinte o assunto que rolava pelos corredores de Hogwarts era que Potter era o apanhador mais jovem da história da escola. Até aí tudo bem, porque a entrada de Potter no time de Quadribol foi um tapa sem mão na cara de Draco, então Dallas estava completamente satisfeita com esta reviravolta. Pena que a sua satisfação não durou muito tempo, porque agora Draco estava infeliz e isto significava que todos os primeiros anistas que conviviam com ele tinham que ouvi-lo resmungar e reclamar e dizer repetidamente que as regalias que Potter estava ganhando era uma injustiça e que ele iria dar queixa ao seu pai sobre isto. 

— E o que exatamente o seu pai pode fazer em relação a isto? — Dallas perguntou, interrompendo o garoto, e pôde jurar que ouviu Greengrass dar um suspiro de alívio ao seu lado por não ter que ouvir mais a voz esganiçada de Draco. 

— Lucius Malfoy faz parte do Conselho Administrativo de Hogwarts. — Pansy explicou e Dallas não achou que isto fosse mudar alguma coisa. Não existia uma regra gravada em pedra que proibia Potter de ser apanhador do time ainda no primeiro ano. A regra dizia que ele não podia candidatar-se ao time, mas nada sobre um professor candidatá-lo a posição.

— Todos ficam bajulando Potter só porque ele teve a sorte de levar uma maldição imperdoável na testa e sobreviver. — Draco resmungou e jogou-se na poltrona da sala comunal sem nenhuma elegância. — Isto me enoja. 

Para Dallas, o que realmente enojava Draco era que ele não era o centro das atenções na escola, como ele deveria ser em casa, como ele deve ter sido em seu grupo fechado de amigos constituídos de filhos de famílias sangue-puro que conviviam com os Malfoy. Hogwarts era um outro universo, um universo mais amplo, onde Draco era apenas um grão de areia entre tantos outros e portanto não era tão importante. Potter era, porque ele fez algo surpreendente quando ainda não tinha nem ciência do que significava a sua existência neste mundo. Em um ponto Dallas concordava com Draco, toda essa bajulação sobre Potter era irritante, mas acreditava que era uma questão de o grifinório ser uma novidade. Pelo que soube da história, Potter viveu com os tios trouxas até a revelação de que era um bruxo e foi trazido de volta para o mundo mágico, onde ele descobriu sua fortuna e fama. 

Apesar do que Draco dizia, sobre Potter estar adorando toda essa bajulação, qualquer pessoa com um mínimo senso de observação poderia ver que o garoto estava claramente desconfortável com esta nova realidade e que a aparente vida de rei que todos achavam que ele levou com os tios era uma mentira bem contada e não negada. Dallas lembrava-se bem do que Potter usava quando cruzou com ele no Beco Diagonal. Não fora somente os olhos verdes dele que lhe chamaram a atenção, mas também as suas roupas puídas e anormalmente grandes. Se ela cruzasse com Potter nas ruas de Londres, e o menino estivesse sozinho, com certeza lhe daria uma esmola porque a aparência dele era de um pedinte. 

— Eu, definitivamente, vou falar com o meu pai sobre isto. — Draco disse em um último resmungo e correu os olhos pelo grupo a procura de aprovação. Obteve esta de Crabbe, Goyle e Pansy, de Theodore, Blaise e Millicent a resposta que recebeu foi um silêncio neutro. Daphne e Dallas rolaram os olhos diante do drama do garoto. 

Era de conhecimento de todos os primeiro anistas ali presentes que o verdadeiro problema de Draco era despeito. Ele ofereceu amizade a Potter e o tiro saiu pela culatra de forma bem vergonhosa, agora, para recuperar-se da humilhação, ele fez de sua missão pessoal humilhar Potter. 

— Aonde vai? — Daphne perguntou quando viu Dallas levantar-se do sofá. 

— Biblioteca. — Dallas explicou e os meninos do grupo riram com deboche. 

— Sua cabeça vai explodir de tanto que vai lá. — Draco soltou com zombaria e Dallas deu de ombros.

— Preciso aprender tudo o que é necessário aprender sobre a comunidade mágica, expurgar o meu status de sangue-ruim. Afinal, não quero continuar sendo a vergonha da Sonserina. — rebateu em um tom calmo e Draco parou de rir em favor de ficar vermelho.

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