Capítulo 26

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A aula sobre Maldições Imperdoáveis de Olho-Tonto Moody foi extremamente desagradável e Dallas sentiu um frio incômodo na barriga quando o professor explicou sobre a origem de cada um. Curiosamente, o Avada Kedavra foi inicialmente criado como um feitiço-eutanásia por um curandeiro e que mais tarde foi usado tão deliberadamente, e de forma tão vil, que foi elevado a algo ilegal e imperdoável. O Imperius nasceu da mente de um Primeiro-Ministro do século XIV ambicionando por poder absoluto e usou o Encanto Veela como inspiração para um feitiço que pudesse controlar as pessoas de modo que ele pudesse dominar toda a comunidade mágica. Felizmente, muitos bruxos eram naturalmente imunes ao feitiço ou era Oclumentes poderosos em quem o feitiço não funcionava, o que fez os planos do homem não irem muito longe. Ele foi uma das primeiras autoridades mágica a ser condenado ao Beijo do Dementador. O Cruciatus também foi criado com a intenção de machucar, uma forma de tortura que se usada continuamente, deixava sequelas irreparáveis.

Embora aterrorizantes, nada incomodava mais Dallas do que saber que uma Maldição Imperdoável teve como código base um dom que lhe era natural, que ela ainda aprendia a controlar e que vez ou outra a aterrorizava. Dallas tinha a ciência, apesar da pouca idade, de que não era uma boa pessoa. O ambiente hostil em que cresceu esmagou a inocência de sua infância antes mesmo que pudesse desenvolver uma, criou uma couraça espessa de proteção em torno de seus sentimentos e a fez adotar a velha tática de que o ataque era a melhor defesa, como mantra em sua vida. Machuque primeiro antes de ser machucada e assim você não irá sentir dor, mas também nunca irá deixar ninguém se aproximar o suficiente. A solidão poderia ser um preço alto a se pagar quando vivia-se deste modo, mas que Dallas estava sempre disposta a pagar. Claro que, vez ou outra, ela cometia algum deslize e deixava alguém passar pelas suas barreiras, mas a permissão não implicava livre circulação dentro do território inexplorado que era o seu coração, somente significava que esta pessoa recebeu um privilégio que seria revogado ao primeiro sinal de abuso. Porque uma coisa que Veelas, e Dallas principalmente, sabiam ser eram rancorosas. E, ainda sim, ela temia o Encanto.

Dallas não tinha ambição pelo poder, como esse Primeiro-Ministro teve, e muito menos vontade alguma de controlar alguém a ponto de tirar todo o livre arbítrio desta pessoa e obrigá-la a fazer coisas inenarráveis. Quem fazia isto, de forma desregrada e sem remorso algum, realmente era alguém mau caráter e Dallas jamais iria, ou queria ser uma pessoa assim. Usar o Encanto como forma de defesa, como vez na Copa Mundial, tudo bem. Como forma de ataque? Dallas não estava muito certa se teria estômago ou tamanha coragem. Mas usar pelo simples fato de que sentia prazer em ter esse tipo de poder sobre alguém? Isto nunca! Isto lhe dava ânsias de vômito só de pensar na possibilidade.

Os alunos deixaram a sala de Defesa Contra as Artes das Trevas com um clima pesado pairando sobre eles e tomaram caminho para o almoço em silêncio. Dallas franziu as sobrancelhas quando viu Granger aproximar-se do grupo de lufa-lufas que andavam em silêncio entre os sonserinos, e distribuir entre eles vários broches, o que fez muitos franzirem o cenho em confusão.

— F.A.L.E?— Abbott comentou em voz alta.

— Fundação de Apoio a Libertação dos Elfos-Domésticos. — Granger respondeu em um tom animado e pôs-se a explicar do que se tratava a Fundação. Ao seu lado, Dallas viu o rosto de Draco contorcer-se de forma que deixou claro que os pensamentos dele estavam tomando um caminho perigoso, e que ele estava a um minuto de cuspir ofensas pesadas contra a colega grifinória.

— Não. — Dallas murmurou para o garoto ao repousar uma mão no antebraço dele. Granger era uma nascida-trouxa que apesar de sua fama de inteligente, não era tão esperta assim. A inteligência dela limitava-se ao campo didático. Granger tinha um vasto conhecimento sobre o mundo mágico, mas o mesmo era superficial, pois ela concentrava-se mais sobre o que a escola ensinava do que o que havia além das paredes do castelo, e com certeza as ofensas de Draco não a incitaria a pesquisar mais sobre a fechada, rígida e usualmente preconceituosa sociedade dos sangue-puros e suas regras, especialmente aquelas referente aos elfos-domésticos.

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