Capítulo 47

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Era estranho ver a casa em que viveu por dezesseis anos de sua vida vazia daquele jeito. O motor do carro dos Dursley agora era um eco distante ao final da rua, Edwiges piava em sua gaiola e nem ao menos o relógio de pêndulo havia mais na parede para preencher o silêncio com o seu tic e tac. Harry levou um susto quando a campainha tocou. Ainda era dia, ainda faltavam duas horas para o anoitecer e com isto a Ordem vir buscá-lo e escoltá-lo até uma nova base secreta, então quem poderia ser? Todos os vizinhos viram os Dursley se mudando. Na mente deles, não deveria ter mais ninguém na casa, não?

Hesitante e com varinha em mãos, ele foi até a porta, espiou o olho mágico e estranhou ao ver uma figura de moletom, jeans e boné que lhe escondia o rosto. A campainha tocou novamente, de forma impaciente, e Harry arriscou-se porque Tom não iria exatamente ser educado quando quisesse matá-lo. Ele abriu a porta e a cabeça encapuzada levantou e sob a aba do boné estava o rosto bonito e familiar de Dallas.

— Finalmente! — ela resmungou e entrou na casa sem pedir nenhuma licença, passando por Harry com um empurrão para tirá-lo do caminho.

— O que você está fazendo aqui?

— E eu achando que você sentiu a minha falta. — Dallas declarou, tirando o capuz e boné de sobre a cabeça e rodou os olhos pela sala vazia. — Gostei da decoração, bem minimalista.

— Os meus tios foram embora, para a segurança deles. O feitiço de sangue vai extinguir quando eu atingir a maioridade, então eles corriam o risco de serem alvos de Tom.

— Feitiço de sangue? — Harry explicou à ela como o sacrifício de Lily não somente o protegeu naquela fatídica noite em Godric's Hollow, como pelos últimos anos ao estender a proteção à Harry através dos últimos laços sanguíneos que ele tinha com os Evans.

— Isto explica porque Dumbledore simplesmente deixou você aqui sabendo que você tinha grandes chances de ser maltratado.

— Dallas, por que você está aqui? — Harry mudou de assunto, não gostava de lembrar do diretor morto e muito menos das decisões duvidosas que ele tomou em relação a sua vida.

— Aurora me contou que a Ordem vai realocá-lo para um lugar seguro.

— E você veio aqui se despedir? Pensei que tínhamos chegado a um acordo no funeral de Dumbledore.

— Sim, mas eu preciso te entregar o seu presente de aniversário e não quis arriscar mandar via coruja. — ela retirou uma caixa bem embrulhada do bolso do moletom e a estendeu para Harry.

— Você arriscou a sua vida por causa de um presente? Dallas! — a repreendeu e em uma típica reação Dallas Winford, ela rolou os olhos para a sua preocupação.

— Vai abrir ou não? — Dallas incitou e foi a vez de Harry rolar os olhos e rasgar o embrulho, abrindo a caixa e encontrando dentro desta uma bússola de bronze, presa a uma corrente de mesmo material. No fundo da bússola estava entalhado as iniciais dele e a agulha da mesma girava como se não conseguisse encontrar o Norte. — A agulha só vai parar quando você estabelecer o seu Norte.

— Como é?

— O seu Norte. O seu porto firme. O local onde você se sente seguro. O seu lar, por assim dizer. Assim, onde quer que você esteja, ela vai guiar a sua aparatação para o seu porto seguro.

— E o meu porto seguro tem que ser um lar? — o único lar que Harry conheceu na vida foi Hogwarts e ele já sabia o caminho do castelo para aparatar.

Dallas riu.

— Não exatamente. Pode ser qualquer coisa que o faça se sentir seguro, em casa, um lugar, uma pessoa, um objeto, qualquer coisa. De preferência algo que não seja óbvio para os outros. O porto seguro tem que ser um local que ninguém mais pode acessar além se você, que seja inviolável.

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