Capítulo 22

74 13 0
                                    


O jantar na tenda dos Malfoy terminou por volta das 21 horas e embora a tensão entre Narcissa e Dallas tenha aliviado após a explosão inicial dela, ainda sim não havia razão para ela ficar ali mais do que o necessário, ainda mais que Lucius poderia voltar a qualquer momento e este era um encontro que ela queria evitar. Então, com um agradecimento polido pelo convite, Dallas depositou a sua xícara de chá sobre a mesa de centro e ergueu-se em um gesto fluido do sofá.

— Draco, acompanhe a sua irmã de volta a barraca dela. — Narcissa ordenou e Dallas tencionou os ombros diante daquela realidade. Draco era o seu irmão, verdadeiramente o seu irmão, diferente dos gêmeos que não era segredo para ninguém que o pai biológico era Francis, e não Albert.

Dallas agradeceu a gentileza e não ofereceu à Narcissa nada mais que um tchau. Não tinha intimidade o suficiente com a mulher para abraços e beijos. Dallas não sabia exatamente o que era ter uma mãe e quais eram os protocolos de comportamento exigidos na presença desta, então, por segurança, um tchau bastou. Draco e ela seguiram pelo acampamento praticamente silencioso, com um ou outro grupo de bruxos que entretiam-se com jogos mágicos ao redor de uma fogueira conjurada, bebendo uísque de fogo para espantar o frio que havia descido sobre aquele descampado. Dallas esfregou os braços com a mesma intenção. Quando deixou a barraca dos Gordon, o sol ainda estava se pondo atrás do monte e a temperatura era agradável. Agora havia uma névoa sobre o acampamento, gotas de sereno molhando a grama e uma brisa gelada que arrepiou a sua pele, e então um blazer foi colocado ao redor de seus ombros e ela olhou com surpresa para Draco, que não a mirava, mas que sim tinha a atenção sobre algo ao longe e, sob luzes das fogueiras e tochas, ela pôde ver que as bochechas dele estavam rosadas.

— Obrigada. — Dallas agradeceu, colocando os braços dentro das mangas do blazer que cobriu-lhe as mãos e chegava na metade de suas coxas.

Ambos seguiram o caminho em silêncio, até que vinte minutos de caminhada depois, chegaram a barraca dos Gordon. Dallas retirou o blazer e o estendeu para Draco, que o pegou e o vestiu novamente.

— Sabe... — ele começou a dizer, sem encará-la. — Quando eu era pequeno, sempre quis irmãos, mas nunca entendi por que os meus pais não me davam um.

— E agora você entende? — porque Dallas não entendia aonde Draco queria chegar.

— Não. — Draco declarou e Dallas piscou repetidamente por vários segundos, antes de rir.

— Acredite, Draco, ter irmãos não é lá grande coisa. Falo por experiência própria.

— Os gêmeos Winford. — Dallas arqueou as sobrancelhas, surpresa por ele saber quem eram os gêmeos Winford. Normalmente ela não falava muito sobre a sua família trouxa com colega de escolas, mais porque eles não tinham interesse nenhum em saber sobre trouxas e por isso nem faziam ideia de como passar despercebidos entre eles. — Eu procurei algumas revistas trouxas, li alguma coisa ou outra sobre a sua família.

— O que as revistas e jornais falam é superficial e muitas vezes mentiroso. Se quiser saber das verdadeiras fofocas, tem que passar uma tarde tomando chá no clube real com as mais distintas damas da sociedade britânica.

— E o que é verdade e o que é mentira? Você é um espelho fosco. Quando achamos que tiramos toda a sujeira para ver o seu reflexo, percebemos que ainda há muito mais para ser revelado.

— E por que você quer tanto saber o que eu realmente escondo dentro do meu interior?

— Sabe por que há tanta estima na instituição da família dentro da comunidade mágica? Porque criamos laços. Não são laços afetivos, não são laços de sangue, são laços mágicos. Eu sempre soube que havia algo de especial em você desde o primeiro momento em que te toquei e por isso tentei chamar a sua atenção e você me ignorou todas as vezes. Agora, depois de tudo o que eu li sobre os Winford, depois desta noite, entendo o por quê.

Entre ExtremosOnde histórias criam vida. Descubra agora