Capítulo 16

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Draco cumpriu a ameaça quando a encurralou em um corredor a caminho das masmorras. Dallas só sentiu alguém puxá-la e então as suas costas bateram contra a pedra gelada da parede e o impacto arrancou-lhe o ar dos pulmões. Crabbe e Goyle flanqueavam Draco como os bons lacaios que eram, mas a expressão deles mostrava conflito puro. Dallas ainda era uma sonserina e uma garota e mesmo com QIs reduzidos, ambos os meninos ainda tinham alguma moral. Draco, no entanto, não importava-se com nada disto porque a humilhação que sofreu por causa dela era maior do que qualquer conflito moral. Dallas engoliu um grunhido por causa do impacto e por causa do aperto de Draco em seus braços. Ela tinha a certeza quê, pela forma com que os dedos dele a apertavam, que os mesmos deixariam marcas roxas em sua pele. Os olhos cinzentos brilhavam de pura fúria e somente agora ela percebeu que o menino havia crescido consideravelmente no último verão. O cabelo não estava mais jogado para trás, preso com uma camada generosa de gel, e o rosto estava menos redondo e mais pontiagudo. 

— O que você pensa que está fazendo? — Draco vociferou e em uma demonstração de poder, espalmou a mão com força na parede, ao lado do rosto de Dallas, que nem ao menos tremeu no lugar, o que o irritou mais ainda. Esta menina era um mistério e uma pedra em seu sapato. Dallas não abaixava a cabeça para a sua superioridade como sangue-puro e como Malfoy, como os colegas de ano deles faziam, não seguia a sua liderança e sempre questionava toda e qualquer pequena atitude dele, sempre o provocava e o contradizia, mas enquanto a rebeldia dela ficava confinada as paredes da sala comunal da Sonserina, estava tudo bem. Mas hoje? Hoje foi a gota d’água. Ela o humilhou em público, na frente de seus colegas, de grifinórios, e estava na hora dela saber quem mandava nesta história. 

Usar intimidação era uma tática antiga empregada pelos Malfoy. A família não chegou onde estava somente graças ao dinheiro e a linhagem de sangue-puros, havia muita coisa negra e sórdida por detrás da ascensão deles ao status dos Sagrados Vinte e Oito e não deixaria uma mestiça com traços de sangue-ruim arruinar a bem construída imagem da família com a sua ousadia.
— Colocando bom senso em sua cabeça oca. Eu sei que você é loiro, Malfoy, mas não precisa encaixar-se tanto assim nos estereótipos. — Draco sentiu o sangue ferver diante da petulância dela. Crabbe e Goyle eram sombras fiéis às suas costas, mas nem mesmo a presença imponente deles fazia a menina abaixar aquele nariz empinado. 

— Você faz ideia do que significa ser um Malfoy? — dane-se o que o seu pai tinha pedido, Draco não iria manter a diplomacia com aquela garota. Dallas passou os braços por entre os de Draco e o gesto brusco e violento o forçou a se afastar. 

— Você faz ideia do que significa ser uma Winford? — ela respondeu em um tom gélido. — Faz ideia do que é ser uma bastarda dentro da linhagem dos Winford? Meninos como você, mimados e que acham que o mundo deveria girar ao redor do seu umbigo, que não sabem levar um não e ofendem-se por qualquer coisa, eu já encontrei aos montes. Eu convivo com um ao qual eu tenho o imenso desprazer de chamar de irmão. O seu escândalo e as suas ameaças são vazias, Malfoy, porque elas são da boca para fora. Garotos como você não tem culhões para fazer nada por conta própria, porque estão sempre escondendo-se sob a barra da saia da mamãe ou sob a influência do papai. E sabe o que acontece com meninos como você, no futuro? — ela continuou com desdém e crueldade e cada palavra saída da boca dela era uma facada no orgulho de Draco, era uma ferida que ela abria em sua insegurança muito mal escondida sob a sua máscara de arrogância. — Quando a vida real aparece para te dar um alô, vocês não aguentam o tranco e acabam desmoronando no primeiro tapa de realidade. — ela finalizou com uma cutucada dolorida bem sobre o esterno de Draco. — Então não me ameace de novo, Malfoy. Nunca mais! Estamos entendidos? 

Draco hesitou na resposta. O tom dela era firme e exigia por concordância, mas ele recusava-se a ceder tão facilmente e por isto somente se afastou e deu as costas para ela com um farfalhar de suas vestes escolares. Crabbe e Goyle hesitaram por um segundo antes de seguirem o colega e sumirem em uma esquina formada pelo cruzamento de dois corredores. 

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