Analiso o espelho e a visão é satisfatória para alguém que está a ponto de quebrar emocional e fisicamente. Colocar roupas sem as duas pernas é um desafio imensamente difícil, mesmo assim consegui me sair bem. A saia e o suéter confortável me fazem sentir bem, diferente de como eu estava com aquele vestido desgraçado. Meus cabelos estão desgrenhados como sempre e consigo ver a real Alicia em meu reflexo, e não aquele projeto cosmopolita de mulher chique de saltos.Manco devagar em direção a sala e vejo Alex me observar de maneira estranha, como se não me reconhecesse. Pigarreio, fazendo-o piscar rapidamente.
— Vamos logo, está tarde. — digo tentando calçar a sapatilha, mas meu pé está inchado demais para caber.
— Eu vou te levar até o carro. — ele diz naturalmente.
O ignoro por opção e abro a porta apenas com um pé calçado, com alguns pulos eu saio do apartamento, trancando a porta logo após Alex sair.
A chave gira e a guardo dentro da minha bolsa, a sapatilha sobressalente pende em minha mão.
— Vamos. — Alex se aproxima de mim e sua mão segura minha perna.
— Que porra você pensa que está fazendo? — esbravejo.
— Você é boca suja assim sempre? — sua voz é tensa.
— Só com gente estúpida. — cuspo.
Ele se mantém em silêncio e coloca a outra mão nas minhas costas.
— Você não vai me levar no seu colo. — digo afastando suas mãos de mim.
— Como pretende chegar até o elevador, Sherlock? — seu semblante nervoso me irrita.
— Pode me dar apenas o braço, sua mula falante. — devolvo.
Ele segura minha cintura e me apoio em seu corpo, com dificuldade ele me leva até o elevador e descemos silenciosos até a garagem, que se abre revelando seu carro estacionado na frente da saída.
Esse carro pagaria cada dívida que meu pai me deixou.
— Vamos, estacionei perto para não forçar mais ainda. — ele me auxilia a chegar perto da porta e a abre para mim, me ajudando a me sentar.
— Obrigada. — murmuro.
— Olha, ela sabe agradecer. — ele me encara.
— Não abuse. — rebato e fecho a porta.
Vejo-o tentar esconder o sorriso pela minha resposta, mas consigo enxergar um curvar de lábios tímido. Ele endireita a coluna e contorna o carro com a atitude usual no andar. Reparo no interior luxuoso do carro, que cheira a baunilha. Não há sinal de sujeira em lugar algum, e por pura satisfação, esfrego a sapatilha no tapete imaculado. A porta do carro se abre e Alex se senta no confortável banco de couro. Ele bate a porta aperta o botão de ignição.
— Sem chaves? — ergo a sobrancelha.
— Nem tirei, estava impaciente e subi logo. — o motor ronca barulhento pela garagem subterrânea.
— Deixou as chaves no carro destravado? Você tem merda na cabeça? — ralho.
— Tenho dinheiro na carteira. — ele me olha de relance antes de arrancar com o carro.
Eu definitivamente odeio pessoas ricas.
***
O Harthmony Hospital é um dos melhores centros médicos da cidade de Portland, sendo também o mais caro. A estrutura branca abarrotada de janelas iluminadas é uma das peças imponentes e aclamadas do sistema de saúde dessas bandas, o que me traz um sentimento incômodo de não estar no lugar certo. Carros luxuosos param em frente as portas e funcionários estão de prontidão com cadeiras de rodas ou até mesmo macas paradas para emergência.
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O Conto de Alicia (Repostagem Revisada)
RomanceUma garota comum, com um emprego estável, uma formação excelente e uma vida pacata. O que mais poderia se querer? Blood sempre quis ser redatora, sempre quis ajudar à criar ou conhecer livros novos, sua paixão pela literatura sempre esteve ao seu la...