Q U A T O R Z E

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É engraçado ver como nos habituamos a certas coisas. O som dos carros, o cheiro de gasolina e poluição, as maçãs caramelizadas sendo vendidas em toda esquina.

Tudo me remete à lar.

O aeroporto é um lugar impessoal. Se você não viaja à negócios, não é famoso, rico ou algo assim, você provavelmente não tem muitas lembranças dentro de um. As paredes de vidro que dão vista para as pistas nos trazem uma ansiedade que incomoda, as pessoas para lá e para cá com suas vidas corridas, voos atrasados e portarias para achar te deixam claustrofóbico.

— Eu odeio aeroportos. — Ash repete pela septuagésima quinta vez.

— Pense, vamos num jato particular. Seria muito pior ter que ir num avião cheio de pessoas te cutucando. — digo enquanto arrasto o carrinho de malas.

Ele sorri e continua mexendo no celular. Sua mão direita está entrelaçada na minha, mas sua atenção está nas garotas que ele passa no aplicativo de relacionamento. Acho que é sobre essa dualidade de Ash que eu tanto debato comigo mesma, nós somos amigos, mas ele facilmente seria confundido com algum namorado. Eu preciso firmar essa linha na nossa relação, ela está suave demais.

— Vocês estão atrasados, crianças. — Albert pega as malas do carrinho.

Andamos pelos corredores do aeroporto até uma saída que nos leva diretamente para a pista, o jato de Albert está parado e o sobrenome Lynn está gravado na lateral do jato.

Quanto dinheiro esse homem tem?

Um homem de roupa social está parado na frente do jato, e nesse momento, nem o sobretudo mais bonito que eu coloquei parece chegar aos pés do que ele está vestindo. Albert o cumprimenta e nos apresenta o homem desconhecido.

— Este é Paolo. — Albert diz e o homem aperta nossas mãos amigavelmente. — Paolo, estes são Alicia Blood e Ash Sink. — ele sorri e abre a passagem para que entremos na aeronave.

O interior do avião é realmente como nos filmes. As poltronas são revestidas de couro creme, em contraste com o chão que é feito de um tipo de madeira. Aeromoças pedem nossos casacos e nossas malas, somos acomodados às poltronas e orientados a colocar o sinto de segurança. Todos nos ajeitamos e nos preparamos para um voo de seis horas.

***

— Ali. — sinto o cutucar de alguém em meu braço e acordo no susto. — Calma! Chegamos. — Albert me olha divertido. — Você faz altas caretas enquanto dorme, Ash tirou umas quinze fotos. — ele me dá a mão para que eu levante da poltrona.

— Se ele tem, eu também tenho. Ele só tira foto minha porque sabe que eu tenho um arsenal de fotos dele aqui, tiro trocado não fere tanto. — sorrio.

Passo pelo bar do jato e pego um copo de café expresso, meu casaco está pendurado em meu antebraço e Paolo leva nossas malas para fora.

Onde Ash se meteu?

Albert me dá a mão para me auxiliar à descer as escadas e eu desço degrau por degrau. Ele observa os passos que dou atentamente, parecendo querer gravar a memória detalhadamente. Pigarreio com a garganta e ele acorda do transe.

— Que frio desnecessário, me leva de volta para o Óregon. — visto o casaco.

Ash sai do avião, consertando seu cinto e ajeitando suas roupas de um jeito nervoso. Ele me olha e sorri, sua boca está vermelha e eu sei bem que ele estava praticando alguma atividade dentro desse lugar. É inevitável que eu revire os olhos para ele e me volte novamente para Albert, que observa atentamente.

— E agora? Vamos montar acampamento por aqui? — Ash diz, descendo as escadas do jato.

— O carro está nos esperando no lado leste da pista, acabamos de pousar, ele não ficaria aqui do lado esperando, criança. — Albert diz e começa a andar com sua maleta e minha mala nas mãos.

O Conto de Alicia (Repostagem Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora