V I N T E E U M

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— I-isso não é possível. — Encaro as malas postas no chão.

Penso em como Albert estaria se pudesse ver o que seu pai está tentando fazer.

— Aqui, tenho uma reintegração de posse de todas as coisas. Pode recorrer se quiser, se é que tem um advogado decente. — Hin sorri em minha direção, com um papel timbrado com o símbolo da realeza em suas mãos.

— Você é baixo. — Grunhi.

— Você não deveria ter mexido comigo, acha que esqueci aquela palhaçada? Garota insolente. — Ralha.

— E por isso vai deixar o último desejo do seu filho para trás? — vocifero. — Isso é nojento até mesmo para você, Hin. — Cuspo.

— Pode tentar provar, enquanto isso, se vire. — Ele dá de ombros. — Sua conta está fechada e paga e pode ficar essa noite, pelo menos essa caridade eu fiz. Não me procure nunca mais, a não ser que seja por meio da justiça. — Ele me encara enquanto anda para fora do corredor com todos os armários que chama de segurança.

Encaro minhas malas empilhadas na sala, prontas para serem retiradas dali para qualquer canto. O que vou fazer agora? Não tenho muito dinheiro, e agora Lena e Trevor moram juntos. Não posso simplesmente gastar a grana que tenho para voltar e tentar mais empregos. Não com Alex na minha cola.

As lágrimas descem sobre minhas bochechas enquanto eu tranco a porta atrás de mim.

Céus, não há um momento em que eu não me foda nessa vida?

Puxo meu celular e encaro a lista de contatos. Não há uma alma viva sequer que me dê abrigo, e eu não vou correr para Alex, muito menos para Oliver. Não. Eu vou precisar arrumar um lugar barato o suficiente para conseguir trabalhar. O emprego que Oliver me ofereceu... parece que tudo fora premeditado.

— Você quer me foder, não é? — encaro o teto, tentando falar com Deus. — Pelo menos me livrei de Rodrick. — Suspiro.

Meu coração se despedaça ao pensar que estou completamente sozinha. Eu sempre me mantive em Portland, e por mais que eu não esbanjasse, conseguia ter comida pelo menos até o fim do mês. Eu tinha Lena para segurar minhas merdas e estar ao meu lado, e agora eu tenho exatamente nada.

Sem Ash, Trevor, Lena, Petra... sem Albert.

***

— Obrigada. — A recepcionista me encara entrego a ela o cartão do apartamento. — Esperamos recebê-la novamente. — Seus olhos se fecham enquanto ela sorri. 

— Obrigada, bom trabalho. — Sorrio e me viro em direção a saída. — Provavelmente nunca pisarei aqui de novo. — Analiso o lugar.

São oito horas da manhã e seguro minha mala de mão e minha mochila. Passar a noite em claro me tirou totalmente do eixo, não consegui pregar os olhos sabendo que não teria para onde ir de manhã, por isso tratei de arregaçar as mangas e pesquisar todo lugar que eu pudesse conseguir uma estadia barata até poder sair de Londres e tentar me reerguer de alguma maneira.

— Alô? É da pensão... Bruski? — tento pronunciar o nome da estadia mais barata que achei neste lado de Londres.

— Você não é a primeira a pronunciar errado. — a voz feminina diz amigável. — Sim, no que podemos ajudar?

— Eu gostaria de saber se há vagas, estou precisando de um lugar para ficar. — Murmuro.

— Temos quartos de sobra! — o telefone fica mudo por alguns segundos e ouço cochichos ao fundo. — Quero dizer, temos algumas acomodações disponíveis sim. Casal ou solteiro? — ouço teclas sendo apertadas.

O Conto de Alicia (Repostagem Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora