D E Z E S S E I S

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O rosto de Albert carrega uma marca roxa na bochecha, nada muito alarmante.

— Eu queria matar aquele desgraçado, porque mesmo você gostou dele? — ele pergunta, enquanto segura um saco de gelo no rosto.

— Acredite, até eu me pergunto isso... — levanto do braço do sofá onde estava sentada e passo as mãos em meus cabelos. — Eu não entendo o porquê dele ter ido até o banheiro, ou porque ele te socou. Se ele me odeia, faria tudo de um jeito mais sutil. — encho um copo com Bourbon e o viro.

O ardor que se instala em minha garganta não aplaca todo o estrago que fez esse encontro inesperado.

— É óbvio que aquele otário te ama, Alicia. Ele agiu do modo mais idiota e impulsivo, só o amor faz essas coisas. — Ash diz.

Desço mais uma dose e bato o copo na pequena mesa de cabeceira.

— Vai com calma na bebida, não quero você bêbada no treino de amanhã. — Albert sibila.

— Tente resolver minha cabeça completamente desgraçada e depois venha me dizer o que eu devo ou não fazer. — rosno. — Eu ainda tive um ataque de pânico quando vi ele. Quando eu penso que não vai acontecer nada, que vou ficar bem, que estou forte, eu desmorono. — esfrego minhas têmporas.

Ash ri e eu e Albert lançamos olhares reprovadores para ele. Respiro fundo e decido fazer o melhor para minha cabeça nesse momento. Pego meu casaco e a chave do carro de Albert, ele e Ash se levantam e me seguem pela casa, perguntando o que eu iria fazer.

— Vou fazer o melhor que se pode fazer numa situação dessas, vou treinar, mas não quero ficar naquele galpão me lembrando do porque estou ali. — abro a porta.

— Eu vou com você. — Albert para em minha frente.

— Eu vou dormir, é drama demais para minha cabeça. Boa noite pombinhos. — Ash diz.

— Cala a boca Ash! — Albert e eu dizemos em uníssono.

Saio da casa e ando até o carro, esperando que ninguém tenha retirado as roupas de ginástica que deixamos no porta-malas.

— Você pretende ir para onde? — Albert diz, entrando no carona.

— Vou achar um lugar. Até um campo de futebol me serve. — ligo o carro, que faz o motor cantar.

— Vou te mostrar um lugar, liga o GPS.

***

Calço os tênis e começo a caminhar, um passo atrás do outro. Meu fone de ouvido ecoa com a voz de Rihanna e Mikky Ekko, a música é Stay, que me faz chorar rios e, quando me dou conta, estou correndo. Albert corre ao meu lado, também com fones de ouvido e parecendo estar fora do mundo. Meu corpo esquenta e sinto o suor descer sob minhas têmporas, o calçadão frio não aplaca o calor que meu corpo desenvolveu. Minhas panturrilhas queimam, mas eu gosto da dor.

A Margate Beach é próxima de Londres, mas, mesmo assim, tivemos que fazer um caminho longo até aqui. A viagem dá cerca de quarenta minutos, mas vale a pena ao chegar. O píer iluminado é cheio de restaurantes e galerias que, neste momento estão cheios e as pessoas que parecem se espantar ao ver dois loucos correndo num lugar onde o clima é tão congelante.

Love on the Brain toma lugar nos fones e, eu não resisto a qualquer traço de Blues, mas cá entre nós, Rihanna não desaponta. Corro mais rápido, sentindo a letra se encaixar perfeitamente na minha situação com Alex.

And you got me like, oh

What you want from me? (What you want from me?)

And I tried to buy your pretty heart, but the price too high

O Conto de Alicia (Repostagem Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora