|Capítulo 21 - Marry Christmas|

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   "Eu não preciso de nada mais pro Natal do que isto aqui: minha família." — disse o Grinch na TV.

   Natasha tomou a fala do personagem e olhou em volta. May estava esparramada no sofá ao lado com uma garrafa térmica cheia de chocolate quente, bebendo como se fosse uma mamadeira. De relance, era possível ver Maria andando de um lado para o outro ajudando a mãe de May preparar a comida para ceia.
  
   Romanoff tinha que admitir, ela nunca imaginou que sua vida chegaria ao nível que está no momento. Estar deitada no sofá da casa da família May, assistindo filmes natalinos com uma asiática, enquanto Maria está temperando um peru de Natal na cozinha... esse é o tipo de vida que Natasha nunca imaginou que teria.

   Todos na KGB lhe disseram: "Amor é para crianças. Lembre-se: sua casa é onde foi criada, sua família é quem te aperfeiçoa e seu emprego é a missão. Sem laços, sem conexão, sem passado. Nunca se importe.", hoje Natasha tem um emprego que é sua casa e amigos que são sua família. Ela conhece seu passado e se importa em repara-lo. E melhor, ela tem um laço, uma conexão; ela tem Maria.

   O que ela conquistou seria o suficiente para fazer a KGB e a Sala Vermelha reiniciar seu cérebro dezenas de vezes apenas para ter certeza que ela esqueceria. De repente, um pensamento, que deveria ser algo apenas pertencente a sua reflexão, se tornou um medo, um pavor repentino que lhe atingiu em cheio. Como o gatilho de um rifle, uma memória bloqueada foi atingida pelo "tiro". Natasha escorregou do sofá, caindo no chão, quase batendo a cabeça na mesa de centro — e se não fosse pela agilidade de May em empurra-la rapidamente para o lado, a russa poderia ter se machucado feio. Além do tombo, Natasha gritou como se uma corrente elétrica atravessasse todo seu corpo e se concentrasse em seu cérebro. Pressionando as têmporas com força e fechando os olhos, Natasha continuou tentando espantar aquela memória dolorosa.

— MARIA! — Melinda gritou e correu para tentar ajudar Natasha.

— Fica longe dela! — Hill alertou e saltou pela cabeceira do sofá para chegar mais rápido. — Se ela te ferir irá se culpar por isso depois. Eu cuido disso.

Oстановись, отпусти меня! Иожалуйста остановись!* — Natasha se debateu, chutando a mesa de centro e derrubando o vaso de flor no chão.

— <Natasha.> — Maria se ajoelhou ao lado da ruiva e segurou seus pulsos com força.

   Natasha tentou se afastar, repelir o toque de Maria, mas ela apertou mais. Ao perceber que a ruiva iria usar as pernas para se defender, Maria se sentou sobre a cintura dela e lhe prendeu no chão. O problema era que se Natasha a empurrasse com muita força, ela bateria a costela na quina da mesa e isso não seria nenhum pouco agradável.

— <Natasha, abra os olhos.>

— <Me solta!>

— <Não posso, Nat.> — Natasha se debateu de novo tentando empurrar Maria, mas ela se apoiou como pode no sofá ao lado. — <Nat, é só uma memória ruim. Abre os olhos.>

— <Está doendo! Está me machucando!>

— <Não estou. Natasha, para de se debater.>

   Lilian May apareceu atrás do sofá segurando a faca com a qual cortara a cebola. Ela olhou para a filha e depois para as duas convidadas no chão. Melinda não fazia ideia do que estava acontecendo, mas estava a ponto de ir buscar morfina ou um balde de pipoca.

— Lilian, leva essa faca para longe daqui — Maria pediu. — Ela desbloqueou alguma coisa na mente dela e está presa lá dentro. Se ela me imobilizar, ver essa faca e fazer algo, não será porque ela quis, mas irá se responsabilizar por isso. Leva essa faca para longe.

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