8- a volta

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Lorenzo.

  Depois que deixei Katherine em casa fui buscar o Julian e a Vanessa no colégio.
Vanessa teve que ficar de detenção por causa de outra briga.

— Alec já voltou?— Julian perguntou quando sentou ao meu lado.

— não, pai.

— onde você estava?— ele me perguntou, e eu pensei numa mentira cabível.

— com Katherine Whittmore, é obvio— Vanessa respondeu por mim.

— você disse que não ia seguir com o plano, então o que estava fazendo com a garota Whittmore?

— nada— sussurrei, mas meu pai não aceitou minha resposta e continuou me encarando— eu gosto dela, ok?

— gosta da caçadora?— Vanessa arqueou uma sobrancelha— estamos ferrados, ter que fugir do gigante, dos sequestradores e do instituto— Vanessa sorriu de canto debochando de tudo.

  O meu pai estava prestes a me dar um sermão, mas outra coisa chamou a atenção dele. Olhamos e vimos a professora de literatura, Samira Petrovich.

— vamos embora— meu pai disse com o queixo trincado e as mãos fechadas em punho.

  Liguei o carro e saí do estacionamento. Meu pai só tirou os olhos de Samira quando eu virei a esquina.

  Chegando em casa, avistei meu carro estacionado em baixo de uma árvore. Alec voltou.

  Nós moramos nos arredores de Long Beach, é melhor na lua cheia quando nossa força se intensifica e o controle diminui.

  Entramos em casa.
Alec está sentado no sofá com o queixo apoiado nas mãos e uma cara preocupada. Na verdade, eu não me lembro de ter visto Alec sorrir, ele parece estar sempre preocupado. Diferente de Vanessa, que parece ter ódio de tudo que é capaz de respirar.

— então? Descobriu sobre os sequestros?— meu pai perguntou. Alec olhou para ele e deu um longo suspiro.

— na verdade... tem alguém​ que vai explicar sobre tudo isso— Alec olhou para trás por cima do ombro.

  Meu pai ficou sem entender e seguiu o olhar de Alec.

  Tyler veio em nossa direção com uma tigela de coockies e um copo com achocolatado.
Vanessa arqueou uma sombrancelha e depois revirou os olhos. Alec continuou sentado. Meu pai fez o olhar desconfiado que ele só usa quando ver o Tyler.

  Eu fui até ele e o abracei, afinal é o meu irmão. É nele que eu confio, mesmo sendo um total perigo fazer isso.

— você já voltou? Pensei que ia demorar mais nas investigações.

— oi pai, também estava com saudades— Tyler se desvencilhou do abraço, e ignorou a pergunta do Julian.

— ninguém merece— Vanessa murmurou.

— sentir sua falta também, Van. Você deveria ir dá próxima vez, LA, Sacramento, Santa Fé são lugares ótimos— Tyler sentou ao lado de Alec e começou a comer— é bom levar sua carranca para sentir novos ares.

— então?— meu pai olhou fixo para Tyler.

— vocês não tem ideia do que eu descobrir— Tyler falou amplificando nossa curiosidade. Meu pai até sentou— o gigante, bichinho feio e forte, não é um lobo.

— isso é bem nítido— Vanessa revirou os olhos— a coisa fica cheia de pelos e tem 2,5m de altura.

— o que eu quero dizer é que ele não é um lobisomem normal. Ele não foi mordido e não nasceu cheio de pelos— Tyler continuou— ele foi feito em laboratório.

— o que?!— exclamamos juntos.

— sim, é aí onde entra os sequestros— Tyler bebeu um pouco do achocolatado antes de continuar— licantropos e não licantropos estão sendo sequestrados para serem cobaias de uns malucos. Eles criaram o gigante e mais um outro lobisomem, os outros que são falhas eles libertam.

— e como saberemos quem já foi uma cobaia?— indaguei.

— números. Eles põe um número atrás da orelha— ele explicou— o gigante é o número 1, o outro que deu certo é o número 0.

  Todos nós tomamos expressões preocupadas.
Uma associação que sequestra lobos e pessoas normais para fazer experimentos? Isso foi longe demais.

— vejam pelo lado positivo— voltamos a olhar para Tyler— se algum de nós ver alguém com o número 1 atrás da orelha saberemos que é o gigante.

...

Katherine.

  Faz trinta minutos que Catelyn chegou. Agora ela está no banho.
Peter não disse nada para ela por minha sorte.
Eu disse que o machucado no braço foi uma tentativa inútil de andar de skate com uma colega da escola.

  Falando em colega, Mia me ligou tem poucos minutos. Parece que próxima sexta tem um baile na escola, baile dos atletas se não me engano.

  Desliguei a TV e subi para meu quarto. Acabou de escurecer e em todos os cantos que eu olho eu vejo aquela coisa desprezível me atacando. Eu tenho a sensação de que ele me observa, e que eu não estou segura aqui. Talvez eu esteja um pouco paranóica.

  Deitei na cama e fiquei olhando para as estrelas coladas no teto. São todas douradas, com tamanhos diferentes.

  Escutei um barulho na janela, mas ignorei. Depois o barulho continuou repetidas vezes, imaginei ser o monstro.
Levantei e fui ver.

  Respirei aliviada quando vi Lorenzo lá embaixo. O barulho era apenas as pedrinhas que ele estava jogando para chamar minha atenção.

  Olhei e vi que Catelyn ainda está no banho. Essa é minha chance.
Abrir a janela devagar e saí. Andei pelo telhado até chegar no lugar que dava para descer.

— oi.

— oi— Lorenzo me abraçou. Ele parece está diferente de mais cedo— tudo bem com você?

— sim. É que meu irmão voltou hoje trazendo notícias para meu pai.

— notícias boas ou ruins?— perguntei, mas logo me arrependi por achar ser um pouco invasivo.

— ruins, mas não é nada para você se preocupar— mudou a expressão triste para um sorriso— você vai ao baile dos atletas semana que vem?

— você também já sabe?— ele assentiu a minha pergunta— eu acho que sim. E você?

— não— falou e eu me senti menos animada do que já estava— com meu irmão aí vai ser difícil eu ter um dia livre.

— entendo...

— e como você está?— ele mudou de assunto— seu ombro ainda dói?

— dói um pouco, mas creio que ele vai ficar bom logo se eu tomar os medicamentos direito— eu disse e ele pareceu ficar mais aliviado— você quer entrar?— perguntei por impulso. Lorenzo olhou para mim e depois para a janela.

— claro que eu quero entrar na sua casa pela sua janela, Katherine— brincou e eu o empurrei de leve.

  Lorenzo me ajudou a subir no telhado novamente, depois ele fez o mesmo.
Quando entrei no meu quarto de volta fui até a porta e tranquei-a.

— legal— Lorenzo comentou olhando para todos os meus enfeites e meu teto estrelado.

  Eu apenas sorri e sentei na cama.

  Ficamos conversando por muito tempo. Ele só foi embora quando Vanessa ligou e disse que o pai precisava dele.
Ele se despediu de mim e desceu pela janela. Num piscar de olhos desapareceu na noite.

  Talvez eu machuque Lorenzo. Eu sou uma caçadora de lobisomens e ele é um simples garoto com uma família estranhamente atrevida.
Mas não posso negar que eu estou amando tudo isso.

ANOITECER: os caçadores de lobisomens (1° Versão - Rascunho)Onde histórias criam vida. Descubra agora