24- perigosa

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  Acordei... De novo.
Eu tentei me sentar, mas a dor invadiu meu corpo.
Lorenzo surgiu do meu lado e me impediu de me mover, eu não sei de qual direção ele veio.

— onde eu estou?— perguntei com a voz rouca.

— está segura— ele respondeu e checou minha temperatura com o dorso da mão— você está se sentindo bem?

— sim, só preciso de um analgésico.

— vou trazer pra você— Lorenzo saiu do quarto.

  Eu olhei ao meu redor tentando reconhecer o cômodo, mas falhei.
Escutei passos no corredor e pensei ser Lorenzo voltando, mas quando a porta abriu quem entrou foi o Cody.

— está péssima— ele comentou e eu sorri de canto— Samira quase te transformou em mingau.

— como assim?— perguntei confusa.

— Samira Petrovich te atropelou. Você não se lembra?

— eu me lembro de...— comecei a vasculhar minhas lembranças— Jeannine! Ela estava comigo e agora...

— o que, Katherine, o que aconteceu com Jean?— Cody me perguntou preocupado.

— ela ficou para me salvar— contei— ela estava fraca, a experiência não fez bem a ela.

— e fez bem a você?

— eu não sei. Não sinto diferença em nada.

  Lorenzo voltou com um copo d'água e remédios. Cody nos deixou logo em seguida.
Enzo está calado, ele me deu o remédio e sentou na cama. Com a expressão indecifrável e olhando para o nada.

— você escutou?— perguntei me referindo a conversa, mas ele não respondeu— eu estou bem. Talvez eles tenham errado na dosagem ou sei lá.

— e se na verdade você estiver morrendo e eu não puder fazer nada?— ele olhou para mim, agora com lágrimas nos olhos— eu fiquei aqui esperando você acordar, observando seu corpo pálido... Você não parecia bem, Katherine.

  Esforcei-me para me aproximar de Lorenzo e segurei o rosto dele, obrigando-o a olhar apenas para mim.

— eu estou bem, ok? Não se preocupe com isso— disse antes de beija-lo.

— vou tentar— ele sussurrou quando se afastou.

— agora me tira desse quarto melancólico— pedi, mudando o humor.

— vamos depois que você tomar o remédio.

  Revirei os olhos e tomei um dos analgésicos.
Enzo me ajudou a levantar e me guiou pela casa. Ele contou o que aconteceu na mansão dourada... A maioria está morta. Contou que Catelyn tentou conversar com o Sr. Pierce, mas não adiantou nada. Ele contou que Harry também está aqui, e eu confesso que estou surpresa por isso.

  A casa de Ezequiel tem um ar um pouco antigo, é isolada da cidade e muito, muito grande.

  Lorenzo me levou até a cozinha, eu tentei disfarçar as caretas quando minha barriga roncava, mas parece que não foi o bastante.

— e a caçadora mais insuportável está de volta— Vanessa anunciou. Ela e Alec estão sentados a mesa tomando café preto— você está com mais cara de doente, sabia?

— não enche, Vanessa— Enzo disse e ela deu de ombros.

  Pelo que Lorenzo me contou, eu cheguei aqui ontem a tarde. É um pouco difícil de lembrar tudo nitidamente.

— aqui está— Lorenzo me entregou um sanduíche. Não lembro de tê-lo visto preparando.

— onde está Catelyn?— perguntei.

— está lá fora com os outros— Alec respondeu— ela está treinando.

— você quer vê ela?— Lorenzo perguntou e eu assenti.

  Ele segurou minha mão livre e me levou para a área externa onde Catelyn está lutando com Tyler, fiquei observando enquanto comia o sanduíche.
Minha irmã parece não ter me visto aqui ainda, ela está focada no que está fazendo.

— como se sente?— Peter perguntou quando se aproximou.

— bem... Por que esse treino todo?— perguntei curiosa.

— o projeto Leopardo nos atacou uma vez, não podemos deixar acontecer de novo— Peter explicou— e eles estão tramando algo grande. Desde que você sumiu nós observamos o instituto, ontem chegou vários blindados e novo armamento. Eles estão se preparando para uma guerra.

  — isso é muito ruim— comentei.

  Minha visão escureceu por um momento e eu senti uma leve pressão em minha cabeça, mas não deixei transparecer.
Catelyn parou de lutar com Tyler e outra pessoa assumiu o lugar dela.
Ela me chamou discretamente e seguiu para a floresta.

  Fui atrás de Catelyn um pouco mais devagar do que eu gostaria, minhas pernas doem.
Ela parou perto de uma clareira e ficou observando a luz do sol no oceano ao longe.

— você está melhor do que antes— eu comentei— luta muito bem.

— obrigada— Catelyn agradeceu.

  Minha irmã ficou em silêncio, me perguntei se ela está evitando falar comigo. Será por que agora eu tenho um número atrás da orelha?

— no que está pensando?— perguntei e ela demorou uns segundos até responder.

— estou pensando que rumo estranho nossa vida tomou desde que chegamos nesse lugar. Foram cobaias lobisomens sem consciência, associação do mal, o Leo Auream... e eu sou uma lobisomem— fiquei em silêncio apenas prestando atenção em Catelyn— dias atrás teve um verdadeiro massacre... gente inocente foi morta e quase perdemos as esperanças. Por que você não está surtando com isso?

— desde o momento que eu acordei todos me perguntaram se eu estou bem e eu apenas respondi sim, porque se eu parar para lamentar eu vou cair numa espiral de tristeza e não vou conseguir retornar— eu disse, segurando as lágrimas— eu vi Courtney na minha frente... vi a maldade nos olhos dela, e sinceramente, eu não quero ser como ela. Ruim e uma pessoa sedenta por poder. Se eu surtar com tudo que está acontecendo eu não estarei honrando com minha responsabilidade de caçadora. E não estarei honrando a memória dos nossos pais que deram a vida para proteger pessoas como aquelas lá atrás.

  Catelyn olhou para mim com os olhos cheios de lágrimas. Ela se aproximou e me abraçou, e eu pude sentir um pouco de paz por um instante.
É difícil sentir essa sensação quando se está a beira de uma guerra.

— eu te amo— Catelyn sussurrou— eu nunca vou te abandonar, OK?

— eu sei.

  Alguém se aproximou rápido. Era Ezequiel.

— vocês precisam ver isso— ele falou.

  Voltamos para a casa, todos estavam na sala assistindo ao noticiário.
O título da notícia era: “grupo de jovens  podem ser possível ameaça para Long Beach.”

— ... E agora vamos ver um depoimento de uma das chefes desse caso— o repórter falou e passou o microfone para, ninguém mais ninguém menos que, Courtney.

— queridos amigos de Long Beach, essas pessoas que estou encarregada de caçar são muito perigosas— Courtney começou a discursar— eles vivem entre nós a todo momento, trazendo risco para nossa população. Esses próximos três dias vocês serão testados, se não forem um dos que procuramos vão ser liberados logo após.

— reúnam-se na avenida principal— o repórter falou— vamos deixar nossa cidade a salvo. Logo após, imagem de uma possível liderante desse grupo.

  Quando o repórter parou de falar uma foto apareceu no canto da tela.

— pessoa perigosa, mantenha distância e chame as autoridades— Lorenzo leu a legenda abaixo da imagem com o meu rosto.

  É... Parece que eu sou uma criminosa procurada.
Com o meu rosto nos noticiários tudo vai ser mais difícil.

ANOITECER: os caçadores de lobisomens (1° Versão - Rascunho)Onde histórias criam vida. Descubra agora