ANOITECER: os caçadores de lobisomens (1° Versão - Rascunho)

15- o lobo e o caçador

  Lutamos bravamente. Lobos e caçadores contra um único monstro, quem diria que formaríamos um bom time.

— Katherine— Tyler me chamou— acerta os ombros dele.

  Tyler se abaixou a uma distância do gigante, ele está de costas para nós lutando contra os outros.
Eu corri e pisei nas costas de Tyler pegando impulso. Com minhas adagas, acertei os ombros do gigante mais ou menos na área do plexo braquial. Ele gritou de dor e me puxou pelos cabelos.
Eu fui jogada no chão com força, mas deu certo, consegui atingi-lo.

  Com a distração do gigante em tentar tirar as adagas, Cody conseguiu acerta-lo​. O bastão dele atravessou o abdômen daquele lobisomem grotesco.
Nesse momento, os irmãos Parker agiram. Vanessa e Alec seguraram os braços, Tyler deu um salto e segurou o pescoço do gigante tentando arrancar a cabeça do corpo, Lorenzo puxou o bastão e tornou a enfiar no pulmão esquerdo do lobisomem. Com isso ele caiu de joelhos.
Os olhos dos três irmãos brilharam e na mesma sequência Tyler arrancou a cabeça do gigante, seus dois irmãos arrancaram os braços.

  O sangue dele jorrou para todos os lados e sujou todos nós.
Tyler jogou a cabeça peluda no chão.

— ele vai voltar para a forma humana?— eu perguntei.

— não. O gigante não era uma coisa natural, a forma humana dele foi perdida há muito tempo— Ezequiel falou fitando o corpo no chão— nunca saberemos quem estava aí dentro.

  Voltamos para a escola, Alec e Cody ficaram para queimar o corpo do gigante.
Eu estou no banheiro feminino do colégio com Vanessa, estamos tentando limpar a metade do sangue.

  O banheiro está imundo, o baile deve ter sido bem divertido.

— valeu pela ajuda, Whittmore— Vanessa agradeceu— aquilo que eu disse sobre ficar longe do meu irmão... esquece.

— por que mudou de ideia?— questionei.

— você lutou conosco hoje. Provou que está do nosso lado— ela falou me encarando pelo espelho— mas isso não quer dizer que eu comecei a gostar de você.

— entendo.

— se cuida, Whittmore— Vanessa saiu do banheiro me deixando sozinha com meu reflexo.

  Eu limpei o sangue dos meus braços e das minhas adagas, depois peguei papel toalha e limpei o resto de maquiagem que havia no meu rosto.

  Quando saí do banheiro me deparei com Ezequiel encostado na parede.

— eu vou com você e Cody Kirby até o Arizona— ele declarou.

— e Samira?— perguntei e ele desviou o olhar.

— a ideia que Samira defende é: se não nos atinge, não vamos nos meter. Mas isso é diferente, isso afeta todos nós. Quando eu vi o gigante morto, com o olhar vazio eu pensei que poderia ser eu...— ele deu um longo suspiro— eu não posso me esconder, Katherine. Eu vou ir até a mansão dourada e vou ajuda-la a deter o projeto Leopardo.

— isso significa muito— eu dei um leve sorriso e Ezequiel retribuiu.

  Ele me acompanhou até o estacionamento, chegando lá se despediu e foi embora.

  Não havia mais nenhum carro, apenas Lorenzo.

— onde está o Cody?— eu perguntei a ele.

— já foi. Ele teve uma emergência.

— ok então— eu passei por Lorenzo e caminhei para fora do estacionamento.

  Ele veio atrás de mim, o que eu gostei e ao mesmo tempo odiei. Por que ele não facilita e me deixa esquecê-lo?

— preciso te dizer uma coisa— ele falou num tom que eu quase não ouvi.

  Eu continuei andando, se eu olhar para Lorenzo acho que eu posso chorar. Eu queria poder ser honesta e dizer que estou me apaixonando mesmo estando longe. Isso é tão injusto! Por que eu não posso apenas odia-lo?

— o meu pai queria que eu me aproximasse de você para descobrir mais sobre os acontecimentos dentro do instituto, para saber o que vocês sabiam... mas eu neguei o pedido dele.

— e por que se aproximou de mim?— inquiri.

— porque eu me sinto ligado a você, Katherine. Quando eu te vi pela primeira vez eu sentir que precisava de você— ele me puxou pelo braço me forçando a olhar para ele— e por favor, não diga que você também não sentiu isso. Eu sinto muito por ter escondido a verdade, mas eu fiz isso porque não queria te perder.

  Eu senti lágrimas brotarem em meus olhos.
Como é possível uma pessoa mexer com seus sentimentos em tão pouco tempo.
Por que diabos Lorenzo Parker consegue fazer isso?

— quando um lobo ama, ele ama de verdade. Se você não quiser ficar comigo, eu entendo, você é uma caçadora.

— esse é o problema, eu quero ficar com você— Lorenzo sorriu e me beijou.

  Eu não pude deixar de retribuir o beijo. Eu estou apaixonada por Lorenzo, mas sou orgulhosa demais para admitir.

— sobre eu ser caçadora...— ele se afastou o suficiente para eu poder falar— não se preocupe, eu não serei por muito mais tempo— Lorenzo fez uma expressão confusa— como eu posso ser caçadora num lugar tão injusto como o instituto? Eles sabem de alguma coisa, mas estão encobrindo. Como eu posso ficar num lugar assim?

— esse tempo que você ficar lá tome o máximo de cuidado, ninguém é confiável— Lorenzo falou preocupado— agora vamos, eu vou te levar para casa.

  No caminho para casa, Lorenzo me contou tudo que a família dele descobriu, o que não é nada que eu já não saiba.
Ele contou que o pai dele também resolveu se juntar as pessoas da mansão dourada e seguir investigando junto com Troy Auream.

  O celular de Lorenzo começou a tocar.

— alô?— ele atendeu e esperou a resposta, depois passou o celular para mim.

  Na tela do celular aparece apenas um número, o qual eu não lembro do dono.

— quem é?— eu perguntei com o celular no ouvido.

— oi, Kath, é o Cody. Eu liguei para o Enzo porque seu celular ficou no meu carro— ele falou com uma voz estranha— eu preciso de um favor.

— pode falar.

— posso dormir na sua casa hoje?— fiquei surpresa com o pedido de Cody— depois eu te explico o motivo.

— tudo bem. Me espera que eu já estou chegando— escutei um "OK" do outro lado da linha e desliguei o telefone.

  Entreguei o celular de volta a Lorenzo e ele o guardou no bolso.

— algum problema?

— não— eu respondi.

  Lorenzo me acompanhou até em casa. Quando chegamos, Cody estava sentado nos degraus da varanda.
Eu me despedi de Lorenzo e fui em direção ao garoto de olhos azuis.

— aqui— ele entregou meu celular e eu agradeci— valeu ter me deixado ficar.

— sem problemas— dei de ombros— só não faça barulho, Catelyn não pode me ver assim.

  Cody assentiu e entramos na minha casa na ponta dos pés.

  Ele ficou esperando no meu quarto até eu tomar um banho e depois me contou o que aconteceu.
Cody morava de aluguel em um apartamento que o instituto pagava, mas quando ele chegou lá havia uma placa na porta dizendo que ele não poderia mais ficar alí.

— será que eles desconfiam de algo?

— eu não sei. Mas o fato de Kirby ser meu sobrenome dificulta muito as coisas— Cody ficou cabisbaixo— minha família não é bem vista no instituto.

— eu sou sua amiga e não vou te deixar na mão, Cody. Dane-se o instituto e todos aqueles idiotas perfeitinhos.

  Eu abracei Cody e falei que tudo ficará bem, mesmo eu não tendo certeza disso.
Conversamos até tarde. Eu tenho que dizer, não sei o que seria de mim se tivesse afastado o Cody. Ele é simplesmente a melhor pessoa que eu conheci no instituto. Ele é verdadeiro.